Pokémon, Star Wars? Por que as luzes da TV podem causar convulsões?
Sem tempo, irmão
- Luzes piscantes de "Star Wars" podem fazer com que espectadores tenham convulsões
- Alternância de luzes pode causar alterações de consciência, hipersalivação e abalo de membros
- Episódios de programas de TV como "Pókemon" já levaram crianças a hospitais
- Disney pede que pessoas sensíveis à luz vão com alguém que saiba reagir à epilepsia
O aguardado filme "Star Wars: A Ascensão Skywalker", chega aos cinemas nesta quinta-feira (19). Mas dias antes do lançamento, a Disney publicou um comunicado com um alerta pouco comum: que o filme tem "sequências com imagens e luzes piscantes". Ou seja: algumas pessoas podem sentir desconforto e, em casos extremos, ter convulsões. Mas é exagero ou algo assim pode acontecer?
Infelizmente, sim. "A alternância de luzes em determinada frequência e intensidade, pode causar mal-estar, desconforto, cefaleia e também a epilepsia fotossensível", explica Edson Issamu Yokoo, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Mesmo quem não é diagnosticado com esse tipo de epilepsia pode acabar se sentindo mal quando está exposto a esse tipo de condição.
"A reação da fotossensibilidade não é necessariamente uma doença. As pessoas podem sentir os desconfortos mencionados sem necessariamente apresentar uma crise epiléptica. Como doença, podemos definir a epilepsia fotossensível, que é a manifestação de crise epiléptica causada por este tipo de estímulo ambiental", complementa Yokoo.
Um caso famoso do tipo aconteceu em dezembro de 1997. Na época, um episódio de "Pokémon" levou centenas de crianças do Japão para os hospitais com sintomas que variavam de dores de cabeça a convulsões.
Isso aconteceu porque, em um determinado momento do capítulo, havia uma sequência de alguns segundos de luzes intermitentes na tela. De lá para cá, as animações japonesas diminuíram o brilho das cenas onde ocorrem explosões ou alternância de luzes.
Puxando o gatilho
O que ocorre no caso extremo, quando a pessoa de fato tem a epilepsia fotossensível, é que o padrão de luzes acaba causando algo no cérebro: um aumento repentino nas atividades das células nervosas do córtex cerebral, o que desencadeia a crise epiléptica.
Ainda que o gatilho seja diferente, é uma reação parecida com a que rola em outros tipos da doença. "A epilepsia é a predisposição persistente do cérebro para gerar crises epilépticas recorrentes. Elas podem ter inúmeras causas, mas uma das formas é a chamada epilepsia reflexa, que são desencadeadas por estímulos específicos", explica Gentil Jorge, pediatra e diretor de relações com mercado da Amparo Saúde.
Segundo o pediatra, as manifestações da epilepsia incluem:
- Alterações do nível de consciência
- Eventos motores como abalo de membros, movimentos dos olhos e língua
- Hipersalivação
- Liberação de esfíncteres urinários e fecais
- Outros sintomas neurológicos transitórios como alterações da percepção de sons, alterações da visão, cheiros, entre outros
Em casos extremos, se não houver atendimento, há sim risco de morte, já que a pessoa pode aspirar o conteúdo gástrico, gerando insuficiência respiratória. Ainda que seja algo raro, o quadro também pode evoluir para o chamado mal epiléptico, com crises que se mantêm ativas por longos períodos. É uma situação grave e potencialmente fatal.
Como evitar?
No caso do novo "Star Wars", a Disney criou uma lista de recomendações para que os espectadores com histórico de sensibilidade a luzes não tenham problemas enquanto assistem ao filme:
- Pedir para algum amigo assistir ao filme antes para ver quais partes há mais situações de flashes na tela
- Pedir para que essa pessoa te acompanhe na sessão e te avise previamente quando essas situações ocorrerem
- "Treinar" esse acompanhante para que ele saiba como agir em caso de convulsão
São recomendações que, de forma geral, são aprovadas pelos médicos para evitar episódios mais sérios envolvendo fotossensibilidade e epilepsia fotossensível.
É importante ressaltar que crises do tipo podem ser desencadeadas por causas bem diferentes, como luzes estroboscópicas em festas, luz do sol passando pelas folhas de uma árvore, imagens com padrões de desenhos que se mexem rapidamente e padrões de luzes em exibições 3D, entre outras situações.
Quem notar esse tipo de sensibilidade pode se precaver evitando ficar longos períodos em frente a telas como TVs, computadores ou celulares e, caso note algum gatilho, cobrir a visão temporariamente.
Paralelamente, o melhor a se fazer é procurar um médico em busca de um diagnóstico e iniciar um possível tratamento, caso haja sinais de sensibilidade a luzes.
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