O que é roaming? Como evitar que a conexão vire rombo na fatura do celular
Sem tempo, irmão
- Roaming é o serviço de transporte e faturamento de dados entre operadoras telefônicas
- Preços ao consumidor variam bastante e dependem das empresas e países envolvidos
- Ao viajar, consulte sua operadora sobre pacotes de roaming
- Vale desligar roaming automático para evitar cobranças i durante viagens
Você já deve ter ouvido falar de alguém que tomou um susto ao ver a fatura do celular após uma viagem internacional. Provavelmente, o celular desta pessoa fez roaming de dados sem que ela soubesse. Para evitar surpresas no pós-férias, entenda abaixo os detalhes do serviço.
O que é roaming?
Roaming é quando uma linha de celular é ativada fora da área de cobertura e precisa usar uma segunda rede —que não a da sua operadora— para ser localizada. A tecnologia é usada para que linhas de celulares funcionem longe do local onde estão registradas (em outro código de área ou DDD) ou em áreas onde a operadora do usuário não tem infraestrutura.
O DDD é a indicação de onde seu número de celular "nasceu". Receber chamadas fora dessa área irá exigir que a sua linha faça um roaming de voz ou de dados. Praticamente nenhum plano de celular no Brasil cobra roaming nacional. No exterior, a cobrança é inevitável e pode ser alta.
No Japão, por exemplo, o roaming automático para as três principais operadoras brasileiras custaria de R$ 33 a R$ 79,90 por dia. Se houver tarifa ligada ao volume de dados trafegados — que pode chegar a R$ 33 por MB — a conta sai do controle facilmente. Sob essas condições, meia hora na internet custaria algo como R$ 1.980.
Como funciona?
Ao sair de sua área de cobertura, seu celular continuará tentando conexão com antenas próximas. Ao achar o celular "estranho", as redes visitantes tentarão descobrir a rede doméstica dele.
Se houver compatibilidade entre as redes — que é definida por acordos de roaming entre operadoras do mundo todo —, a rede visitante (a do turista) vai pedir mais informações para a rede doméstica usando o IMSI, um código internacional que identifica a sua linha (chip) como assinante de sua operadora.
Este código é a chave para tudo que a sua conta telefônica transporta pelas redes de celular — e pode ser usado até para deixar você sem sinal ou coletar seus dados. A rede doméstica irá informar se o celular está apto ou não para o roaming e aí, enfim, pode começar a itinerância de dados.
A operadora local daquele país ficará responsável por fazer os dados chegarem à sua rede doméstica, além de manter uma conta temporária dos serviços prestados para poder cobrar da operadora da rede doméstica.
Por que o roaming é tão caro?
O roaming é parte da telefonia celular desde a segunda geração de redes, a 2G (dos padrões GSM ou CDMA/TDMA) dos anos 1990. Mas a complexidade tecnológica do processo não é a causa dos altos preços.
A Anatel explicou ao Tilt que, no varejo (entre operadora e consumidor) os preços são livremente estabelecidos, conforme a Lei Geral de Telecomunicações. No atacado, entre operadoras nacionais, o preço é regulado pelo Plano Geral de Metas de Competição (PGMC, Resolução Anatel nº 600). Ele dá às prestadoras a liberdade para determinar seus preços de roaming, mas tais preços devem ser praticados a qualquer interessado —ou seja, não pode haver tratamento discriminatório.
No roaming internacional os preços se dão de acordo com a negociação entre as prestadoras dos diversos países. A variação grande nos preços reflete os acordos comerciais e técnicos entre cada elo desta cadeia (operadora internacional, operadora nacional e eventuais empresas intermediárias).
Isto depende de fatores que vão desde concessões de infraestrutura até acordos entre governos, já que cada país tem uma legislação para reger a prestação e cobrança do serviço.
A União Europeia, por exemplo, firmou acordo que regulamenta a cobrança em 2012, após pressão dos legisladores em resposta aos primeiros sinais de cobranças abusivas.
No Brasil, a Anatel, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Procon regulamentam e fiscalizam o roaming. A Comissão de Ciência e Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) recentemente rejeitou um projeto de lei que visava a proibir a cobrança entre empresas do mesmo grupo econômico.
Enquanto isso, o Mercosul estuda um acordo para extinguir a cobrança do roaming entre seus países-membros.
Como faço antes de viajar?
De acordo com Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, se a viagem é dentro do país, não haverá nenhuma nova cobrança. "O único cuidado a tomar é usar o Código de Seleção de Prestadora (CSP) da sua prestadora ao efetuar chamadas de longa distância", explica.
Em viagens para fora do país, as opções para o consumidor são:
- Contratar um plano da própria operadora
- Comprar um chip internacional válido para os países que irá visitar
- Comprar um chip de uma operadora do país de destino
Se você faz questão de usar a sua mesma linha telefônica brasileira, bem como sua internet móvel, contate sua operadora. Os preços variam de acordo com seu plano e o país de destino, e é possível que haja algum pacote vantajoso para o seu caso.
Há grandes chances, no entanto, de os preços altos tornarem esta opção inviável. Neste caso, o primeiro passo para impedir qualquer surpresa ou cobrança indevida será certificar-se de que seu roaming automático está desativado.
No iPhone, a opção de "roaming" aparece em Ajustes —> Celular, quando os dados do celular estão ligados. Em um celular Android, vá em Configurar, depois Rede, e então Rede Móvel e aí desative o roaming automático.
Neste caso, você deverá usar o celular apenas em redes wi-fi para acessar a internet. Se você quer estar sempre conectado, a opção mais vantajosa é comprar um chip ded uma operadora do país visitaddo, que irá funcionar em qualquer celular desbloqueado. Em geral eles são fáceis de achar e permitem escolher planos de dados e/ou de minutos de chamadas.
Desligar a atualização automática de aplicativos pela rede do celular também evita problemas —veja os passos para Android e iOS.
Fui vítima de uma cobrança excessiva! E agora?
Por fim, caso você sinta que foi vítima de uma cobrança abusiva ou injustificada, a Anatel recomenda registrar reclamação na prestadora e, se ela não o solucionar, registrar uma reclamação na Anatel.
A agência também indicou ao Tilt duas cartilhas para ajudar a identificar uma cobrança errada e os passos a tomar a partir daí.
A agência também detalhou os esforços que vem tomando em relação a essas questões. "Em 2019, foram registradas 2.572 reclamações sobre o tema roaming internacional, uma diminuição de 1,5% em relação ao ano anterior. Ainda assim, apesar de não figurar entre os motivos mais reclamados, o tema tem despertado atenção da Anatel, que avalia atualmente os problemas relacionados a roaming internacional e se há necessidade de alguma atuação da Agência junto às prestadoras."
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