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Aos 18 anos, superatleta das ciências tem 34 medalhas e incentiva garotas

A estudante Mariana foi vencedora do prêmio Força Meninas, iniciativa que visa capacitar jovens a desenvolverem suas habilidades - Divulgação/Prêmio Força Meninas
A estudante Mariana foi vencedora do prêmio Força Meninas, iniciativa que visa capacitar jovens a desenvolverem suas habilidades Imagem: Divulgação/Prêmio Força Meninas

Bruna Souza Cruz

De Tilt, em São Paulo

17/11/2019 04h00

Sem tempo, irmão

  • A gaúcha Mariana Groff é uma verdadeira campeã das exatas e das ciências
  • Ela foi a 1ª brasileira a levar ouro na Olimpíada Europeia de Matemática para meninas
  • Quando mais nova, criou um projeto para estimular a participação de garotas nessas competições
  • O sonho da jovem é estudar nos Estados Unidos e fazer faculdade na área de tecnologia

No auge de seus 18 anos, a gaúcha Mariana Bigolin Groff é uma superatleta de competições nas áreas das ciências exatas. A jovem já coleciona 34 medalhas de ouro, prata e bronze em olimpíadas de matemática, astronomia, física, informática e química. Achou muito? Tem mais.

Neste ano, a gaúcha de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, foi a primeira brasileira a levar ouro na Olimpíada Europeia de Matemática para meninas, que aconteceu em Kiev, Ucrânia, em abril. Das 34 medalhas, 28 são nacionais e seis são internacionais —fico imaginando a parede da casa dela recheada de tantos prêmios.

Mas quem olha essa trajetória brilhante talvez não imagine as dificuldades enfrentadas por Mariana. E que ela quase desistiu pelo simples fato de ser uma garota.

Durante o 7º ano do ensino fundamental, aos 12 anos, participou da primeira competição, a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas). Quando estava no ensino médio, sentiu a desigualdade de gênero mais presente. A sensação de não pertencer ao ambiente das competições, predominantemente composto por meninos, a deixavam triste.

Eu ia para os treinamentos de matemática e sempre ficava sozinha no quarto porque não tinha outra menina. Aquilo me incomodava demais. Eu sentia que não estava no lugar certo, que eu só podia ser doida de continuar num ambiente em que nenhuma outra menina quer ficar
Mariana Bigolin Groff

Presa a essa verdade e querendo mudanças, a jovem criou com sua mãe o projeto Meninas Olímpicas quando tinha 15 anos. A iniciativa visava a incentivar garotas a participarem mais das competições escolares, principalmente de matemática.

"A gente criou uma página no Facebook com várias histórias de meninas que participaram de olimpíadas no passado. A gente falava um pouco sobre o quão problemáticas eram as olimpíadas não terem tantas presenças femininas", acrescentou.

No início, o projeto envolvia mais a divulgação de exemplos inspiradores. Ele foi amadurecendo e passou a oferecer mentorias para jovens meninas que desejavam participar de competições internacionais. Tudo voluntário e feito por ex-estudantes olímpicas.

Hoje, Mariana fica feliz ao dizer que as coisas estão mudando. Mais garotas têm participado de competições e estão acreditando que também são capazes, embora esse número ainda não seja tão expressivo.

"Para mim é importante passar para as meninas que o lugar delas é nas olimpíadas. Eu sinto que a participação delas aumentou. Hoje não há mais um treinamento em que só tenha uma garota", ressaltou.

Calcule como uma garota

Mariana atualmente está determinada a ser aprovada em uma universidade nos Estados Unidos. O curso ainda não está muito claro, mas será dentro da tecnologia. A neurociência computacional é um dos campos que está em seu radar.

Para ela, não tem muito como fugir disso. Além de gostar de ciência desde que tinha 10 anos, a matemática se tornou algo muito presente.

"Minha mãe me incentivava muito a aprender coisas sobre o universo, as galáxias. Eu adoro estudar matemática e ver que meu pensamento está evoluindo. Já tenho muita experiência com exatas. Dá para fazer algo de impacto [no mundo]", comentou sobre os planos futuros.

Nem a mudança de país em caso de aprovação seria um problema para ela. Por conta das competições e de bolsas de estudos que foi ganhando pelo caminho, a jovem deixou a cidade em que nasceu, e sua família, para estudar em São Paulo (com 15 anos) e Fortaleza (com 17 anos).

Diante de todo esse histórico, Mariana recebeu em outubro o prêmio na categoria pioneira pela iniciativa "Mude o Mundo Como uma Menina", criada pelo Força Meninas, negócio de impacto social que visa a capacitar garotas e adolescentes a desenvolverem suas habilidades, com patrocínio do Banco Original.

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