Hashtag em apoio a Bolsonaro contou com pornografia e perfis suspeitos
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro demonstraram confiança no mandatário ao lançar a hashtag #BolsonaroEstamosContigo no Twitter na sexta-feira (18), que alcançou até um posto entre os Trending Topics mundiais. Só tinha um problema: parte dos tuítes continha links para conteúdo adulto.
Alguns usuários estavam usando a hashtag para espalhar links com a URLs de origem suspeita "xvide0xxx.xxviz.com". Ao clicar nos links, as pessoas eram direcionadas para vídeos de pornografia que não tinham qualquer relação com o tema principal.
De acordo com Emilio Simoni, diretor de segurança digital da Dfndr Lab, laboratório da empresa brasileira PSafe, não foi identificada nenhuma característica maliciosa nos perfis —ou seja, com vírus. Seria apenas uma estratégia de divulgação da tag por meio de conteúdos adultos.
E são bots?
Chama-se bot o seguidor falso de rede social, criado por um computador para soltar e interagir com postagens de forma pré-programada.
Alguns dos perfis do Twitter que compartilharam os links e a hashtag pró Bolsonaro seguiam de fato o padrão de bots. A ausência de foto identificando o usuário e o uso de uma língua estrangeira com conteúdos (frases e emojis) desconexos dão pistas disso.
Pelo menos os três perfis de Twitter citados na imagem vista acima —@ikennminimmaaus, @Hyjiop e @KuruBela99— provavelmente eram bots mesmo.
Enquanto esta notícia era produzida, as três contas foram suspeitas por violarem as regras da rede social.
Essas regras, entre outros pontos, incluem o seguinte: "não é permitido assumir a identidade de indivíduos, grupos ou organizações com a intenção de iludir, confundir ou enganar".
Estratégias de divulgação política, em grande parte, têm contado com a influência e trabalho dos bots. Somente no ano passado, o Twitter apagou cerca de 70 milhões de contas falsas ou suspeitas.
No início do ano, internautas usaram a ferramenta Fake Followers Audit, capaz de rastrear perfis falsos e inativos, para fazer a análise do Twitter de Bolsonaro, que na época contava com mais de 4 milhões de seguidores —atualmente este número subiu para 5,2 milhões. Na ocasião, os resultados mostraram que 60,9% eram contas suspeitas, o equivalente a 2.516,985 milhões.
Tilt confirmou os números apresentados, assim como outras amostras: dos dois mil seguidores analisados, 59% não falavam português, 61% eram perfis criados nos últimos 90 dias e 18% mal contavam com fotos, ilustrando apenas o "ovinho" padrão da rede social.
Esse número, no entanto, não se restringe somente a Bolsonaro. Quando feita a análise da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), 47.1% de seus seguidores eram robôs. No caso de Fernando Haddad (PT), candidato em 2018, o número foi de 48.4%.
Fake news
Na primeira semana do mês de outubro, durante evento de jornalismo realizado na Colômbia, o WhatsApp confirmou, pela primeira vez, que empresas contrataram o envio em massa de notícias falsas no período das eleições presidenciais de 2018.
Também no ano passado, o jornal Folha de S. Paulo e o UOL revelaram, em uma série de reportagens, a contratação de empresas de marketing que faziam o envio em massa de mensagens políticas, fraudando CPFs de idosos e também contratando agências estrangeiras.
Atenção aos perfis online
Um exército de bots pode manipular uma audiência específica. Para identificá-los, é importante atentar a alguns sinais.
Muitos deles não apresentam fotos, links ou qualquer informação sobre sua pessoa —e quando apresentam, geralmente são imagens roubadas da internet e nomes gerados automaticamente.
Além disso, muitas vezes a escrita é muito engessada, com repetições, não compreendendo gírias e textos mais complexos.
Se o perfil é muito "obcecado" por tal assunto, também consta como um sinal, já que são criados com um objetivo e a ordem é cumpri-lo à risca —ou seja, costumam tuitar inúmeras vezes a mesma hashtag.
Navegação segura
Segundo uma cartilha do CERT.br, o Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil, devemos seguir as seguintes dicas.
- A instalação de um antivírus na sua máquina é essencial. Pode protegê-lo ao acessar um site desconhecido ou baixar um arquivo recebido por e-mail
- Sempre atualize os seus softwares, principalmente os de segurança
- Evite programas piratas e o download de softwares ilegais, que podem inserir conteúdo nocivo ao computador
- Saiba mais sobre recursos de segurança dos programas e do sistema operacional. Por exemplo, no Firefox é possível definir uma 'senha mestra' para liberar todas as outras armazenadas na memória do computador.
- Cuidado com o que você clica. Só abra o que for confiável. Ao desconfiar de um e-mail, mesmo enviado por um conhecido, não abra. O remetente pode ter sido falsificado.
- Tome cuidado com as extensões ocultas. Abrir um documento pelo Word, por exemplo, pode te fazer confundir o arquivo "texto.scr" [extensão geralmente associada a vírus] renomeado para "texto.scr.txt".
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