Derretimento de gelo na Antártida acelerou seis vezes em 30 anos
Satélites da Nasa observaram que o manto de gelo na Antártida e na Groenlândia está derretendo seis vezes mais rápido do que nos anos 90. O estudo foi realizado por um grupo de 89 cientistas em 50 organizações diferentes, e é considerado o mais abrangente sobre o tema até hoje.
Caso o degelo siga nesse ritmo, em 2100 esses locais se enquadrarão na projeção de "pior cenário" do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com um aumento de 17 centímetros no nível do mar. A organização estima que, no final deste século, as enchentes decorrentes desse aumento deixarão 400 milhões de pessoas em risco.
"Cada centímetro a mais no nível do mar causa inundações e erosões litorâneas, interferindo na vida das pessoas do mundo todo", comenta Andrew Shepherd, pesquisador da Universidade de Leeds (Inglaterra) e um dos líderes do estudo.
Os satélites apontam que, nos anos 90, os mantos de gelo dos dois países perderam 81 bilhões de toneladas por ano. Nos anos 2010, a massa de gelo que derreteu anualmente aumentou para 475 bilhões de toneladas. No total, foram 6,4 trilhões de toneladas de gelo perdidas desde 1992.
Nesse período, o nível do mar já aumentou em 17,8 milímetros. Estima-se que um terço da água que provocou esse aumento veio do derretimento de gelo — dessa fração, 60% veio da Groenlândia (60%) e 40% da Antártida.
Ao que tudo indica, o ritmo de degelo vai continuar acelerando: os dados de 2019 ainda não foram divulgados, mas a expectativa dos cientistas é que a onda de calor que atingiu a Antártida no ano passado estabeleça um novo recorde em massa de gelo perdida.
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