Como a modificação genética poderá proteger soldados de armas químicas
O próximo passo da guerra poderá depender de modificações genéticas para vencer armas químicas. Pelo menos é o que acreditam cientistas do Exército norte-americano, que estão esperançosos em conseguir avançar esta barreira.
Os especialistas criaram uma terapia gênica que permite a animais produzirem suas próprias proteínas que quebram agentes nervosos, fornecendo proteção contra os materiais tóxicos por meses.
A estratégia das autoridades dos Estados Unidos é testar, num futuro próximo, a eficiência em soldados humanos. O tratamento atual contra ataques com agentes nervosos fatais precisa ser rápida, e nem sempre previne as vítimas de convulsão ou dano cerebral.
Por enquanto, segundo os cientistas, o risco principal com a nova tecnologia é do indivíduo desenvolver uma resposta imune prejudicial à proteína introduzida.
Os produtos químicos conhecidos como organofosfatos são os tipos mais comuns de agentes nervosos, incluindo os gases sarin, soman, ciclosarin e tabun. Todos bloqueiam uma enzima que regula os níveis do neurotransmissor acetilcolina nos músculos, causando espasmos musculares, dificuldade em respirar e até a morte.
Os tratamentos atuais —atropina e diazepam— bloqueiam receptores de acetilcolina, mas devem ser administrados na hora e não há a garantia de impedir danos neurológicos permanentes.
Durante os testes, pesquisadores injetaram em ratos de laboratório versões aceleradas de enzimas humanas que estimulam a quebra dos organofosfatos antes que possam causar danos. O problema da iniciativa é que a quantidade das enzimas teria que ser muito grande no sangue, o que não seria positivo.
A solução foi transformar o fígado em uma espécie de "fábrica" de enzimas de limpadores biológicos. O bioquímico Nageswararao Chilukuri, do Instituto de Pesquisa Médica de Defesa Química do Exército, usou um vírus atenuado chamado vírus adeno-associado para transportar instruções de DNA para as células hepáticas de ratos
O resultado foi que os ratos de laboratório conseguiram produzir a enzima sintética PON1, que pode ajudar o corpo a combater os agentes nervosos mais rapidamente e que se manteve estável por cinco meses no organismo.
"Ficamos surpresos com quão bem essa proteína é expressa e quanto tempo durou", disse Chilukuri para a Science Translational Medicine. "A equipe também mostrou que os níveis de PON1 eram tão altos quando foi injetado nos músculos no tratamento anterior, um método de entrega mais prático no campo de batalha".
A terapia genética não causou danos para os animais, mas ainda assim há questões para serem resolvidas. "É uma espécie de prova do objetivo do estudo", analisou Chilukuri. "Esta é uma maneira de manter o limpador biológico trabalhando por semanas e meses em um animal."
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