Óculos de realidade mista, IA, dinheiro vigiado: nosso futuro será louco
Sem tempo, irmão
- Óculos que priorizam realidade mista devem se tornar referência na área de compras
- Assistentes virtuais com características verdadeiramente humanas ainda estão longe
- Comenta-se que inteligência artificial ameaça entrar em novo inverno criativo
- Blockchain vai retomar rota da utilidade pública, mas ainda reforçará moedas
A década de 1920 ficou conhecida como uma das mais efervescentes de toda a modernidade. O término da Primeira Guerra Mundial —aquela que muitos julgaram que jamais se repetiria— foi seguido por uma exuberância econômica e cultural compensatória, que acelerou muito até bater contra o muro das contradições internas do capitalismo desregulado, em 1929.
Cem anos depois, vivemos um período menos turbulento e também menos exuberante, por mais que tenhamos impressão do contrário. Ainda assim, há muita coisa nova acontecendo— e, tanto mais, prestes a acontecer.
Do ponto de vista do consumidor, a CES 2020 mostrou que estamos na eminência de uma quebra de paradigma no domínio da realidade imersiva, com óculos que se aproximam daqueles que usamos no dia a dia e abordagens conceituais que priorizam a realidade mista sobre a realidade aumentada e a virtual. Vale conferir o gadget da Nreal para se ter uma ideia do que vem a seguir.
Muito mais longe de ganhar o mundo estão os assistentes virtuais com características verdadeiramente humanas, como esta demo constrangedora da Neon, uma spin-off da Samsung, transparece (em inglês).
Outra tendência relevante de caráter negativo é o arrefecimento da velocidade de evolução da inteligência artificial, que ameaça entrar em um novo inverno criativo. Este assunto vem sendo ativamente discutido em fóruns especializados, como é o caso do Painel Global de Tecnologia do MIT.
Tal esfriamento remonta àquilo que aconteceu no planeta blockchain, o qual finalmente conseguiu se livrar dos ICOs (oferta inicial de moedas) furadas e retomar a rota da utilidade pública em que um dia figurou. Isto não significa que tenha adotado o caminho do meio.
Pelo contrário, a ironia é que a tecnologia blockchain caminha para se consagrar como a mais controversa da década, ao servir de base para as moedas centrais de banco central (CBDCs), que por sua vez representam a minha maior aposta (do ponto de vista de impacto) para 2020 e anos subsequentes.
Seguindo o exemplo da China, diversos países estão com projetos de CBDCs, o que promete alterar para sempre nossa relação com o dinheiro. De um lado, resolvendo problemas de circulação e, de outro, deitando as bases para que Estados possam controlar ainda mais intensamente a vida de seus cidadãos.
Para entender melhor como isso tudo funciona, veja o artigo que apresentou o tema em primeira mão para o país e que, claro, saiu aqui em Tilt.
* Álvaro Machado Dias é neurocientista cognitivo, professor livre-docente da Universidade Federal de São Paulo, e diretor do Centro de Estudos Avançados em Tomadas de Decisão. Assina o blog de Tilt Visões do Futuro, onde analisa inteligência artificial, blockchain e as novas tecnologias na compreensão do mundo
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