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Doença encontrada em cauda de dinossauro fossilizada afeta humanos até hoje

Fóssil de dinossauro em que pesquisadores acharam vestígios de tipo de tumor que atinge seres humanos até hoje - Divulgação/Assaf Ehrenreich/Universidade de Tel Aviv
Fóssil de dinossauro em que pesquisadores acharam vestígios de tipo de tumor que atinge seres humanos até hoje Imagem: Divulgação/Assaf Ehrenreich/Universidade de Tel Aviv

Mirthyani Bezerra

Colaboração para Tilt

13/02/2020 15h27

Sem tempo, irmão

  • Os vestígios do tumor têm mais de 60 milhões de anos
  • A doença tem as mesmas características de um câncer raro que afeta humanos
  • O dinossauro é canadense, mas a descoberta foi feita por pesquisadores israelenses

Cientistas encontraram vestígios de mais de 60 milhões de anos atrás de um tipo de tumor raro que afeta seres humanos ainda hoje. Indícios de histiocitose de células de Langerhans foram localizados no fóssil da cauda de um dinossauro que viveu no sul de Alberta, no Canadá. Um estudo sobre a descoberta foi publicado essa semana na Scientific Reports.

Segundo os pesquisadores, o fóssil é de um hadrossauro jovem. Ele era um dinossauro herbívoro semi-bípede, se alimentava de capim e habitou a Terra no fim do período Cretáceo, entre 66 milhões e 80 milhões de anos atrás. Os estudos foram feitos a partir dos ossos das vértebras do animal, desenterrados no Parque Provincial Dinosaur, no sul de Alberta, no Canadá.

O que chamou a atenção dos pesquisadores foram grandes cavidades em dois dos segmentos vertebrais. "Elas são extremamente similares a cavidades produzidas por tumores associados a LCH (Histiocitose de células de Langerhans, sigla em inglês), que existe até hoje em humanos", conta Hila May, pesquisadora do departamento de Anatomia e Antropologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Tel Aviv e líder do estudo.

A LCH é um câncer raro causado pela proliferação de células de Langerhans, produzidas na medula óssea. Os sintomas variam de lesões ósseas isoladas a doenças multissistêmicas. Os tumores, no entanto, são considerados benignos, apesar de bastante dolorosos. Segundo May, a maioria dos tumores relacionados à LCH aparece repentinamente nos ossos de crianças de 2 a 10 anos. "Felizmente, esses tumores desaparecem sem intervenção em muitos casos", afirma.

As semelhanças foram descobertas quando a vértebra da cauda do dinossauro passou por uma digitalização micro-CT avançada.

"Escaneamos as vértebras dos dinossauros e criamos uma reconstrução computadorizada em 3D do tumor e dos vasos sanguíneos que o alimentaram. As análises micro e macro confirmaram que era, de fato, LCH. Esta é a primeira vez que essa doença foi identificada em um dinossauro", conta May.

Os pesquisadores agora tentam desvendar por que de doenças como a LCH conseguirem sobreviver milhões de anos de evolução, com o objetivo de decifrar o que as causa e, assim desenvolver maneiras eficazes de tratamento.