Por mais segurança, EUA trocam cotonete por saliva em diagnósticos de covid
Sem tempo, irmão
- Estudos comprovam a eficiência do teste, que começará a ser produzido
- Ele pode ampliar quantidade de testes diários feitos e diminuir gasto em insumos
- Coleta pode ser feita individualmente, sem um profissional da saúde
- Risco de infecção também diminui porque vírus é eliminado no tubo de amostra
Um teste de saliva para diagnóstico do novo coronavírus foi aprovado pela FDA (Food and Drug Administration), agência dos EUA que regula medicamentos, assim como a Anvisa no Brasil.
Se produzido em larga escala, ele pode ampliar o número de realizações diárias de testes, aumentar a segurança do profissional de saúde e diminuir os gastos em materiais médicos.
A saliva ainda não vinha sendo usada para diagnósticos de SARS-CoV-2. Por enquanto, são usadas amostras do trato respiratório para exames de RT-PCR (reação da transcriptase reversa, seguida de reação em cadeia da polimerase), considerado referência pelo Ministério da Saúde e adotado por estabelecimentos de saúde e laboratórios.
Ele é um teste molecular que busca por genes virais presentes em uma amostra de material biológico. O material pode ser coletado de algumas maneiras.
A forma mais comum é atravessar dois swabs — uma espécie de cotonete pala coletas de amostras — pelo nariz e pela boca até atingir a nasofaringe, no fundo da garganta, onde a cavidade nasal se encontra com a faringe. Outra maneira é o aspirado nasofaríngeo, técnica que faz a sucção de uma amostra da mesma região.
Ambos os procedimentos de coleta para devem ser feitos por um profissional de saúde com os devidos equipamentos de proteção, como gorro, protetor facial, avental, máscara e luvas, além dos swabs.
O vídeo abaixo mostra como funciona o procedimento de coleta de amostra de swab.
Nos Estados Unidos, a falta desse material levou a uma mudança no procedimento: somente um swab por paciente, não mais os dois recomendados. Para piorar, a Copan, uma das principais fábricas desse tipo de objeto, fica em Lombardia, no norte da Itália, região fortemente atingida pelo novo coronavírus.
No caso de teste de saliva, há menos gasto de insumos e a coleta pode ser feita pelo próprio paciente.
"Ajudará na escassez global de swabs para testagem, aumentará a testagem de pacientes e não irá colocar um profissional de saúde em risco de ser infectado para fazer coletas de amostras", disse em comunicado Andrew Brooks, diretor de tecnologia da Rutgers University, que desenvolveu o método em parceria com o laboratório Accurate Diagnostic Laboratories (ADL) e a companhia Spectrum, especialista em coleta de material biológico.
A questão da segurança se estende à parte laboratorial, quando a amostra é enviada ao laboratório para ser analisada. Ao site Bioworld, Stephen Fanning, executivo-chefe da Spectrum, explicou que a saliva é colocada em um tubo com uma solução que elimina o vírus, mas mantém os marcadores de RNA, usados em testes moleculares como o RT-PCR.
"Se o um profissional abrir o tubo enviado ao laboratório, não tem como ele se contaminar porque o vírus estará 'morto'", disse.
O teste de saliva tem a mesma eficiência que um teste de amostras do trato respiratório. A comprovação veio de um estudo que comparou os diagnósticos feitos com os dois métodos de um mesmo conjunto de amostras. Verificou-se uma taxa de concordância de 100% entre eles na detecção de covid-19.
Outros testes de saliva foram desenvolvidos nos Estados Unidos. Eles, no entanto, não têm a mesma permissão de uso de emergência, que foi cedida à Rutgers University e que autoriza a produção imediata.
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