Com mais gente conectada, operadoras querem mais antenas de celular
Sem tempo, irmão
- Consumo de internet no Brasil explodiu com quarentena do covid-19
- Pressionadas para manter o serviço, teles pedem que prefeituras autorizem instalação de antenas
- Em todo o Brasil, há 4 mil pedidos para implantação de ERBs
- Empresas encaminharam aos prefeitos das cidades onde a situação é pior, como São Paulo
Com tanta gente em casa se conectando à internet durante a pandemia de coronavírus, as empresas de telecomunicações viram o acesso às suas redes explodir. Pressionadas para manter o serviço, elas pedirão nesta quarta-feira (25) que prefeituras destravem as autorizações para a instalação de novas antenas de celular e agilizem a atualização de legislações municipais.
Segundo o SindiTelebrasil (sindicato das operadoras), são mais de 4 mil pedidos em aberto para implantação de antenas em todo país. A entidade enviará uma carta aos prefeitos de São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis e Manaus e ao governador do Distrito Federal, já que essas regiões apresentam as situações mais complicadas.
A gente tem a maior dificuldade de instalar antena em muitos lugares que precisam dessa conexão, principalmente nas regiões mais carentes. A gente pede que nesse momento de crise as autoridades locais tenham um entendimento de que a conectividade deve ser levada para todas as pessoas, sobretudo as de baixa renda
Marcos Ferrari, presidente do SindiTelebrasi
O caso de São Paulo é o pior. Em cerca de dois anos, foram autorizadas cerca de 90 estações de radiobase (ERBs, ou antenas). Há ainda um estoque de 1,8 mil pedidos para instalação de antenas.
"A conexão poderia melhorar em até 30% do que temos hoje, principalmente nos bairros carentes, onde é difícil cumprir os gabaritos técnicos da lei em vigor", diz Ferrari.
Uma das dificuldades enfrentadas na capital paulista, por exemplo, é a exigência de que as ERBs sejam instaladas em pontos a 12 metros de distância da rua.
Na carta, as teles pedem que os pedidos sejam avaliados expressamente, não que os critérios técnicos sejam flexibilizados. Por outro, elas também pedem que os projetos de lei que atualizam as regras para implantação de ERBs voltem a ser discutidos. Em São Paulo, isso se arrasta desde a gestão Haddad (2013-2016).
"Não há diferenciação de uma antena grande para uma miniERB, usada para 4G, que é menor que uma caixa de sapato. A exigência para o licenciamento é o mesmo. A legislação desses municípios não é culpa de ninguém mas está parada no tempo. A nossa tecnologia evolui muito rápido."
A reivindicação para instalar as estações de radiobase (ERBs) é antiga. Mas voltou à pauta das operadoras por causa da alta demanda de suas redes. Citando dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Ferrari diz que o tráfego subiu 24% no país desde o começo da crise.
"O aumento da conexão vai acontecer, porque as pessoas estão em casa. Com isso, a conexão residencial passou a ser maior que a corporativa. As pessoas adaptaram suas residências para fazer reuniões por videoconferência. Outros membros familiares estão em casa usando os servidos de streaming. Algumas escolas estão adotando aulas em vídeo para os alunos não perderem o ritmo escolar."
As empresas de telecomunicações reclamam ainda que estados e municípios não estão cumprindo o decreto federal que lista os serviços essenciais que não podem parar. A telefonia foi incluída entre eles. Segundo Ferrari, técnicos de manutenção e de data centers estão sendo impedidos de trabalhar por agentes de segurança locais.
"Às vezes, chega um técnico em um prédio, mas é barrado por um policial. O agente não tem conhecimento do que é ou não essencial. Isso tem prejudicado a prestação correta do serviço em um momento em que não pode falhar. Nosso setor está fazendo tudo para que tenhamos condição de atender a população", diz.
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