Do YouTube ao Instagram: queda na qualidade do streaming vai piorar imagem?
Sem tempo, irmão
- A redução da qualidade de streaming de vídeo chegou ao Brasil
- Após YouTube e Netflix na Europa, Globoplay adota ação no país
- Séries, filmes e novelas não serão exibidas mais em Full HD, só em HD
- Globo diz que assim pode evitar um colapso da internet brasileira
- Para especialistas, não é bem assim, mas medida ajuda
A essa altura do isolamento em casa por causa do coronavírus, você já deve conhecer de cabo a rabo todo o catálogo da Netflix, Amazon Prime e outros serviços de streaming de séries e filmes. Como a situação se repete em muitas casas, isso amplia o consumo de internet.
Para driblar a explosão de dados online, essas empresas começaram a reduzir a qualidade do conteúdo que chega à sua casa. E, acredite, isso pode ajudar sua internet a não piorar. Afinal, essas plataformas consomem 62% de todo o tráfego online no mundo.
Começou na União Europeia. O bloco europeu pediu que os serviços de streaming diminuíssem a qualidade das séries e filmes transmitidos aos clientes. Netflix e YouTube acataram. Agora, a onda chegou ao Brasil.
A Globo foi a primeira. Informou que a partir desta segunda-feira (23) suas plataformas transmitirão vídeo apenas em HD (720 pixels). Facebook e Instagram embarcaram na onda e levaram a limitação para o mundo das redes sociais, enquanto a Netflix não descarta adotar a mesma prática por aqui. Já o YouTube, do Google, não só adotou a medida como foi mais radical.
Os conteúdos da Globo deixarão de ser enviados temporariamente aos clientes com resolução Full HD e 4K (1080p). Assim, a taxa de transmissão —ou seja, a velocidade necessária para transferir os arquivos dos servidores da Globo para a casa do usuário— cairá. A queda será de 5,8 Megabits por segundo (Mbps), necessária para enviar conteúdo em Full HD, ou para 2,8 Mpbs, para conteúdos em HD.
A Globo exemplifica a situação com seu principal produto de entretenimento. Segundo ela, um capítulo de novela com 60 minutos consome 2,5 Gigabytes se for transferido em Full HD, mas apenas 1,2 GB se for em HD. A empresa argumenta que a ação é necessária para que a internet brasileira não trave de vez.
O YouTube vai reduzir os vídeos para definição padrão (SD), inferior ao HD e que tem resolução de 480 pixels.
Vai diminuir o colapso?
"Temos que agir proativamente para evitar um cenário de colapso na infraestrutura da internet brasileira num momento tão delicado, em que os serviços digitais são fundamentais para a população", afirmou Raymundo Barros, diretor de tecnologia da Globo, em nota.
Para Daniel Nunes, professor de telecomunicações do Instituto Nacional de Telecomunicação (Inatel), há certo exagero em aventar a possibilidade de a rede brasileira não aguentar a alta demanda devido à elevação da demanda. "Falar em colapso é um negócio exagerado, porque a infraestrutura do Brasil não é ruim assim. Quando todo mundo está preocupado acaba exagerando um pouco."
Ainda assim, diz ele, diminuir a qualidade dos conteúdos via streaming é uma estratégia importante para garantir a conexão das pessoas a outros serviços.
"Quanto maior a qualidade, mais banda de transmissão e maior a taxa de transmissão que ocupa da rede. Se eles limitarem a qualidade do vídeo, isso gera uma taxa de transmissão mais baixa, o que vai ocupar uma banda menor na internet, dando oportunidade para outros serviços que agora são mais importantes."
Como o isolamento social é apontado como a principal medida para reduzir a disseminação do coronavírus, muitas pessoas estão trabalhando de casa. Para isso, usam serviços de videoconferência, que também consomem muita banda. Se essa capacidade de transmissão estiver ocupada com a sua série da Netflix, pode faltar banda para você realizar aquela reunião em vídeo com seu chefe pelo Microsoft Teams.
Para facilitar, pense assim: imagine que um filme em HD tenha o tamanho de uma pochete, enquanto o mesmo filme em Full HD tenha as dimensões de uma mala de viagem — com rodinhas e tudo! Ambas são mandadas para sua casa pelo mesmo cano, que, dependendo da tecnologia usada, podem ter a vazão de um conduíte ou de um oleoduto. Os cabos coaxiais —-nossos conduítes do exemplo acima— penam para enviar 30 Mbps, enquanto fibras ópticas —os "oleodutos"— transmitem facilmente 100 Mbps.
Só que não é só você que quer em ver em 4K a Carminha, personagem da novela "Avenida Brasil", da Globo, ou "La Casa de Papel", da Netflix. Tem muita gente em casa com a cara grudada na tela. Se a imagem chegar zoada na sua casa, você provavelmente vai culpar Globo e Netflix, não sua operadora de banda larga. A solução foi diminuir o tamanho da "bagagem" a ser mandada pelo cano digital até sua casa.
Mas a imagem vai ficar ruim? Depende. "Com resolução HD, não tem problema para assistir no celular ou no tablet. Já para assistir em tela grande, aí é que você vai perceber a diminuição de qualidade", explica Nunes. Para o diretor de tecnologia da Globo, os "efeitos se tornarão visíveis somente em smart TVs a partir de 65 polegadas". Também dependerá da qualidade da tela.
Já para vídeos em SD não tem jeito. A qualidade da imagem será prejudicada seja lá qual for o tamanho da tela.
Quanto tempo vai durar?
Segundo o professor do Inatel, o ideal seria que todas as plataformas adotassem a mesma medida da Globo. "Se só uma provedora de streaming de vídeo tomar essa atitude, ajuda, mas é justo que as outras façam a mesma coisa." A Globo informa que a ação vai durar enquanto perdurar a pandemia.
Tilt procurou os principais serviços de streaming estrangeiros. A Netflix não descartou adotar no Brasil o que começou a fazer na Europa na quinta-feira (20). "Continuaremos a trabalhar com provedores de serviços de internet e governos de todo o mundo e aplicaremos essas mudanças conforme necessário em outros lugares."
Segundo Thierry Breton, comissário europeu da UE para mercado interno, a expectativa é que "a Netflix reduza seu tráfego na Europa em cerca de 25%". Por lá, a restrição da qualidade vai durar 30 dias.
A reportagem consultou Amazon (Prime Video) e HBO, mas ainda não recebeu resposta.
SIGA TILT NAS REDES SOCIAIS
- Twitter: https://twitter.com/tilt_uol
- Instagram: https://www.instagram.com/tilt_uol/
- WhatsApp: https://uol.page.link/V1gDd
- Grupo no Facebook Deu Tilt: http://bit.ly/FacebookTilt
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.