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Motorista de app xinga passageira que ofereceu R$ 4 por corrida no Amapá

App inDrive tem tela inicial semelhante a outros aplicativos - UOL
App inDrive tem tela inicial semelhante a outros aplicativos Imagem: UOL

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL

10/02/2020 16h34

A Polícia Civil do Amapá autuou por injúria um motorista de aplicativo, de 29 anos, suspeito de xingar uma passageira que ofereceu R$ 4 por uma corrida, no Centro de Macapá. Por mensagem, além de palavrões, o homem fala à vítima que ela merece um homem para espancá-la e diz para a mulher dar o dinheiro para a mãe dela levá-la, argumentando que o valor não se equivalia nem a um litro de gasolina.

O caso ocorreu em dezembro de 2019. A Polícia Civil conseguiu identificar e autuar o motorista na sexta-feira. Ele confessou o crime e assinou um termo circunstanciado, que é um registro de crime de menor relevância. O suspeito e a vítima aguardam audiência na Justiça. Se condenado, a pena poderá variar entre um a seis meses de detenção ou multa.

De acordo com o delegado da 6ª Delegacia de Polícia Civil, Leandro Leite, o caso ficou configurado como injúria porque os xingamentos se deram entre o suspeito e a vítima, sem a presença de terceiros, o que poderia caracterizar difamação. Em depoimento, o motorista ainda alegou que ofendeu a cliente porque era pressionado para chegar o local.

"Foram agressões gratuitas, sem necessidade e, inclusive, dizendo que a mulher precisava de um homem para bater nela. A vítima é bastante educada e não aceitou os xingamentos. O caso está encaminhado à Justiça e agora as partes esperam por uma audiência. Como foi um crime com pena menor de dois, abrimos um termo circunstanciado e não um inquérito", explicou o delegado.

App 1 - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
App 2 - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

De acordo com a vítima, uma professora de informática, de 37 anos, a corrida compreendia o trecho entre uma agência bancária na Avenida Cândido Mendes até a Secretaria de Estado da Educação (SEED), na Avenida FAB, no Centro da capital amapaense. O percurso abrangia pouco mais de um quilômetro e o valor ofertado era o sugerido pelo próprio aplicativo. Ela usou o InDriver, que permite ao passageiro indicar um valor por uma corrida. O motorista tem as opções de aceitar, rejeitar ou fazer uma contraproposta.

O suspeito aceitou, porém, segundo a vítima, não se dirigiu para o ponto inicial da corrida. Depois de uma espera de 20 minutos, a mulher decidiu ligar para saber o motivo da demora. Após finalizar a ligação, ela diz ter recebido as mensagens ofensivas.

No diálogo, o homem justifica que decidiu aceitar a corrida para "falar umas verdades" à passageira. Antes disso, ele ainda a xinga e não demonstra medo quando a cliente promete denunciá-lo à polícia. "Depois da ligação, quando eu pego o telefone, vejo as mensagens dele me xingando no WhatsApp. Eu fiquei assustada com os xingamentos e não fiz mais a corrida. Chamei outro motorista e não tive problemas. Logo após meus compromissos no destino onde eu pretendia ir, levei o nome e o número de telefone dele na delegacia", comentou a mulher que, por orientação da Polícia Civil, preferiu não se identificar.

A Polícia Civil não divulgou o nome do suspeito, contudo, o UOL conseguiu localizá-lo. Ele preferiu não se identificar porque teme ser prejudicado na busca de outro emprego e por ter duas filhas, mas confirmou o teor dos diálogos ofensivos e argumentou que era pressionado pela cliente, o que causou o estresse.

"Estava finalizando uma corrida de outro aplicativo. Nisso, ela me ligou duas vezes. A passageira que estava comigo na outra corrida me deu uma nota de valor alto e precisei correr atrás de troco, o que causou a demora. Essa professora continuou me ligando e mandei no WhatsApp logo umas verdades. Eu extrapolei, mas estava com estressado e com a cabeça quente. Cheguei até a pedir desculpa", contou o motorista.

Após o episódio, o suspeito diz se arrepender e que decidiu sair do aplicativo. "Me arrependo. Era para ter falado de outra forma, mas na hora não me deu conta. Foi um erro".

O UOL entrou em contato com a InDriver para buscar um posicionamento sobre os protocolos de relacionamentos a serem seguidos entre motoristas e passageiros, mas não houve resposta até a última atualização desta matéria.