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Dias eram meia hora mais curtos há 70 milhões de anos, revela concha

Cientistas analisaram idade de concha fossilizada - iStock
Cientistas analisaram idade de concha fossilizada Imagem: iStock

De Tilt

10/03/2020 17h16

Pesquisadores da Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica) e da Universidade de Utrecht (Países Baixos) divulgaram um estudo que determina que, há 70 milhões de anos, os dias duravam meia hora a menos. Essa conclusão não teria sido possível sem a análise de um fóssil inusitado: o de um molusco.

Eles analisaram uma concha fossilizada de um animal chamado Torreites sanchezi. Esse molusco está extinto há 66 milhões de anos, e tinha um formato de vaso com uma tampa na ponta mais larga. Apesar da aparência única, o T. sanchezi tinha uma coisa em comum com os mexilhões e ostras de hoje em dia: suas conchas cresciam uma camada a cada dia.

Assim como os anéis nos troncos das árvores, as camadas dessas conchas contêm informações sobre o ano em que se formaram. Os cientistas descobriram que o molusco fossilizado tinha nove anos quando morreu, e contaram o número de camadas em cada um dos anos. Ao invés de 365, perceberam que o ano tinha 372 dias.

A órbita da Terra não mudou nesses 66 milhões de anos - por isso, a duração dos anos continua a mesma. A partir dessa informação, os pesquisadores conseguiram determinar que cada um dos dias no período em que o molusco viveu tinha 23 horas e meia. A descoberta prova que a rotação da Terra vem diminuindo - o que não é novidade no meio científico. Já se sabia, por exemplo, que há 1,4 bilhão de anos, os dias duravam apenas 18 horas.

O estudo foi baseado em um único fóssil, submetido a análises como espectrometria de massa, microscopia e micro fluorescência de raios-X. O estudo dos anéis da concha também possibilitou determinar a temperatura dos oceanos na época. O mar era bem mais quente do que são atualmente: as águas ultrapassavam 40ºC no verão e 30ºC no inverno.