Mãe convence filha a assinar contrato para controlar dados pessoais
Sem tempo, irmão
- Jennifer Zhu Scott exigiu que suas filhas assinassem um contrato para liberar celular
- Decisão tinha como objetivo ensinar na navegar internet com cuidado
- Consultora da série Silicon Valley, ela tenta conscientizar pessoas do valor de dados pessoais
A empresária e investidora chinesa Jennifer Zhu Scott, eleita uma das 50 mulheres mais poderosas do mundo da tecnologia pela "Forbes" em 2018, tinha dúvidas sobre dar um celular para suas duas filhas quando completaram dez anos. Ela e o marido cederam, mas com um porém: fizeram as pequenas assinarem um acordo de três páginas.
"Em vez de protegê-las da realidade dessas modernidades, decidimos ajudá-las a navegar enquanto elas ainda nos escutam", disse Scott ao Tilt, nos bastidores do TED Women, que aconteceu no início de dezembro em Palm Springs, sul da Califórnia.
O acordo foi exibido durante sua palestra no TED e, ao final, diversas mães vieram procurá-la atrás de uma cópia. Scott tem acesso às senhas, as meninas podem usar redes sociais em contas fechadas e só aceitar amigos. Uma das cláusulas avisa para não postarem fotos ou pesquisarem assuntos que "poderiam desagradar a vovó".
"É algo psicológico que funciona. Fica na mente: a vovó está de olho", disse, rindo, a empresária, especialista em inteligência artificial, blockchain e cofundadora da Radian Technologies, uma firma de investimentos do setor.
Quer pagar quanto?
Scott, que mora em Hong Kong, espera que suas filhas estejam prontas para um mundo que está despertando para a importância do conceito de propriedade privada de dados.
Em sua palestra, ela comparou o sistema da China dos anos 1970, quando o governo era dono de tudo e não existia propriedade privada, com a situação de hoje, onde gigantes da tecnologia monopolizam nossos dados. Quando a China passou a permitir aos chineses serem donos de suas criações, o país começou a sair da pobreza extrema.
Embora reconheça que nem tudo são flores na liberdade econômica chinesa, Scott visualiza algo parecido para a nova economia digital. De acordo com números do setor, em 2030 haverá 125 bilhões de aparelhos conectados, uma média de 15 por pessoa.
"Google, Facebook e Tencent tiveram uma receita combinada de US$ 236 bilhões em 2018. Quantos aqui receberam alguma coisa por isso?", perguntou ao público. "Somos todos, com esses aparelhos em nossos bolsos, matéria-prima da riqueza dessas empresas. E não somos nem considerados na equação de suas receitas."
"Novamente, somos sem dúvida todos iguais. E igualmente pobres", disse.
Para ela, o debate público atual sobre dados deve aumentar o foco e ir além de regulamentação e privacidade para incluir a noção de propriedade privada. "Os seus dados são algo que você pode ter, guardar, destruir ou colocar um preço e vender", explica.
Ferramentas e seriado
A empresária citou algumas ferramentas que apostam nessa ideia, como o navegador Brave, no qual o usuário pode escolher ver propaganda nos sites e ser remunerado com uma moeda digital que vale em sites que usam paywall. Ou o aplicativo Digi.Me, que concentra todos seus dados para criar relatórios até então acessíveis apenas a grandes empresas.
Outro projeto mencionado foi o UBDI, sigla em inglês para "renda básica universal de dados", que permite ao usuário participar de estudos variados, coletando seus dados e protegendo sua identidade, em parceria com organizações e empresas. Ao final, parte da renda gerada pelas pesquisas é distribuída aos usuários, que a UBDI acredita poder tirar até US$ 1 mil por ano.
"Temos que pensar numa nova economia que capacita as pessoas, além das empresas", disse. "Quando falamos sobre infraestrutura de dados e design, ninguém entende. Mas se você fala sobre dados como sendo seus ativos, as pessoas entendem. É meu truque para fazer com que elas parem de dar seus dados de graça."
A empresária é também consultora técnica do seriado "Silicon Valley", cuja sexta e última temporada foi concluída neste ano. Ela explica que recebe uma lista com os tipos de tecnologia que serão abordados e precisa pensar nas aplicações mais absurdas para cada cenário.
"Eles também me mandam os roteiros e preciso achar buracos nas histórias", contou. "Ou, às vezes, coisas específicas como o que colocar nos quadros da sala de reunião que serão relevantes às cenas. É bem divertido."
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