Bengala para cegos, que tem Google Maps e acha obstáculos, chega ao Brasil
Sem tempo, irmão
- Bengala é compatível com Google Maps e alerta usuário sobre obstáculos pelo caminho
- Idealizador é o turco Kursat Ceylan, cego desde o nascimento, e graduado em literatura
- Ele fundou a startup WeWalk para viabilizar a invenção, e veio ao Brasil para evento
- Lá fora, bengala foi lançada por US$ 500; no Brasil, o valor ainda não foi divulgado
O turco Kursat Ceylan é um jovem de 33 anos que tenta há, no mínimo, uma década mudar a realidade de deficientes visuais (e a dele mesmo) explorando o máximo da tecnologia. Um de seus grandes projetos acaba de chegar ao Brasil em forma de produto. Trata-se da bengala inteligente WeWalk, que é compatível com o Google Maps e alerta o usuário sobre obstáculos pelo caminho.
Ceylan é cego desde o nascimento e, ao contrário do que parece, sua formação não tem muito a ver com tecnologia. Ele se graduou em estudo da língua e literatura turca, e orientação e aconselhamento psicológico, ambos pela Universidade de Bogaziçi, em Istambul, na Turquia. Não contente, se formou depois em psicologia pela Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos.
O fundador da startup WeWalk (mesmo nome da tecnologia criada) aproveitou sua passagem aqui pelo Brasil para contar para Tilt sobre a sua solução e como ideias inovadoras podem ajudar quando o assunto é acessibilidade.
A bengala inteligente foi lançada oficialmente no país durante a Feira Cidade PCD da Inclusão, que acontece até este domingo (8) na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
Como a WeWalk funciona
Basicamente, a bengala inteligente consegue identificar obstáculos com ajuda de sensores ultrassônicos. Os usuários são alertados por meio de vibrações no cabo dela assim que algo inesperado no meio do caminho é identificado. Se algo surgir na altura do peito do usuário, os sensores também conseguem identificar e emitir o alerta.
Outra característica importante é que a bengala pode ser conectada ao celular (via Bluetooth). Com isso, o Google Maps pode ser integrado ao objeto —assim como outros sistemas de assistência de voz— e trazer informações sobre a localização: restaurantes, farmácias, lojas e outros estabelecimentos que estão ao redor.
"Nós, cegos e deficientes visuais, já utilizamos a navegação em nossos smartphones, mas é uma dificuldade segurar, com uma mão, a bengala, com a outra segurar o smartphone e ainda prestar atenção no ambiente ao nosso redor, segurar uma bolsa, evitar ser assaltado etc", explicou o empreendedor.
Ceylan conta ainda que o desenvolvimento da WeWalk durou três anos. A ideia surgiu durante um hackathon (maratona de programação que propõe desafios a serem resolvidos pelos participantes) organizado pela YGA (Young Guru Academy), uma organização internacional sem fins lucrativos da Turquia.
"Neste programa comecei a entrar mais em contato com a tecnologia e a perceber o quanto ela poderia tornar a minha vida, enquanto cego, mais fácil. E a de tantas outras pessoas que necessitam de assistência", explicou.
A acessibilidade faz com que as pessoas se sintam fazendo parte do mundo. Há pessoas que acham que, por ter uma deficiência, não merecem estar na sociedade, e isso é bastante preocupante. Eu estava no aeroporto, ao chegar ao Brasil agora e, ao sentir o piso tátil, pensei: 'uau, há uma preocupação em integrar as pessoas com deficiência visual aqui'. Isso faz com que eu me sinta aceito
Kursat Ceylan
Até o momento, a inovação já conquistou os prêmios Thomas Edison Awards Gold, e World Mobile Congress Award, da GSMA (associação que reúne operadoras de telefonia e fabricantes de tecnologia para celular). A bengala foi eleita também como um dos 100 melhores projetos de tecnologia do mundo pela revista "Time".
Lá fora, ela foi lançada por US$ 500. No Brasil, o valor ainda não foi divulgado, mas a bengala inteligente será comercializada pela Mais Autonomia Tecnologia Assistiva.
"Eu acredito muito que as tecnologias assistivas vão permitir que as pessoas se sintam cada vez mais aceitas na sociedade e até no mercado de trabalho. Psicologicamente, isso pode —e deve - começar cada vez mais cedo, abarcando crianças e adolescentes e fazendo com que eles sejam adultos muito mais seguros, autoconfiantes e autossuficientes. Imagina que incrível uma sociedade em que o deficiente visual sente esse empoderamento?", concluiu Ceylan.
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