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Parece um pombo voando, mas é um pássaro-robô com asas revolucionárias

O robô possui um GPS e uma placa de controle remoto - Science News
O robô possui um GPS e uma placa de controle remoto Imagem: Science News

Felipe Germano

Colaboração para Tilt, em São Paulo

01/02/2020 04h00

Sem tempo, irmão

  • Um robô com asas de pombo foi desenvolvido para entender melhor o voo dos pássaros
  • O resultado do estudo pode ajudar no desenvolvimento de aviões que se comportem melhor em turbulências
  • Pesquisadores entenderam que o ângulo das penas pode mudar completamente com poucos movimentos

É um pássaro? Um avião? Não. Mas é exatamente um meio-termo entre as duas coisas. O nome da tecnologia é o robô PigeonBot (PombaRobô, ou Pombo, se quiser ousar na tradução). Desenvolvido pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, o pássaro mecânico pode mudar o que entendemos sobre aviação.

Isso porque, pasmem, o homem inventou o avião, chegou à Lua, planeja pousar em Marte, mas ainda não entendeu completamente como os pássaros fazem para voar.

E daí? Bom, e daí que os bichinhos ainda são muito melhores que as nossas invenções na hora de enfrentar turbulências, por exemplo. Descobrir como eles fazem isso pode levar nossas máquinas ainda mais longe (e mais rapidamente).

Foi pensando nisso que os pesquisadores da famosa universidade se propuseram a estudar as pombas. Debruçados sobre o corpo de um pombo já sem vida, os norte-americanos começaram a filmar e a medir a asa do bichinho, enquanto a mexiam de diversas maneiras.

"Nós medimos cuidadosamente a relação entre a movimentação das penas e dos ossos", afirmou David Lentink, autor do estudo ao site NewScientist.

Os pesquisadores, então, conseguiram entender que as asas trabalham de maneira muito mais simples do que o imaginado. As penas, por exemplo, nunca funcionam individualmente.

Com apenas poucas inclinações, os pássaros conseguem mudar o ângulo de várias delas ao mesmo tempo. Um detalhe, mas que explicou, entre outras coisas, como os pombos realizam curvas sem ter que nem mesmo dobrar a asa completamente.

Outra descoberta sobre as penas explica o motivo delas estarem sempre juntinhas. Foram detectadas estruturas microscópicas parecidas com pequenos ganchos. Na prática, elas funcionam como uma espécie de velcro natural, que diminui a ação do ar entre as penas e aumentam a estabilidade durante os voos.

Justamente por causa dessas propriedades específicas os pesquisadores decidiram que o PigeonBot teria penas de verdade. Tentativas de recriar as mesmas características em asas feitas de carbono e vibro falharam completamente.

PigeonBot - Science News - Science News
Imagem: Science News

O material natural, por outro lado, foi o suficiente para conseguir manter no ar o corpo feito de espuma, preenchida com um GPS e uma placa de controle remoto— que serve para direcionar o pássaro mecânico.

Essas descobertas foram suficientes para um impacto relevante entre estudos aerodinâmicos. "Acho que futuras aeronaves se beneficiarão. Aviões futuros podem não bater as asas, mas acho que eles mudarão de forma", acrescentou Lentink.

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