Dinossauros podem ter sido envenenados antes da queda de asteroide
Sem tempo, irmão
- Estudo mostra que níveis de mercúrio antes da queda de asteroide eram altos
- Tão elevados quanto os encontrados em regiões industriais contaminadas
- Despejado por vulcões na Índia, o mercúrio alterou a temperatura das águas
- Além de mudar o clima no planeta, esse mercúrio pode ter envenenado os seres gigantes
Até agora, a tese mais aceita para a extinção dos dinossauros é a Terra ter sido atingida por um asteroide que tornou a vida desses seres insustentável. Cientistas fizeram uma descoberta que, se não chega a questionar essa hipótese, adiciona um novo elemento à história. Antes de serem aniquilados pela entrada da rocha espacial na atmosfera terrestre, os seres gigantes podem ter sido envenenados por um elemento que também é tóxico aos seres humanos: o mercúrio.
Em estudo publicado nesta semana na revista científica "Nature Communications", pesquisadores da Universidade de Michigan mostraram que erupções vulcânicas despejaram na atmosfera uma quantidade de mercúrio tão grande que aqueceu as águas oceânicas de forma abrupta e ainda contaminou seres vivos.
Isso ocorreu antes mesmo do impacto do asteroide e durou alguns milhões depois do evento. Cientistas já haviam descoberto que a atividade dos vulcões do Decão, na Índia, acelerou em algum momento do período Cretáceo e que a lava cuspida por eles foi essencial na extinção dos dinossauros.
As novas evidências apresentadas pelos cientistas mostram que os vulcões podem ter tido outro tipo de participação no extermínio desses seres. Segundo os pesquisadores, eles foram os responsáveis por uma mudança climática e ecológica que não só afetou a vida dos dinossauros, mas também mudou as condições de vida em todo o globo e durou por muito tempo.
Pela primeira vez, nós conseguimos fornecer indícios do impacto dos vulcões do Decão no meio ambiente e no clima. Foi uma surpresa incrível ver que as amostras [de lugares] em que as temperaturas marinhas mostraram um sinal de aquecimento abrupto também exibiram as maiores concentrações de mercúrio e que essas concentrações eram de magnitude semelhante a um local com significativa contaminação industrial por mercúrio moderna
Kyle Meyer, pesquisador da Universidade de Michigan que liderou o estudo
O mercúrio é um metal que pode ser um risco à vida de humanos, peixes e outros animais. Atualmente, os principais emissores deste elemento são usinas de eletricidade movidas a carvão e minas de ouro.
Para analisar qual era o nível de mercúrio presente na atmosfera do período Cretáceo, os cientistas fizeram duas coisas. Primeiro, coletaram conchas contaminadas pela indústria na regiões da Virgínia, nos Estados Unidos.
Esses locais possuem uma proibição à pesca por parte de humanos por causa dos altos níveis de mercúrio. Então, imagine o impacto ambiental desse nível de contaminação global de mercúrio por dezenas ou centenas de milhares de anos
Sierra Petersen, geoquímica da Universidade de Michigan
Depois disso, analisaram fósseis de conchas pré-históricas encontradas nos EUA, Argentina, Índia, Egito, Líbia e Suécia. Definiram as temperaturas marinhas em que esses seres viviam ao averiguar a presença de carbonato. Prosseguiram pela mensuração da quantidade de mercúrio.
Concluíram que aqueles seres que viviam em águas mais quentes possuíam um nível de mercúrio mais alto, tão elevado que era similar ao de regiões modernas contaminadas pela atividade industrial.
Segundo os cientistas, as anomalias de mercúrio já foram documentadas em sedimentos, mas nunca antes em conchas. A técnica desenvolvida por eles pode jogar luz sobre o estudo de extinções em massa e de mudança climática.
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