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Zenfone Max Pro M2 traz superbateria, mas não espere muito além disso

Rodrigo Trindade

De Tilt, em São Paulo

02/10/2019 04h00

A maioria dos celulares que lança hoje em dia tem bateria para um dia inteiro, mas se você precisa de mais do que isso, não há tantas alternativas. O Zenfone Max Pro M2 talvez seja o expoente dessa característica neste ano, especialmente entre os celulares da categoria intermediário premium.

Lançado no meio de setembro e custando a partir de R$ 1.529, o smartphone da Asus carrega a bandeira de uma bateria duradoura acima de tudo, envelopada em um design moderno e um manuseio confortável, apesar do tamanho do aparelho. Se isso é o que você procura em um celular, pode colocar o Zenfone Max Pro M2 no seu radar.

Entretanto, as demais características do modelo estão apenas na média, quando não abaixo, se compararmos com aparelhos concorrentes. Antes de falar desses problemas que notei em mais de uma semana usando o celular da Asus, gostaria de falar do que me agradou.

Em seu texto de lançamento, a Asus afirmou que a bateria de 5.000 mAh do Zenfone Max Pro M2 aguentaria 19 horas seguidas de vídeo ou até 35 dias ligado sem que você mexesse no aparelho. São números impressionantes, mas ninguém usa o celular desse jeito.

Ainda assim, minha experiência com ele mostrou que essa bateria é realmente duradoura. O principal exemplo que eu dou para isso foi meu primeiro fim de semana com o Zenfone Max Pro M2.

Coloquei o celular para carregar enquanto dormia de sexta para sábado, tirando ele da tomada por volta das 7h30. Tive um uso moderado durante sábado e domingo, mas quis ver até onde a carga aguentava. A resposta? Segunda-feira, por volta das 11h.

Entre todos os celulares que usei neste ano, somente o Samsung Galaxy A70 chegou perto disso, aguentando um dia e meio longe da tomada. Esse resultado não é páreo para o Zenfone Max Pro M2, que superou 48 horas completas ligado acompanhando minhas andanças.

Em dias de semana, era raro ver a bateria estar com menos de metade da carga quando eu estava para dormir, mesmo quando meu uso foi intenso. Nestes casos, o comum era ficar com a bateria na casa dos 40%.

Se o Max Pro M2 demora para descarregar, o carregamento foi dos mais lentos que registramos neste ano. Apenas LG K12+ e K12 Max levaram mais tempo para sair de 0 a 100% de carga entre todos os celulares que Tilt testou em 2019.

Se eu gostei bastante da bateria do Max Pro M2, não posso dizer o mesmo sobre a tela dele. Ela é grande, de 6,26 polegadas, com resolução Full HD+ —padrão para celulares da atualidade— e dá conta do recado quando você vai assistir sua série na Netflix ou acompanhar os vídeos do seu youtuber favorito.

Agora, no uso na vertical, o recurso de brilho adaptável, que funcionou bem em todos os celulares de 2019 que eu havia testado até então, me incomodou demais. Era recorrente pegar o celular, destravá-lo com a digital e a tela estar muito escura para o ambiente em que eu estava, fosse ele com iluminação artificial ou do sol, na rua.

A única circunstância em que isso não atrapalhou foi em locais escuros, mas isso é o mínimo. Pela minha experiência, este é um problema de software, não de capacidade do celular ou da tela dele, que é a mesma do Zenfone 5 em tamanho, resolução e design.

Ao abrir o controle do brilho e aumentar manualmente, eu conseguia resolver esse desequilíbrio e deixar a visibilidade confortável, mas este é um passo extra que não precisei fazer com nenhum outro aparelho.

Outra questão que me intrigou foi o desempenho, que em geral foi bom. Não notei lentidão no uso dos aplicativos normais do dia a dia, que no meu caso eram WhatsApp, Twitter, o navegador Firefox, Spotify, Waze e Pokémon Go.

A única situação que eu notei que o Max Pro M2 teve alguma dificuldade no processamento foi no jogo Pokémon Masters, que exige a renderização de múltiplos objetos em 3D mais complexos. Da perspectiva de quem costuma a notar diferenças na performance de jogos, percebi que houve uma queda na taxa de quadros por segundo, mas isso não atrapalhou minha jogatina.

O que me incomodou, em mais de uma ocasião, foi quando a tela do celular parou de responder aos toques dentro de aplicativos. Do Twitter à câmera, houve pelo menos três ocasiões em que meus comandos não foram registrados, fosse nos cliques em botões da aplicação que estivesse aberta ou nos botões do Android.

Assim como a questão do brilho adaptável, essa chatice tinha uma solução rápida: travar a tela e destravá-la. Se tem um lado positivo, pelo menos não ocorreu uma travada generalizada, que forçasse uma reinicialização do aparelho.

Ainda assim, foi um problema que eu não tive com o Moto G7 Plus, celular que foi lançado por um preço parecido (e já pode ser encontrado por bem menos), ou mesmo com o K12 Max (mais barato), que teve seus momentos de lentidão, mas sem travadas.

O Zenfone Max Pro M2 conta com câmera traseira dupla com um sensor principal de 12 MP e um de profundidade de 5 MP. Em condições ideais (ou quase) de iluminação e movimento, ela é capaz de tirar ótimas fotos, com direito a desfoques automáticos mesmo sem acionar o modo retrato. Foi o caso dessa foto:

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Essa foi a foto que mostrou o melhor da câmera principal do Max Pro M2
Imagem: Rodrigo Trindade/UOL

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Com luz à disposição, câmera principal tira boas fotos
Imagem: Rodrigo Trindade/UOL

Ela também possui recursos de inteligência artificial para reconhecimento de cenários. Estes estão acionados automaticamente e não podem ser desligados, como é o caso dos últimos intermediários da LG. Por conta disso, não é possível diferenciar como uma foto ficaria com ou sem a correção da IA, mas percebi o recurso ativado ao tirar fotos do meu cachorro, de textos, de um céu nublado ou com pôr do sol.

Quando o ambiente tem boa luz natural ou artificial, as fotos que tirei ficaram boas, especialmente quando os objetos estavam próximos. Isso valeu até para uma foto que tirei durante a noite, mas com a ajuda da luz de um poste de rua.

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Que tal essa foto noturna?
Imagem: Rodrigo Trindade/UOL

Com o modo retrato acionado, fosse o da câmera traseira ou da frontal (de 12 MP), o celular realizou o efeito de desfoque com precisão, bem nos contornos dos objetos retratados.

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Selfie com modo retrato tirada com o Zenfone Max Pro M2 teve bom resultado
Imagem: Rodrigo Trindade/UOL

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Câmera traseira desfocou bem o fundo nessa foto com o modo retrato
Imagem: Rodrigo Trindade/UOL

A câmera frontal também me causou uma impressão melhor do que a do Galaxy A70 e a do Motorola One Action, dois celulares um pouco mais caros. Ao tirar selfies, a estabilização das imagens foi melhor com o Zenfone Max Pro M2.

O desempenho da câmera de selfie foi satisfatório no escuro, mas não posso dizer o mesmo para a câmera principal. Na falta de luz, as fotos ficaram embaçadas, granuladas e tremidas. É natural que as imagens fiquem piores quando a iluminação não é boa, mas o resultado do que fotografei nessas condições foi inferior em relação ao K12 Max.

1- Max Pro M2 - Rodrigo Trindade/UOL - Rodrigo Trindade/UOL
No escuro, celular tem problema para equilibrar focos de claridade
Imagem: Rodrigo Trindade/UOL

2- Max Pro M2 - Rodrigo Trindade/UOL - Rodrigo Trindade/UOL
Imagens perdem bastante qualidade com menos luz
Imagem: Rodrigo Trindade/UOL

3- Max Pro M2 - Rodrigo Trindade/UOL - Rodrigo Trindade/UOL
Não espere muitos detalhes em fotos noturnas
Imagem: Rodrigo Trindade/UOL

Fora a bateria, o design do Zenfone Max Pro M2 é outra característica do celular que se destacou. O modelo que utilizei foi o da cor titânio, que passa a impressão de que a traseira do aparelho é um espelho, mas sem o reflexo. É um visual moderno que combina com as laterais e o posicionamento do sensor de digital e da câmera traseira, localizados no centro e no canto superior esquerdo, respectivamente.

Na frente, o smartphone repete a aparência do Zenfone 5: discretas bordas laterais, uma borda inferior um pouco avantajada e um entalhe de tamanho médio no topo. O entalhe é o que chama mais a atenção, pois não é tão grande quanto o adotado pela Apple a partir do iPhone X, mas maior do que as "gotas" ou "furos na tela" de diversos celulares desse ano.

Entre todas as soluções, a que mais me agrada segue sendo o furo na tela, mas esse entalhe no "meio termo" viria em segundo lugar.

O corpo do celular me surpreendeu, pois ele parece mais pesado do que é. Isso significou um uso confortável apesar do tamanho do aparelho, que é grande como a maioria de seus concorrentes —para a tristeza de quem, como eu, prefere modelos menores.

Chegou a hora da verdade: vale a pena desembolsar pelo menos R$ 1.529 pelo Zenfone Max Pro M2? Neste momento, a não ser que você busque um celular que aguente dois dias longe da tomada, eu não recomendaria. Quando o preço cair daqui alguns meses ele passa a ser uma opção mais atrativa, mas ainda assim condicionada a quem busca aparelhos com bastante bateria.

Por um valor próximo do preço de lançamento do novo celular da Asus é possível comprar aparelhos mais completos, como o Galaxy A70 (R$ 1.614*) e o Motorola One Vision (R$ 1.469*). Gastando menos você pode comprar um Moto G7 Plus (R$ 1.074*) ou um Redmi Note 7 (R$ 956*), outros dois smartphones que lançaram custando mais que o Max Pro M2 e só perdem bateria entre as especificações técnicas.

  • Tela: LCD de 6,26 polegadas, Full HD+ (2280 x 1080)
  • Sistema operacional: Android 8.1
  • Processador: Snapdragon 660 (2.2 GHz)
  • Memória: 64 ou 128 GB de armazenamento e 4 GB de RAM
  • Câmeras: 12 MP, e 5 MP (traseira) e 12 MP (Frontal)
  • Bateria: 5.000 mAh
  • Dimensões e peso: 157,9 x 75,5 x 8,5 mm e 175 gramas
  • Pontos positivos: Bateria duradoura e design
  • Pontos negativos: Brilho adaptável e desempenho instável

*Valores retirados do Shopping UOL em 23/09/2019