Topo

Guru de bolso: app de meditação me deu paz, foco e ombros sem dor

App Calm - Reprodução
App Calm Imagem: Reprodução

Adriano Ferreira

Colaboração para Tilt

05/02/2020 04h00

O aplicativo de meditação e histórias de sono Calm (iOS, Android) tem uma trajetória impressionante. Fundado em 2012, tornou-se o primeiro unicórniostartup que passa a valer US$ 1 bilhão— de saúde mental em fevereiro do ano passado. Nomes como os atores Matthew McConaughey e Stephen Fry são algumas das estrelas que narram as tais "histórias de sono" em inglês.

Eleito app do ano pela Apple em 2017, em novembro do ano passado passou a ser oferecido com conteúdo especial em português. A versão paga custa R$ 199,90 por ano, ou R$ 16,65 por mês —sim, bem caro. Mas você pode testá-lo gratuitamente por sete dias.

A primeira tela do app já vem com um conselho: "respire fundo", que gradualmente desaparece para dar lugar a uma pergunta inicial: "O que te traz ao Calm?" Escolhi três razões: melhorar a concentração, reduzir a ansiedade e dormir melhor. Aproveitei para tentar meditar outra vez.

Já fazia anos que não tentava meditar e, pelo que eu me lembro, na última semana das minhas tentativas anteriores, só tinha conseguido meditar sozinho umas três vezes com um áudio do meu celular. Nunca tinha usado um aplicativo para meditar antes.

As opções inicialmente exibidas nessa tela são "Daily Calm", "estados de humor" e "histórias para dormir". As funcionalidades sono, meditação e música, entre outras, ficam mais abaixo no menu. Como era o meu primeiro contato com o app, pensei que começar com a primeira opção da tela principal seria melhor.

Tem que insistir

Por volta das 23h, com fones de ouvido, ainda na tela inicial, ouvi a voz da terapeuta corporal Andréa Perdigão, que orientou como me posicionar para iniciar a meditação.

O tema do "Daily Calm" foi varredura mental. A voz dizia brandamente: "sente-se, deixe a coluna ereta, respire profundamente, deixe o corpo relaxar e sinta o rosto sereno". Sinceramente, não consegui ficar todo o tempo (mais que 12 minutos) seguindo as instruções naquela posição. Após dois minutos, fui satisfazer a minha curiosidade em saber das demais funcionalidades do Calm.

Na barra inferior do menu, em "Meditação", vi diversos tipos da prática com objetivos específicos, como "dormir", "ansiedade", "concentração", "relaxamento" etc. No menu horizontal da tela inicial, encontrei um exercício de respiração que vai de um minuto até infinito. Experimentei só um minuto, seguindo as instruções de inspirar, segurar o ar e expirar no momento determinado pela marcação do círculo.

Ainda precisava continuar com a meditação que comecei. Os sons de grilos, das correntes e do tilintar de águas (som padrão em todas as meditações que fiz, mas existem mais de 30) contribuíram para a sensação de relaxamento e tranquilidade. A voz da instrutora falava para eu sentir progressivamente as partes tensas do corpo que seriam alcançadas na minha mente pelo meu respirar.

Perto do fim da prática, cabeça, ombros, pernas, tornozelos e pés já tinham sido tocados mentalmente com a minha respiração. Pouco tempo antes de acabar, não aguentei e abri os olhos, mas voltei a fechá-los até o fim do exercício. Mas completei os 12 minutos e 40 segundos da sessão. Para o primeiro dia, sinto que não fui tão mal.

O que os gorilas têm a ver com relaxar?

No segundo dia de uso, procurei alguma funcionalidade mais rápida que a meditação e encontrei "Músicas". Escolhi a "Memories Fade", na categoria "Concentração". Gostei de ouvi-la enquanto procurava alguma coisa no meu guarda-roupa.

Novamente à noite, voltei ao "Daily Calm", e o tema foi Gorila. Repeti o protocolo: fone de ouvido, play no áudio do app, fechei os olhos, fui respirando relaxadamente. Uma história é narrada, sobre um grupo de pesquisadores armados em uma floresta, querendo se aproximar de gorilas. Mas apenas o pesquisador que se desarma consegue se aproximar dos animais.

A analogia passa a mensagem de que é preciso tratar as pessoas com compaixão e paz para que elas mudem sua reação. A meditação de 10 minutos acaba. Tive a impressão de que o tempo passou mais rápido que ontem.

A tela principal do Calm permite anotar nossos estados diários de humor, pois diz que é importante ter consciência de como me sinto. Anotei "feliz" e depois ouvi uma história para dormir. O narrador instrui a transportar o meu pensamento para os campos de lavanda de Provence, na França. A intenção de dormir relaxado deu certo.

No terceiro dia, o Daily Calm teve como título "incerteza". A lição ensina a inspirar em quatro segundos, segurar o ar, esperar quatro segundos, expirar, e assim continuar o ciclo. O áudio recomenda que tenhamos consciência de que tudo está mudando para atravessar melhor os momentos de turbulência da vida. Os pouco mais de 11 minutos de áudio passaram rápido outra vez.

App Calm - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Gratiluz + A Bela e a Fera

Na quarta noite, o assunto foi "expansão". Fui instruído a sentir partes do meu corpo em que a respiração passava com mais intensidade, como a barriga e a garganta, enquanto eu ia respirando profunda e lentamente. A narradora me dizia para ter consciência do que eu estava sentindo, sem julgamentos.

Estava me sentindo calmo, atento e um pouco apressado. Com sons de fundo de natureza como sempre, o ensinamento incentivava a aceitar momentos indesejáveis que não podemos mudar para que não aumentemos a frustração.

Após completar os 11 minutos da meditação, registrei o meu estado de humor como "agradecido" e continuei no app para ouvir "A Bela e a Fera", com 52 minutos de duração. Peguei no sono depois de uns 15 minutos da narração.

Sem "sementes ruins"

Já no quinto dia, fiz a anotação de como estava me sentindo: exultante. Na sessão, o tema foi "escolhas" e fui orientado a prestar atenção na região do corpo em que minha respiração era mais sentida —no meu caso, foi o nariz. A voz traz uma reflexão de que devemos focar no momento presente, pois a preocupação com o futuro traz sofrimento.

Onze minutos depois, senti como se tivesse passado mais rápido que as outras vezes. Estou me acostumando com os exercícios. Até fui olhar os outros tipos de meditação e escolhi uma de concentração, que instigava a priorizar as tarefas mais importantes do dia para manter o foco. Terminei esse treino como todos os outros.

No sexto dia da série, o assunto foi "sementes". A mensagem abordou os hábitos que cultivamos: quanto mais praticamos algo, mais aquilo se torna forte. Por isso, devemos repetir as boas ações e deixar de nutrir as más —as "sementes ruins". Depois da sessão completada, retomei a Bela e a Fera de onde tinha parado. Em menos de dez minutos cai no sono.

App Calm - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Fim da experiência

Nos momentos em que usei o Calm, o relaxamento, a tranquilidade e a sensação de paz foram inegáveis. Passei também a focar mais nas minhas tarefas diárias. Meus ombros ficaram mais relaxados e leves, e minha postura corporal, mais correta. A minha ansiedade, que é moderada, não aumentou. O meu sono se tornou mais fluido, sem interrupções.

Durante os meus dias de meditação, as situações estressantes podiam me afetar, sim. No entanto, eu sempre preferi pisar no freio em vez de arrancar os cabelos. Com o Calm, eu tive instruções que, se colocadas em prática (como respirar profundamente), me ajudam a manter uma postura mais tranquila em circunstâncias desagradáveis.

É claro que alguns dias são pouco para quem quer meditar a sério, pois os benefícios duradouros de qualquer exercício vêm com a constância. Por isso, vou tentar continuar meditando.

SIGA TILT NAS REDES SOCIAIS