Com fibra de banana: jovem é premiada por inovar o conceito do absorvente
Resumo da notícia
- Rafaella De Bona criou um absorvente diferente para ajudar mulheres em situação de rua
- O diferencial é que ele é feito de fibra de banana, um material biodegradável e não poluente
- Pela inovação, ela foi premiada em um dos concursos mais importantes de design no mundo
Maria. Nome mais brasileiro, impossível. E por isso foi escolhido pela paranaense Rafaella De Bona, 22, para intitular sua criação: absorventes sustentáveis para mulheres em situação de rua. A inovação por trás da iniciativa é o uso da fibra de banana na sua produção.
O custo seria baixo, não poluiria o meio ambiente e facilitaria a vida de muitas mulheres em situação de rua, que acabam usando jornal e pedaços de tecido para absorver a menstruação. É difícil elas usarem coletor menstrual por não terem como descartar o sangue.
"O absorvente comum tem plástico, polui o meio ambiente. A fibra da banana é material orgânico, biodegradável, e ajudaria [o meio ambiente] nisso", contou a jovem estudante de design de produto da UFPR (Universidade Federal do Paraná) ao Tilt.
A ideia da estudante tem sido tão bem recebida que o conceito do absorvente foi premiado pelo concurso alemão IF Design Talent, um dos mais importantes do mundo. A brasileira foi a única representante do país a vencer nesta edição.
"Eu ainda nem estou acreditando. Nem imaginava tudo isso. Fico feliz com as pessoas percebendo o problema. Porque a higiene menstrual tinha que ser um direito, e não um privilégio", ressaltou.
A estudante foi homenageada e premiada nesta sexta-feira (11) pela iniciativa "Mude o Mundo Como uma Menina", premiação criada pelo Força Meninas, negócio de impacto social que visa capacitar garotas e adolescentes a desenvolverem suas habilidades, com patrocínio do Banco Original.
Como a ideia surgiu?
A jovem brinca que o gosto pelo design foi amor à primeira vista já nas primeiras aulas do curso da graduação. Mas o caminho até ali foi cheio de nuances.
Durante o ensino médio, ela chegou a concluir o técnico em mecânica no Instituto Federal do Paraná. Em seguida, ficou em dúvida entre ir para o universo do design ou cursar engenharia. Mas, por se considerar péssima em desenho, acabou optando pela segunda área.
De Bona até achou que fazer a faculdade de engenharia faria parte de seu futuro. Mas algo a incomodava. Escondida dos pais, ela prestou vestibular para o curso de design de produto e foi aprovada na UFPR.
"Fiz dois anos de engenharia e vi que aquilo não era para mim. Sentia falta de um maior contato com as pessoas", contou De Bona ao Tilt.
Já na graduação que queria, a jovem sentiu necessidade de fazer cursos extras para se aprofundar na área. Foi então que encontrou um curso de design focado em desenvolver soluções de impacto para o futuro.
Quando chegou na fase do Trabalho de Conclusão de Curso, precisou escolher um dos 17 objetivos da ONU (Organização das Nações Unidas) para o desenvolvimento sustentável.
"Escolhi o primeiro, que é a erradicação da pobreza em todos os lugares e de todas as formas. Quis fazer algo para Curitiba, e pesquisando sobre o tema, escolhi sobre as pessoas em situação de rua", lembrou De Bona.
Pesquisando mais e mais encontrei os problemas que só cabem às mulheres em situação de rua. E um deles foi a pobreza menstrual. Isso me chocou muito, pois eu menstruo todo mês e nunca parei para pensar em como essas mulheres se viram
Rafaella De Bona
Depois de muita pesquisa e de ouvir relatos, a estudante desenvolveu o absorvente orgânico Maria, que é feito com a fibra de banana. Uma de suas inspirações foram estudos na Índia que usam o mesmo material para ajudar mulheres em vulnerabilidade social.
Por enquanto, o absorvente sustentável é um conceito premiado. Mas De Bona torce para que ele saia de fato do papel e que o primeiro protótipo consiga começar a ser testado. O desejo da jovem que é governos distribuam a inovação gratuitamente para quem precisa.
"Estou estudando como posso fazer isso ainda. Mas fico feliz. E me deu aquela certeza de que escolhi o caminho certo, que eu não estava louca saindo da engenharia", brincou a jovem.
Para a universitária, ganhar o prêmio internacional de design e ser homenageada pelo Força Meninas é a prova de que as garotas têm capacidade. "Às vezes as pessoas desconfiam da gente por ser mulher, por ser nova. Mas isso é esfregar na cara dessas pessoas."
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