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Robôs protegem profissionais e atendem pacientes com covid em SP, RJ e RS

Robô Double é um tablet sobre rodas controlável à distância Imagem: Divulgação/ ConceptMed

Thiago Varella

Colaboração para Tilt

19/04/2020 04h00

Os robôs estão dentre as várias frentes de combate ao novo coronavírus ao redor do mundo. Nas últimas semanas, Tilt noticiou a aceleração do seu uso em alguns países, tanto na saúde quanto em outras áreas. Mas se engana quem pensa que o Brasil está defasado. O país já tem robôs trabalhando na linha de frente dos hospitais.

Um deles é o Double, um robô de telepresença que vêm atendendo pacientes em instituições de saúde de três estados do país. O Hospital das Clínicas, em São Paulo, maior complexo hospitalar da América Latina, recebeu três desses robôs. Eles são responsáveis por realizar a triagem de alguns pacientes.

O Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Rio de Janeiro, e o Mãe de Deus e o Moinhos de Vento, ambos em Porto Alegre, também contam com a invenção.

À distância, uma enfermeira controla o Double e consegue se comunicar com o paciente que chega, realizando a primeira triagem. Com o robô, a enfermeira pode, por exemplo, identificar sintomas respiratórios sem se expôr ao risco de contaminação.

Isso porque o Double é um tablet sobre rodas controlável à distância por meio de um computador ou celular. Quem entra em contato com o robô enxerga, na tela, o rosto de quem o está controlando.

Já o robô conta com a câmera do tablet, microfones, sensores de presença, alto-falante e uma boa mobilidade. Ele sobe e desce rampas e tem uma bateria que dura até dez horas. Ele é ainda capaz de ficar em posições "em pé" ou "sentado", isto é, à altura de 1,50 m ou 1,19 m, respectivamente.

"É como se o médico pudesse ter a mobilidade que teria no hospital, mas sem estar fisicamente presente", afirmou Melina Yasuda, executivo-chefe da Pluginbot, a startup responsável por colocar o Double no Hospital das Clínicas.

O médico Luciano Eifler, diretor da empresa de soluções de saúde ConceptMed, também é um entusiasta do Double. Em parceria com a empresa Wishbox, implantou o robô nos hospitais brasileiros.

"O robô permite que especialistas de qualquer outra área atuem nesses hospitais. Conseguimos trazer para dentro do hospital gente com muita experiência e médicos internacionais", afirmou.

Além disso, o Double possibilita que o paciente de covid-19 seja visitado por parentes e amigos de maneira remota. Além disso, especialistas de apoio, como psicólogos, também podem atender, sem correr riscos.

Eifler, que trabalha com tecnologia desde 2014, conheceu o Double quando o robô ainda não era usado na medicina, mas na visitação em museus. "A pessoa 'incorporava' no robô e ia visitar o Louvre, por exemplo", contou.

O médico gostou tanto que usa um na casa do próprio pai. Eifler, que é cirurgião, está trabalhando na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Para não infectar a família e manter o isolamento social, ele vive em um hotel em Porto Alegre e trabalha em hospitais da cidade.

Mas, para conseguir visitar o pai, que é um médico aposentado de 88 anos, Eifler usa um Double. Do hotel, o médico usa o celular para circular pela casa do pai por meio do robô.

"A telepresença é uma nova maneira de nos comunicarmos. E não estou falando em Vale do Silício, mas, sim, de Porto Alegre", disse.

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