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Sextorsão não é coisa de novela: veja como evitar e enquadrar chantagistas

Cena da novela "Amor de Mãe" em que Tales (Alejandro Claveaux) é flagrado pela advogada Vitória (Taís Araújo) tentando aplicar uma sextorsão - Divulgação/TV Globo
Cena da novela "Amor de Mãe" em que Tales (Alejandro Claveaux) é flagrado pela advogada Vitória (Taís Araújo) tentando aplicar uma sextorsão Imagem: Divulgação/TV Globo

De Tilt, em São Paulo

19/02/2020 14h31

Quem assistiu ao episódio desta terça-feira (18) da novela "Amor de mãe" se sentiu vingado após o desfecho de uma tentativa de sextorsão (situação de extorsão que envolve sexo ou comportamentos sexuais). O personal trainer Tales (Alejandro Claveaux) ameaçou divulgar fotos e vídeos íntimos da socialite Lídia (Malu Galli), de quem é ex-namorado, caso não recebesse R$ 100 mil. Ele não contava que a chantagem havia sido gravada e que seria usada como prova do crime.

"Extorsão, estelionato, divulgação de cenas de sexo e nudez sem consentimento. Eu estava aqui tentando fazer as contas dos seus anos na cadeia (...). Os tempos mudaram. Ninguém mais acha que a culpa é da mulher, otária e carente. Vou te colocar na cadeia", afirmou a advogada Vitória (Taís Araújo).

Como bem lembrou a personagem, sextorsão é crime. Por isso, Tilt criou um passo a passo para ajudar a evitar ter conteúdos íntimos usados por um chantagista ou saiba lidar com ameaças de exposição de nudes.

Evite que seu nude caia em mãos erradas

Deixe a imagem offline

Se tirar uma foto íntima, prefira câmeras offline e apague a imagem pouco após tirá-la.

Cuidados com estranhos

Tome cuidado com novas amizades nas redes sociais, evite usar webcam com estranhos e não divulgue dados pessoais, como endereço físico, telefone ou que bens possui, para pessoas que acabou de conhecer ou só conhece online.

Se compartilhar, faça de forma segura

Evite o compartilhamento de dados pessoais e o armazenamento de fotos íntimas por meio de sites não seguros. Também é importante não mandar imagens por email, mensagem de texto ou por apps de bate-papo, como Facebook Messenger, Hangout, Skype, WhatsApp. Prefira serviços que apaguem o conteúdo instantaneamente, como Snapchat, Instagram, Telegram e Signal.

Não divida senhas (nem com o mozão)

Se um dia o relacionamento com seu par acabar, saiba que sentimentos como vingança e ciúme podem motivar maldades. Então, guarde suas senhas só para você.

Crie pastas separadas

Se você quiser mesmo guardar fotos íntimas, o melhor a fazer é armazenar as fotos em pastas separadas que usem senhas. Evite copiar o nude, pois quanto mais versões dele você tiver por aí, mais medidas de precaução deverá tomar.

Também não guarde nudes em programas na nuvem (Dropbox, Google Drive, Skydrive, iCloud etc.), que aumentam a possibilidade de um invasor acessar um documento íntimo. Redobre a atenção para aplicativos que carregam automaticamente as fotos para a nuvem, como o Google Fotos.

Use senhas complexas

Senhas fáceis simplificam uma invasão. O melhor é combinar letras, números e caracteres especiais. Não use seu nome, aniversários ou informações pessoais fáceis de conseguir. O ideal é ter senhas diferentes para cada perfil criado; se achar demais, pelo menos não use a mesma combinação para tudo.

A dica é criar credenciais por grupo: uma para redes sociais, outra para bancos, outra para sites de comércio eletrônico, etc. É uma opção ainda adotar um programa ou aplicativo gerenciador de senhas para cuidar de todas elas para você.

Proteja qualquer tipo de app

Ligue a verificação em duas etapas (a senha e outra forma de autenticação que dê acesso apenas ao dono da conta; pode ser SMS, ligação ou envio de código de verificação em outro app). WhatsApp, Facebook, Google e Twitter já têm esse tipo de segurança.

Você pode ainda criar senhas para aplicativos. O PSafe Total Android, gratuito na Google Play, por exemplo, disponibiliza a ferramenta de Cofre, permitindo que usuários protejam galerias de fotos, Facebook, WhatsApp, Tinder, Grindr e outros apps.

Lembre-se do logout

Se você usa computadores ou celulares compartilhados, não deixe as contas de Facebook, Google e afins logadas. Não adianta apenas fechar o navegador. Muitos deles são configurados para guardar a senha. O jeito é sair da conta (logout) e configurar o navegador para não memorizar logins e senhas.

Programa anti-invasão ajuda

Assim que ativar aparelhos novos, instale programas antivírus, anti-spyware (que detecta programas que "espiam" o que o usuário faz) e firewall (tipo de "muralha" digital que permite envio e recepção de dados somente autorizados pelo usuário).

Foi vítima de sextorsão? Saiba o que fazer

Guarde a URL

Para investigar, é preciso guardar a URL usada para fazer a chantagem —no Facebook ou Twitter, por exemplo, é só clicar na data e hora do post para chegar ao endereço certo. Se forem várias ofensas, guarde a URL do perfil também. Isso é importante porque as empresas guardam registros (logs) dos usuários e podem fornecê-los à Justiça. Tire prints (capturas de tela) também.

Registre o conteúdo efêmero

Em apps de conteúdo que se apaga, como Snapchat ou Instagram, faça capturas de tela ou use serviços que salvam automaticamente o que acontece na tela.

Salve o que rola no WhatsApp

Se a sextorsão acontecer pelo WhatsApp, não apague o conteúdo no desespero. Envie a conversa por email e não se esqueça de anexar as mídias (fotos e vídeos).

Registre um boletim de ocorrência

Compartilhar materiais com teor íntimo ou sexual sem consentimento é crime. Reúna tudo o que foi divulgado e vá até uma delegacia para fazer um boletim de ocorrência (BO), relatando o que houve. Você também pode preservar as provas registrando uma ata notarial em qualquer cartório ou tabelionato de notas. O documento tem plena validade jurídica, ou seja, não poderá ser contestado em um futuro processo judicial.

Procure um advogado

Com as provas, o BO e a Ata Notarial (que não é obrigatória) em mãos, fale com um advogado — de preferência, especializado na área de Direito Digital.

Fale abertamente sobre o assunto

Vergonha ou medo só reforçam a impunidade. Por isso, é importante garantir seus direitos e não se calar sobre o assunto, pois a culpa nunca é da vítima. Além disso, procure apoio de amigos e familiares.

Ignore os agressores

Não "alimente" os agressores respondendo a eles. Também não compartilhe as mensagens enviadas pelo agressor, mesmo que para apenas acrescentar um comentário indignado. Isso expõe a vítima ainda mais.

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