Vale a pena investir em um smartphone top de linha de dois anos atrás?
Você se lembra de 2017, quando os celulares top de linha Galaxy S8 e iPhone 8 estavam em alta? Provavelmente você se interessou por algum deles, mas voltou atrás ao ver que custavam na casa dos R$ 4.000. Dois anos depois, a história é outra: um Galaxy S8 custa cerca de R$ 1.900, e um iPhone 8, R$ 2.500. E agora? Vale a pena investir neles?
A resposta curta é: depende. Há alguns fatores a se considerar nesta pergunta, como o fator custo-benefício na comparação com modelos novos, a defasagem de software, a desvalorização e a ausência de recursos mais novos.
O lado ruim: superação técnica
Uma pergunta comum a quem quer tentar essa saída é: um top de linha de dois anos de idade está defasado demais? Ainda que o mercado não tenha visto revoluções nesses últimos dois anos —soluções como tela dobrável e 5G ainda estão longe de se popularizarem—, houve, sim, evolução em diversos aspectos dos aparelhos.
No último ano e meio, as fabricantes optaram por colocar mais inovação nas linhas intermediárias —algo que tradicionalmente ocorria nos tops de linha. Como exemplos a Samsung estreou câmera tripla na linha A antes da linhas top S e Note, e a Motorola usa a linha One como um laboratório de design e câmeras.
"O risco, neste caso, é o comprador levar para casa um aparelho que acabou sendo superado até por smartphones de categoria inferior em determinadas funções", explica Renato Meireles, analista de mercado de celulares da IDC Brasil.
Ao compararmos o Galaxy S8 de 2017 com o Galaxy A70 de 2019, o antigo top de linha perde em categorias bem "mundanas", como capacidade da bateria (3.000 mAh x 4.500 mAh), armazenamento (64 GB x 128 GB) tamanho de tela (5,8 x 6,7 polegadas) e em alguns recursos de câmera - a do A70 é tripla, enquanto a do S8 é única.
Essas são características valorizadas pelos consumidores. De acordo com dados do IDC, há dois anos questões como preço e marca lideravam a lista de relevância para quem ia comprar um aparelho novo. Hoje, os três itens mais relevantes são memória interna, câmera dupla na traseira e tamanho da tela.
Parte desse comportamento é justificado por um mercado mais maduro. "Por volta de 80% dos consumidores brasileiros já teve pelo menos três celulares. Então é um consumidor que tem uma noção mais exata de quais características ele busca no aparelho", explica Meireles.
Isso também vale para os iPhones. Mesmo sendo aparelhos com vida útil mais longa do que os rivais Android, algumas soluções de peso como a tela "infinita" só chegaram em modelos recentes dos aparelhos da Apple. O iPhone 8 de 2017 hoje parece um aparelho de outra era se comparado com o iPhone XR do ano passado, com tela, bateria e câmera bem melhores.
Custando R$ 3.999 no Brasil, o iPhone 8 Plus é uma opção similar ao iPhone XR, que é R$ 300 mais caro (R$ 4.299) e traz câmera simples, em vez da dupla do 8 Plus. Mas o XR também manda bem no modo retrato, que é o que os usuários do iPhone mais valorizam no aparelho. Além disso, tem uma tela maior que o 8 Plus (6,1 x 5,5 polegadas).
O lado bom: a defasagem é relativa
Apesar do que dissemos acima, um ponto a ser considerado é o quão defasado um top de linha, de fato, é. Mesmo sem alguns recursos mais chamativos, "debaixo do capô" eles ainda têm algo a oferecer.
Os aparelhos top de linha, mesmo que lançados há alguns anos, costumam contar com uma tecnologia de ponta que dificilmente fica defasada em pouco tempo. Muitos fabricantes lançam aparelhos novos com especificações muito próximas do modelo anterior
Danilo Martins, sócio-diretor da Yesfurbe, empresa que remanufatura celulares
Normalmente a ficha técnica de um smartphone desta categoria —principalmente seus processadores— só terá um desequilíbrio notável em relação a aparelhos novos se houver quatro ou mais anos de diferença. Em bom português, um Galaxy S8 ou iPhone 8 rodarão WhatsApp e games tão bem quanto qualquer intermediário recente com especificações parecidas.
Outro ponto a ser levado em conta é o plano de atualização de cada fabricante para o seu sistema operacional. E aqui os tops velhos Android saem perdendo. Por exemplo, tanto o Galaxy S8, tanto ele quanto o Note 8 não devem ser atualizados para o Android 10. Já do lado da Apple, isso é mais tranquilo: o recente iOS 13 chegou para aparelhos do iPhone 6S (de 2015) em diante.
Quem quer levar para casa um celular top de linha gastando menos também pode optar por modelos remanufaturados —isto é, usados que foram recuperados por empresas do ramo. Esse é um mercado aquecido no Brasil: segundo a IDC, 392 mil aparelhos foram refabricados em 2018, e 637 mil em 2019. A economia, segundo Martins, pode ser entre 30% e 60% em relação a um modelo novo.
Evite o preço de lançamento, sempre
Esteja você considerando ou não a compra de um top de linha antigo, uma coisa é certa: comprar um aparelho top já no lançamento não é uma boa ideia para o seu bolso.
Segundo um levantamento do portal Zoom, o Samsung Galaxy S9 podia ser encontrado após seis meses do lançamento por preços em torno de R$ 2.600. O iPhone XR, que começou em R$ 5.199, chegou a R$ 3.600 em maio de 2019. A desvalorização pode continuar, mas chega a um "teto" depois de um tempo.
No final, a decisão vai depender um pouco do seu perfil de usuário e de eventuais promoções de queima de estoque. Se você encontrar um celular top de linha de 2017 por um preço muito abaixo dos intermediários premium de atualmente —hoje na casa dos R$ 2.400 —pode vir a ser uma boa compra.
Se você tem um perfil que quer estar mais atualizado com a tecnologia, o melhor é ou um top de linha do ano passado, ou comprar mesmo um intermediário deste ano. No último caso, vale esperar alguns meses após o lançamento para o preço baixar. Ou seja: controlar a ansiedade, por si só, já é uma boa forma de preservar o bolso.
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