Como os smartphones acabaram com a indústria das câmeras
Resumo da notícia
- Câmeras digitais foram de 121 milhões de vendas para só 19 milhões em 8 anos
- Portabilidade do smartphone é uma das maiores razões para a preferência do público
- Facilidade de uso, conectividade e redes sociais também pesam a favor do celular
Você deve lembrar quando a fotografia digital era um recurso de luxo dominado por uma elite: os donos de caríssimas câmeras digitais e profissionais, grandes e com lentes pesadas. Mas nos últimos anos sabemos que foram os smartphones a tornar a foto digital realidade popular, e o encolhimento do mercado de câmeras digitais foi inevitável.
De acordo com a CIPA —Camera & Imaging Products Association, grupo japonês formado por membros como Nikon, Canon e Olympus— as câmeras digitais foram do seu auge de 121 milhões de unidades vendidas em 2010 para só 19 milhões em 2018. Isso é uma queda de 84% em apenas oito anos.
Em comparação, foram vendidas 332,2 milhões de smartphones no mundo todo só no segundo trimestre de 2019, segundo a consultoria IDC. Só no Brasil, são 230 milhões de milhões de smartphones atualmente em uso, segundo a Fundação Getúlio Vargas.
Para Fabrício Habib, gerente geral de celulares da LG no Brasil, a primeira razão para a substituição das câmeras digitais pelos smartphones é a portabilidade. "A câmera de um smartphone traz praticidade e facilidade no manuseio, além de caber facilmente no bolso, podendo ser utilizada para registrar qualquer momento", diz.
De acordo com Renato Murari, analista de mercado em celulares da IDC Brasil, a melhoria de qualidade das câmeras de smartphone também influenciaram bastante neste panorama. "Neste ano de 2019, já é possível encontrar inteligência artificial atribuída ao processador e à própria câmera, o que melhora a trepidação e a resolução de imagem", diz.
Ainda assim há quem diga que há espaço para todos. "Os smartphones são aparelhos multiuso e contam com diversas funcionalidades. Apesar disso, eles não anulam a utilização das câmeras digitais, e o que vemos são consumidores simultâneos dos dois produtos, que utilizam os celulares no dia a dia e as câmeras em ocasiões especiais, viagens e eventos profissionais", diz Emerson Stein, diretor de Divisão de Imagem da Fujifilm, uma das maiores fabricantes de câmeras digitais do mundo.
Presente em mais de 120 países nos quatro continentes, a japonesa Fujifilm lançou uma das primeiras câmeras fotográficas instantâneas no mundo, a Fotorama, em 1981. No Brasil, a empresa instalou duas fábricas, uma em Manaus e outra em Caçapava, que fechou em 2006.
Por que as pessoas amam câmeras de smartphones?
Facilidade de uso
Enquanto fotógrafos profissionais preferem as câmeras e as lentes sofisticadas para terem resultados de alta qualidade, os consumidores em geral conseguem, com um smartphone, tirar fotos com uma qualidade que atende facilmente às suas expectativas do dia a dia e que até as superam.
Smartphones recentes como o Galaxy Note 10+, da Samsung, e o iPhone 11 Pro, da Apple, contam com três câmeras na parte traseira. O da Samsung tira fotos com iluminação automática em ambientes com pouca luz, e uma lente chega a 123° de ângulo de visão. Já o iPhone 11 Pro tem visão de 120°, e refina sombras e luzes para corrigir imperfeições no primeiro plano.
O Xiaomi Mi Note 10 terá uma câmera com resolução recorde de 108 MP, e o Galaxy S10+ conta com duas câmeras frontais. E tudo indica que as fabricantes continuarão investindo cada vez mais na tecnologia de câmera até mesmo em smartphones intermediários e básicos.
Custo-benefício
É verdade que existem câmeras digitais para diversos bolsos, desde R$ 500 para os leigos até os milhares de reais para os profissionais. Mas pelo preço de uma câmera portátil bacana —de R$ 1.500, digamos— você encontra vários celulares que tiram fotos e fazem muito mais.
Mesmo que as câmeras dedicadas tragam alguns recursos exclusivos ou melhor qualidade de imagem em comparação com os celulares, é dificil convencer o usuário comum de que a câmera seja um bom negócio. Some-se o fato de que smartphones já são obrigatórios na vida moderna, então a escolha entre um produto e outro fica quase óbvia.
"O preço médio de mercado dos smartphones vem crescendo. A massificação está na faixa de R$ 700 a R$ 1.199, que é a faixa de preço intermediária do mercado. As pessoas estão entendendo que os smartphones nessa faixa de preço têm os atributos que elas procuram", afirma Renato Murari.
Usos mais amplos com apps
As câmeras dos smartphones não ficam limitadas às fotos. A realidade aumentada as usa para que figuras virtuais sejam inseridas em imagens de um cenário real. Uma grande quantidade de aplicativos pode ser usada para deixar ainda mais divertida a experiência de edição, com diversas figuras como animais de estimação, máscaras e emoji.
As redes sociais tornam o uso da câmera ainda mais popular, podendo transmitir vídeo em tempo real. Para fazer o mesmo com uma câmera digital, normalmente é preciso baixar as fotos para um computador e só depois postá-las. "Com um smartphone, é muito simples o usuário capturar uma fotografia e postá-la diretamente em suas redes sociais segundos depois", comenta Fabrício Habib.
Videoconferência
A comunicação com amigos e familiares por chamada de vídeo pode ser realizada pela câmera frontal de um smartphone. Na vida profissional, videoconferências ou entrevistas de trabalho também podem ser feitas pelo aparelho móvel.
Segurança
Com os recursos de reconhecimento facial, usados tanto nos iPhones recentes quanto em alguns Androids, o seu celular fica mais protegido. Para transações bancárias ou acessar conteúdos localmente, smartphones ligados na internet também podem ler QR codes.
Fotos na nuvem
Com a conectividade via web móvel, wi-fi ou Bluetooth, os smartphones conseguem subir com facilidade as fotos tiradas para algum serviço de armazenamento em nuvem, como o Google Fotos. Isso garante um backup organizado de todo o seu conteúdo audiovisual.
Faz até filme
É claro que a qualidade das câmeras de celulares ainda não atingiram o mesmo nível de excelência de câmeras digitais profissionais de cinema, que são caríssimas e custam alguns milhares de dólares cada uma. Mas já tem gente se arriscando mesmo assim.
O primeiro longa-metragem gravado com um celular foi "Why Didn't Anybody Tell Me It Would Become This Bad in Afghanistan" ("Por que ninguém me disse que seria tão ruim no Afeganistão"), de 2007. Mas no ano passado, um iPhone 7 Plus foi o suficiente para o renomado diretor Steven Soderbergh, de "Onze Homens e Um Segredo", filmar o terror psicológico "Distúrbio" (Unsane).
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