Rede Starlink: satélites de Elon Musk estão passando por cima do Brasil
Sem tempo, irmão
- Starlink 4 está passando por cima do Brasil, duas vezes por dia
- Noite de sexta e madrugada de sábado são as melhores chances de vê-los a olho nu
- Satélites podem ser vistos juntos apenas nas semanas seguintes ao lançamento
- Eles parecem um trenzinho luminoso atravessando o céu
Já temos 240 satélites da rede Starlink pairando ao redor da Terra. Nesta quarta-feira (29), a SpaceX, do bilionário Elon Musk, lançou a quarta frota do projeto. E olha que legal: durante as próximas três ou quatro semanas, os satélites poderão ser vistos da Terra, mesmo a olho nu.
Os 60 novos satélites alcançaram, com sucesso, uma órbita de cerca de 440km de altitude. Eles poderão ser vistos porque estão bem juntos e em órbita relativamente baixa.
Então aproveite! Os satélites da SpaceX vão estar visíveis no Brasil diariamente pelos próximos dias. As chances de enxergá-los são ótimas nesta semana, principalmente na noite de sexta-feira (31) e na madrugada de sexta para sábado (1º) - se as nuvens e chuvas permitirem, claro.
Em todo caso, entre hoje (30) e domingo (2), a nova frota Starlink estará mais visível por aqui antes do nascer do sol, entre 4h50 e 5h10 da manhã, e também no início da noite, entre 19h20 e 19h40.
Com o tempo, eles vão se separando e, depois, subirão para sua altitude operacional (cerca de 550km). E aí será bem mais difícil enxergá-los - praticamente impossível sem a ajuda de um telescópio.
O que procurar no céu?
Parece brincadeira, mas você precisa encontrar uma espécie de "trenzinho" luminoso, como se fossem estrelas se movimentando. O que enxergamos, na verdade, é a luz do Sol refletida na carcaça de metal dos satélites - eles não emitem luz própria.
Você pode acompanhar, ao vivo, a trajetória da Starlink 4 por calculadoras astronômicas como as dos sites Heavens Above e N2YO. É possível descobrir os horários exatos das próximas passagens do satélite sobre sua localização — e se serão visíveis ou não.
O N2YO percebe automaticamente a sua localização pelo IP, então basta clicar neste link para ver quando os satélites poderão ser vistos em sua cidade. Quanto mais forte o tom de amarelo, mais visível a passagem.
Se você selecionar "all passes", verá todas elas, mesmo as não-visíveis, marcadas em branco. Ao clicar em "map and details", uma janela com um mapa ilustrativo e ficha técnica do evento vai ser abrir.
No Heavens Above, o processo é parecido. É só clicar neste link e cadastrar a sua localização na caixa do canto superior direito; não é necessário fazer login. Você pode selecionar a cidade onde está ou pesquisar qualquer outra do mundo, basta digitar o nome ou inserir uma coordenada.
Ao selecionar um local no Brasil, o site passa a ser exibido em português. Por padrão, são exibidas apenas as passagens visíveis; ao clicar em "todas", aparece a lista completa, com o motivo da não-visibilidade de algumas (luz do dia ou falta de luminosidade à noite).
Por que os satélites ficam visíveis?
O que conseguimos enxergar daqui da Terra, em uma noite escura, parece um cordão de pérolas atravessando o céu. A olho nu, os satélites brilham entre as magnitudes 2 e 6 - são pontos relativamente pálidos no céu. Quanto menor esse número, mais luminoso o objeto.
A passagem da madrugada de sábado (em São Paulo das 4h55 às 5h03) terá magnitude 2.1 - o mais brilhante possível para esses satélites, algo raro de acontecer, pois depende de uma posição perfeita em relação à Terra e ao Sol. Na noite de sexta (em São Paulo das 19h24 às 19h32), a luz também será intensa, com 2.4 de magnitude.
Para que a gente consiga enxergar os satélites, alguns fatores devem acontecer ao mesmo tempo:
- Céu escuro: deve ser noite no local da observação, longe de luzes, sem nuvens ou poluição
- Altura do Sol: o disco solar deve estar entre 10 e 25 graus abaixo da linha do horizonte, para que haja luminosidade
- Ângulo de elevação: o satélite deve estar pelo menos 25 graus acima do horizonte, para que reflita a luz solar
- Satélite iluminado: os raios de Sol devem estar atingindo diretamente o satélite
Apesar de ser possível enxergar essas passagens a olho nu, uma boa dica é usar um binóculo, telescópio ou câmera com lente zoom: isso vai aumentar suas chances de observação.
Na época do lançamento da segunda frota, em novembro de 2019, um dos registros mais legais da Starlink veio justamente do Brasil. O fotógrafo porto-alegrense Egon Filter tirou uma linda foto em um campo de girassóis no Rio Grande do Sul, mostrando não só o rastro dos satélites, como também a Via Láctea e um meteoro cruzando o céu. Até a NASA publicou a foto na seção "imagem do dia".
Outro registro muito bacana, da primeira frota Starlink, em maio, veio da Holanda. O arqueologista e astrônomo amador Dr. Marco Langbroek conseguiu filmar a movimentação dos 60 satélites.
O lançamento desta semana foi o segundo de 2020, seguindo a promessa de Elon Musk de lançar 60 novos satélites a cada duas semanas nos próximos anos. O plano ambicioso do bilionário é construir uma constelação gigante de 42 mil satélites - para se ter uma ideia da dimensão disso, há cerca de 9.000 estrelas visíveis a olho nu ao redor da Terra.
Por enquanto, eles estão inativos e em fases de testes. Se bem-sucedida, a Starlink formará um sistema global de Internet, mais barata e eficiente, que já poderia começar a funcionar no final de 2020.
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