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Gorilla Glass é indestrutível? Veja como o supervidro protege seu celular

Rodrigo Lara

Colaboração para Tilt, em São Paulo

24/10/2019 04h00

Se você comprou um smartphone recentemente e teve a curiosidade de olhar as especificações do aparelho, provavelmente encontrou o nome Gorilla Glass. Trata-se de um tipo de vidro desenvolvido pela empresa norte-americana Corning e que tem como aplicação mais conhecida o revestimento de telas e corpo de smartphones.

Basicamente o que ele faz é diminuir as chances do aparelho se espatifar ao cair no chão ou de ter a tela riscada ao colocar no bolso, ainda que o seu uso não signifique que o smartphone esteja imune a danos do tipo.

O Gorilla Glass ganhou fama com o lançamento do primeiro iPhone, em 2007. Na ocasião, Steve Jobs encomendou junto à Corning a criação de um vidro quimicamente fortalecido com 1,3 mm de espessura. A empresa, que já havia pesquisado nos anos 1960 um vidro do tipo, reviveu o projeto e, em um intervalo de menos de seis meses, produziu 40 mil metros quadrados da primeira versão do Gorilla Glass.

O Gorilla Glass utiliza um processo de fabricação chamado de fusão, que evita que a superfície do vidro entre em contato qualquer impureza. Isso evita que o vidro em si tenha imperfeições em sua superfície, algo indesejado para aplicações como o uso em smartphones.

É algo que o diferencia dos vidros convencionais, que são produzidos sobre um banho de estanho. Isso deixa a superfície com pequenas imperfeições.

Ele é um vidro de aluminossilicato —composto de átomos de alumínio, silício e oxigênio— que passa por um processo de reforço por meio de produtos químicos. Aqui ele se diferencia dos vidros temperados comuns, cujo processo de fortificação usa o calor para tornar o vidro mais resistente.

O banho químico utiliza sais de potássio em alta temperatura. No processo, há a chamada troca iônica, quando os íons de potássio penetram na superfície do vidro, deslocam moléculas de sódio lá presentes e criam uma camada de compressão na superfície do material quando ele esfria. Isso aumenta a resistência a impacto e riscos.

O Gorilla Glass é indestrutível?

Não. O que esse tipo de vidro —e outros como o vidro safira, que é usado na superfície de relógios— faz é diminuir a chance de danos em determinadas situações. De acordo com a Corning, o recente Gorilla Glass 6, que equipa o Samsung Galaxy S10 e outros, sobreviveu a quedas de um metro por 15 vezes em testes da empresa.

Por outro lado, a imprevisibilidade da vida real pode fazer com que o vidro se quebre em uma primeira queda. Tudo depende do ângulo, da velocidade de queda e, claro, da altura do tombo. Sendo assim, a melhor forma de não quebrar um celular ainda continua sendo não derrubá-lo.

O Gorilla Glass é um vidro blindado?

Não. Se fôssemos enquadrar esse tipo de vidro em uma categoria, a mais próxima seria a de vidros temperados.

Vidros blindados são feitos em camadas que alternam vidro e policarbonato, de maneira a resistir a impactos —em especial o de projéteis. Já vidros temperados são reforçados por meio de processos de têmpera, que podem utilizar calor ou substâncias químicas.

O vidro precisa ser mais grosso para ser mais resistente?

Não necessariamente. No caso do Gorilla Glass, versões mais atuais chegam a ter 0,5 mm de espessura, contra cerca de 2 mm do vidro comum. A resistência tem mais a ver com o tratamento do vidro do que com a sua espessura.

O Gorilla Glass é reciclável?

Sim. O processo é similar ao de vidros comuns e, após ser moído, esse vidro é reutilizado em outras aplicações.

Toda quinta, Tilt mostra que há tecnologia por trás de (quase) tudo que nos rodeia. Tem dúvida de algum objeto? Mande para a gente que vamos investigar.

Fonte: Anis Fadul, Diretor de Marketing e Planejamento Estratégico da Corning

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