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CEO do Google pede regulamentação da inteligência artificial

Sundar Pichai, executivo-chefe do Google - Alex Wong/Getty Images/AFP
Sundar Pichai, executivo-chefe do Google Imagem: Alex Wong/Getty Images/AFP

Da AP

20/01/2020 13h28

O chefe-executivo (CEO) do Google, Sundar Pichai, pediu hoje uma abordagem equilibrada para regular a inteligência artificial, dizendo ao público europeu que a tecnologia traz benefícios, mas também "consequências negativas".

Os comentários de Sundar Pichai aparecem quando legisladores e governos consideram seriamente colocar limites em como a inteligência artificial é usada.

"Não há dúvida de que a inteligência artificial precisa ser regulada. A questão é a melhor maneira de abordar isso", disse Pichai, de acordo com uma transcrição de seu discurso em um evento em Bruxelas.

Ele observou que há um papel importante para os governos desempenharem e que, à medida que a União Europeia e os EUA começarem a elaborar suas próprias abordagens à regulamentação, o "alinhamento internacional" de quaisquer regras eventuais será crítico. Ele não apresentou propostas específicas.

Pichai falou no mesmo dia em que ele tinha agendado um encontro com a poderosa reguladora de concorrência da União Europeia, Margrethe Vestager. Ela também deve se encontrar com o presidente da Microsoft, Brad Smith, separadamente na próxima segunda-feira.

Nos últimos anos, Vestager atingiu a gigante do Vale do Silício com multas de bilhões de dólares por supostamente abusar de seu domínio de mercado para sufocar a concorrência. Depois de ser reconduzida para um segundo mandato no outono passado, com amplos poderes sobre as políticas de tecnologia digital, Vestager agora se concentra na inteligência artificial e está elaborando regras sobre seu uso ético.

Os comentários de Pichai sugerem que a empresa pode esperar impedir uma repressão generalizada da União Europeia à tecnologia. Vestager e a UE estão entre os reguladores mais agressivos de grandes empresas de tecnologia, uma abordagem que as autoridades americanas adotaram com investigações sobre o domínio de empresas como Google, Facebook e Amazon.

"A regulamentação sensata também deve adotar uma abordagem proporcional, equilibrando possíveis danos com oportunidades sociais", disse ele, acrescentando que pode incorporar padrões existentes, como o rígido Regulamento Geral de Proteção de Dados da Europa, em vez de começar do zero.

Embora prometa grandes benefícios, ele levantou preocupações sobre possíveis desvantagens da inteligência artificial, citando como exemplo seu papel na tecnologia de reconhecimento facial, que pode ser usada para encontrar pessoas desaparecidas, mas também por "razões nefastas" que ele não especificou.

Em 2018, o Google prometeu não usar a inteligência artificial em aplicativos relacionados a armas, vigilância que viola as normas internacionais ou que funciona de maneira contrária aos direitos humanos.

Na segunda-feira, Pichai também deve se reunir com Frans Timmermans, o comissário da UE que supervisiona o Acordo Verde Europeu, o plano do bloco de combater as mudanças climáticas, tornando o continente neutro em carbono até 2050, inclusive por meio de tecnologia. Está programada a sua presença no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, nesta semana.