Apenas pare: tirar foto do pé na banheira para postar no Insta é arriscado
Joelhos e pés à mostra em uma banheira cheia de sais de banho e espuma. A foto digna de postagem no Instagram pode até sugerir paz de espírito, mas já imaginou a tragédia se o smartphone caísse naquela água cheia de sabão? Poderia ser fatal para o aparelho de um jeito que nem a dica do pote de arroz poderá salvá-lo. Fora o risco à vida —sim, ele existe.
Quando a água entra em contato com o circuito elétrico do aparelho, ela pode causar um curto-circuito, por ser uma ótima condutora de energia.
O que a água faz?
"Ela vai fazer com que a eletricidade circule em lugares não programados, causando assim o curto-circuito", explica o coordenador do curso de engenharia eletrônica da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Hermano Andrade Cabral.
Segundo Rodolfo Jardim de Azevedo, professor do Instituto de Computação da Unicamp (Universidade de Campinas), esse curto-circuito nada tem a ver com aquela imagem de um poste com dois fios soltos que, ao se tocarem, geram violentas faíscas.
"Isso não deve acontecer no seu celular. Ele tem mecanismos de proteção. É como se ele tivesse um mini disjuntorzinho, pequenininho, lá dentro como circuitos de proteção que se desligam", explica.
É por isso que, no geral, o celular deixa de funcionar quando é derrubado em qualquer lugar com água: na privada, no banheiro da balada, na piscina, na praia, na poça de lama. Segundo Cabral, no caso da banheira, água e sabão podem ter ainda mais cargas elétricas, por serem dois solventes combinados:
A combinação água-sabão-sujeira vai ter íons [cargas elétricas], por isso também vai ser uma forte condutora [de energia elétrica]
Vai destruir o celular?
No geral, a água não atinge o aparelho por igual; entra por frestas, fazendo com que entradas e saídas para USB, fones de ouvido e alto falantes, por exemplo, estejam mais propícias a danos. O "banho acidental" consegue destruir um componente ou outro do aparelho e, dependendo do caso, dá até para conviver com o defeito.
"É uma manchinha na tela, ou um problema no conector do fone de ouvido, por exemplo. Se você não usa o fone, nem vai notar que aquele componente não funciona mais", diz Azevedo. "Em última instância, pode ser que os circuitos de proteção do celular não consigam dar conta e você vai queimar o celular, mesmo. Se isso acontecer, o seu celular não volta", completa.
Dá choque?
Apesar de ser um aparelho eletrônico, o celular normalmente não vai te dar um choque porque caiu dentro da banheira. A corrente elétrica gerada pela bateria do smartphone não é tão forte em comparação, por exemplo, à de um secador de cabelo ligado na tomada —esse, sim, muito perigoso e responsável por vários acidentes fatais.
Existe a possibilidade, ainda que remota, de que a bateria exploda. Mas, mesmo que isso acontecesse, você não levaria um choque.
Tudo muda de figura se o celular estiver carregando conectado a uma tomada. Nesse caso há sim risco de um choque elétrico, que pode ser fatal.
Dá para salvar?
Como a esperança é a última que morre, se o celular cair dentro da água, pode ser que ele volte a funcionar depois de um dia ou dois. Isso vai depender das áreas que a água conseguiu atingir dentro do aparelho.
"A pessoa pode ter tido sorte de a água não ter penetrado ou chegado muito internamente aos circuitos. Nesse caso eu acho que é mais sorte mesmo, pois a pessoa conseguiu resgatar o celular antes que a água atingisse uma parte sensível", diz Cabral.
Além da "sorte", há algumas dicas que podem salvar o seu smartphone do "afogamento":
1) Se ele não desligou sozinho, desligue o aparelho
Tem que desligar o aparelho imediatamente, e não vale apagar apenas a tela. Isso é importante para que a energia deixe de circular internamente no aparelho, evitando um curto-circuito.
2) Deixe que ele seque
Deixe o tempo agir e secar o celular. Pode parecer simpatia maluca, mas deixar o celular secando dentro de uma tigela cheia de arroz pode ajudar. Os grãos absorvem líquidos, assim como o sal e aqueles saquinhos de sílica. Sem a água, os circuitos ficam livres para voltarem a funcionar normalmente.
3) Peça para alguém abrir o celular
Embora não seja recomendável fazer isso em casa, vale pedir a um técnico especializado em aparelhos móveis para abrir o celular recém-afogado, para que ele deixe a água evaporar.
"É como um relógio. Às vezes, quando entrava água no relógio e ela embaçava o vidro, e a pessoa passava o resto da vida com aquele vidro embaçado. Isso acontece porque se a água teve dificuldade para entrar, ela vai ter a mesma dificuldade para sair", diz Azevedo.
4) Deixe o celular em local seco
Esse lugar pode ser mais quente que a temperatura ambiente, acima dos 30 graus. Se isso for complicado na região que você mora, pode ajudar colocar o aparelho em uma sala com ar-condicionado ligado, porque o ar condicionado também retira umidade.
"Tijolões" eram mais duros na queda
Os celulares de antigamente —oi, Nokia— eram mais fáceis de serem salvos de um "afogamento" que um smartphone dos dias de hoje, pelo simples fato de que era possível retirar a bateria deles.
"Sem a bateria, você não teria o problema de a corrente elétrica ir por caminhos indesejáveis. Por isso você conseguia salvar o telefone, porque quando a água secava o problema deixava de existir", explica Cabral.
Azevedo concorda. Segundo ele, o melhor cenário seria conseguir retirar a bateria. "Quanto mais rápido conseguir tirar e desligar o celular, melhor, porque estaria desenergizando o aparelho. Daí esse celular terá grandes chances de ser recuperado", diz.
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