Equipadas com veículos de ponta, avós aborígenes combatem fogo na Austrália
Os incêndios florestais estão destruindo a Austrália em proporções devastadoras: 10 milhões de hectares queimados, 1.200 casas destruídas, 28 pessoas e 1 bilhão de animais mortos, um terço da população de coalas dizimada.
Em Victoria, um dos estados mais atingidos pelo fogo, a brigada de incêndio aborígene de Lake Tyers protege uma área de 5.000 hectares, cerca de 40 casas e 200 moradores. Uma terra considerada sagrada, com grande carga de história e cultura, pela população tradicional da etnia Gunai/Kurnai.
Você deve imaginar homens brutos, jovens e fortes, à frente deste serviço. Mas, são todas mulheres, todas indígenas, mães e avós, algumas com mais de 50 anos de idade. São elas que fundaram o grupo, que comandam as operações e que são as bombeiras.
A Autoridade de Incêndio aborígene de Lake Tyers é comandada por Charmaine Sellings, de 52 anos, que fundou a brigada há duas décadas, depois que um incêndio proposital destruiu parte da comunidade —o caminhão de bombeiros mais próximo estava a quase uma hora de distância.
As mulheres voluntárias receberam, então, treinamento da CFA (sigla em inglês para Autoridade de Incêndio do País), veículos modernos e equipamentos de ponta para enfrentar a difícil missão de controlar as chamas que nos tempos de seca se alastram pelas florestas da região. Esta temporada de incêndios é a mais severa da história.
"Estamos trabalhando sem cessar. As condições são extremas, as represas estão vazias, é bem desesperador. Nosso papel é muito importante, somos a linha de vida caso algo dê errado", disse Charmaine à Women's Weekly australiana.
Hoje, elas pilotam caminhões e operam motosserras, limpando o terreno e combatendo alguns dos piores incêndios de Victoria. Além de proteger sua comunidade, suas famílias, sua história e sua terra sagrada das chamas, elas são chamadas para atender acidentes na estrada e outras emergências na região.
"A primeira vez que usei uma motosserra, fiquei apavorada. Tive de cortar árvores que haviam caído para que pudéssemos passar. Eu odiei aquilo. Agora eu adoro. Empunho uma motosserra e abro o caminho em um piscar de olhos", contou Charmaine, que tem duas filhas e três netos.
Com as previsões de muita seca e mudanças climáticas nesta temporada, que têm alimentado terríveis incêndios desde a primavera de 2019, a brigada recebeu um novo aliado: uma caminhonete de última geração, ultraleve e com tecnologia de ponta.
As mulheres não perderam tempo e deram um toque especial a ele: uma pintura aborígene, batizada de "Trabalhando Juntas". Todo vermelho, azul e roxo, o veículo chama a atenção e ajuda a disseminar um senso de inclusão e orgulho por onde passa, espalhando a história dos aborígenes que vivem neste santuário em volta do lago Tyers.
"Nos sentimos muito empoderadas por conseguir cuidar de nós mesmos, do nosso povo e da nossa terra. E a comunidade tem muito orgulho e gratidão", disse Charmaine. A brigada também é conhecida por "Banana Women", devido aos uniformes amarelos.
Começou como uma brincadeira dos homens da comunidade, mas o apelido pegou. "Acho que eles estavam com um pouco de inveja de nós", brinca a comandante. Ela garante que homens são bem-vindos no grupo. "Adoraríamos que eles se juntassem a nós. Vez ou outra algum quer participar, mas em geral não dura muito. Acho que eles não gostam de aceitar ordens minhas."
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