Como fazer projeções nas fachadas de prédios
Protestos políticos vêm pipocando em várias cidades após a epidemia de coronavírus crescer no Brasil. Devido ao distanciamento social, as pessoas se manifestam com gritos, batuques de panelas e agora, projeções de mensagens contra ou a favor do presidente Jair Bolsonaro, agradecimentos aos profissionais da saúde e lembretes para não sair de casa.
A projeção é uma técnica de arte urbana que vem tomando as fachadas de prédios de grandes cidades do Brasil à noite, durante o intervalo de tempo dos protestos. Às vezes acontecem mais cedo, mas geralmente começam às 20h30.
Para Giselle Beiguelman, artistas e professora da Faculdade de Urbanismo da USP, é o ativismo nos tempos de confinamento. Ao Jornal da USP, ela diz que as projeções "ironizam o inacreditável desdém do presidente à gravidade da pandemia do coronavírus" e as projeções "deixam claro que nossas insatisfações estão literalmente subindo pelas paredes".
No dia 7 de abril, aconteceu o #projetaçomundial, com registros de projeções em diferentes lugares do país. A campanha foi criada pelo coletivo Projetemos, que surgiu no começo da crise da pandemia do Brasil, há pouco mais de um mês. Os criadores são Bruno Santos, de Recife (PE), Bruna Rosa, de Brasília (DF) e Felipe Spencer, de São Paulo (SP).
Santos fala que o coletivo se formou em três ondas. A primeira era formada por VJs —videojockeys, que trabalham com projeções— como ele. Na segunda, vieram pessoas de outras áreas e que tinham projetores em suas casas. Depois a terceira onda trouxe dezenas de mensagens sobre qual projetor comprar.
Em uma pesquisa feita pela reportagem em três sites de ecommerce, viu-se que os aparelhos mais vendidos custam entre R$ 1.500 a R$ 2.000. Há mais caros e mais baratos do que os dessa faixa, e a escolha varia de acordo com o que se quer projetar.
Santos fala que não existe um projetor certo. "Depende da distância para a parede, se a parede é lisa ou enrugada, se ela é clara ou escura", diz. Segundo ele, o importante não é fazer espetáculo, mas passar a mensagem.
Caso comprar um projetor não esteja nos seus planos, é possível criar um caseiro como ensina o coletivo Transverso no YouTube. Um dos integrantes, Cauê Maia, fala que as diferenças entre o projetor caseiro e o comercializado são custo e portabilidade. Há ainda os feitos com celular, que servem para pequenas distâncias.
Maia fala que "a força e a intensidade da projeção dependem da potência luminosa". Um projetor caseiro não tem a mesma potência que um industrial, mas são portáteis, e o custo de criá-lo fica entre R$ 150 e R$ 200, um décimo dos comercializados.
Ele aconselha também a comprar lanterna de LED e com foco ajustável, porque ela tem mais potência e facilita no ajuste da imagem projetada.
Abaixo, vídeo do Transverso sobre como fazer a metralhadora poética, nome do projetor caseiro criado pelo coletivo. Depois, a lista de material necessário —à venda em sites de ecommerce de lojas de construção— e dicas para o passo a passo.
Material
- Dois canos de eletroduto (podem ser de outro material, como papelão grosso) com 30 cm de comprimento cada, e um de meia polegada, e outro de três quartos de polegada, para que um entre no outro
- Duas abraçadeiras com três quartos de polegada cada; elas devem ser unidas por um parafuso e uma porca
- Dois parafusos e duas porcas para unir as abraçadeiras, além de manter encaixados os canos e o projetor
- Lanterna de LED de foco ajustável --verifique o diâmetro da saída de luz
- Pedaço de tubo de rolo de papel toalha ou papel alumínio --o rolo deve ter o mesmo diâmetro da saída de luz da lanterna de LED
- Lupa
- Abraçadeira de nylon para prender a lupa
- Fita isolante para prender a capa de slide na saída de luz da lanterna
- Capinha de slide ou dois plásticos unidos com uma brecha entre eles, para colocar o slide no espaço entre as duas lâminas
- Lâmina de transparência --será o plástico usado no retroprojetor
- Cola quente
Na transparência, colocar a mensagem que se quer passar. Pode ser feita com impressoras comuns, de jato de tinta, ou com canetas marcadoras. Caso não tenha transparência, dá para combinar plásticos de cores de diferentes de modo que se faça sombra ou slides antigos de fotos.
Construção
Faça algumas incisões nos canos de meia polegada e três quartos de polegada. Use uma furadeira, estilete, faca, ou o que tiver à mão e capaz de cortar o cano.
No cano externo, faça um corte longitudinal, quase de uma ponta a outra. É por ali que irá correr o parafuso preso ao cano interno. Essa combinação entre canos serve para ajustar o foco, aumentar ou diminuir o tamanho da projeção.
O parafuso do cano interno deve ter uma porca borboleta para fixar os dois canos. Na ponta do cano menor, faça um buraco do diâmetro da lupa para encaixá-la. Use a abraçadeira de nylon para mantê-la presa.
As abraçadeiras de três quartos de polegada serão coladas na ponta oposta à da lente. Uma abraçadeira envolve o cano maior e a outra, a lanterna. Por isso é fundamental saber o diâmetro da lanterna.
O tubo do papel toalha servirá como suporte para a capinha de slide. Cole um ao outro com cola quente e os encaixe com fita isolante na saída de luz da lanterna. Quando for imprimir a mensagem no slide, ou escrevê-la, não se esqueça de fazer no diâmetro na lanterna.
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