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Uma empresa levará maconha à ISS, mas não é para o que você está pensando

Experimento científico quer ver como células de maconha reagem às condições da ISS - Getty Images
Experimento científico quer ver como células de maconha reagem às condições da ISS Imagem: Getty Images

Rodrigo Trindade

De Tilt, em São Paulo

13/12/2019 04h00

Sem tempo, irmão

  • Empresa Front Range Biosciences enviará culturas de células de maconha para ISS
  • Material sairá da Terra em março de 2020 na companhia de um pouco de café
  • Experimento quer ver como células se comportarão na microgravidade e com radiação

Depois de vinho e do slime, foi a vez de maconha ser levada para o espaço. A empresa americana Front Range Biosciences, que trabalha no ramo da biotecnologia, irá enviar mais de 480 culturas de células de plantas para a Estação Espacial Internacional (ISS) em março de 2020.

Os espécimes enviados para o rolê espacial, a bordo de um voo da SpaceX, são variações de café e maconha. Se você pensou que isso será consumido pelos residentes da ISS, se enganou. A ideia da empresa é pesquisar os efeitos da microgravidade e voo espacial em culturas de célula dos dois tipos de planta.

"Existe ciência que suporta a teoria que plantas passam por mutações no espaço. Essa é uma oportunidade para ver se essas mutações se mantêm, uma vez que elas voltam para a Terra, e se existem novas aplicações comerciais", disse Jonathan Vaught, cofundador e executivo-chefe da Front Range Biosciences, ao site Vice.

A maconha que deixará a Terra rumo à ISS é da modalidade médica, com grandes quantidades de canabidiol, molécula ligada a tratamentos de epilepsia, ansiedade e dores. Esta variação possui quantidades menores do tetraidrocanabidol, ou THC, que é o o outro componente característico da maconha, responsável pelos efeitos do uso recreativo da droga.

Outros objetos no espaço

As culturas celulares de maconha e café se juntam a outros objetos inusitados que foram levados à ISS pela SpaceX. A empresa já levou milhares de itens para o espaço, para que o comportamento destes seja estudado em condições diferentes das do nosso planeta.

Segundo a Nasa, bolas de futebol que estão flutuando dentro na microgravidade estação são importantes para que se compreenda o comportamento de objetos que voam livremente. Os resultados de velocidade de rotação, oscilação e eixo de rotação obtidos no espaço serão comparados com os registrados na Terra.

O slime, aquela gosma que crianças adoram, foi enviado pelo mesmo motivo: entender como se comportará sem a gravidade.

Assim como a Front Range Biosciences, a startup europeia Space Cargo Unlimited pensou em oportunidades comerciais ao mandar vinho para ISS. Em vez da SpaceX, ela colocou 12 garrafas de vinho em um foguete da fabricante Northrop Grumman, que chegaram à estação 43 horas depois.

Lá elas ficarão por 12 meses, em um experimento comparativo com outras garrafas da mesma safra. Será analisada a maturação do vinho no espaço, sob os efeitos da microgravidade e de mais radiação.

O projeto da Space Cargo Unlimited será conduzido em parceria com a Universidade de Bordeaux - a instituição de ensino e a startup são da região de Bordeaux, famosa pela produção de vinho.

Maconha já saiu do planeta antes

A iniciativa da Front Range Biosciences tem suas particularidades, mas a empresa americana não foi a primeira a mandar maconha para a órbita terrestre. Outra companhia americana, a Space Tango, enviou sementes da maconha rica em canabidol, recebeu de volta e plantou-as na Terra.

Por enquanto, não se sabe se plantas mutantes nasceram, já que os resultados da pesquisa não foram publicados.

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