Coronavírus já se transformou em 30 cepas, dizem cientistas chineses
Pesquisas sobre o coronavírus apontam que o SARS-CoV-2, que causa a covid-19, já deu origem a mais de 30 cepas diferentes. As cepas são alterações morfológicas, uma espécie de evolução do vírus inicial.
O estudo foi feito por cientistas da Universidade de Zhejiang e disponibilizada online em uma versão pré-publicação neste domingo (19).
Segundo o jornal South China Morning Post, as cepas do coronavírus possuem níveis de carga viral diferentes, o que as tornam mais perigosas. Uma dessas variações pode carregar até 270 vezes mais carga viral. Isso quer dizer que uma pessoa infectada produz 270 vezes a quantidade de vírus que uma pessoa contaminada hoje em dia.
"O Sars-CoV-2 adquiriu mutações capazes de alterar substancialmente sua patogenicidade", escreveu a epidemiologista Li Lanjuan, responsável pelo estudo, que ainda não foi revisado.
Em março, antes que o estado de pandemia fosse decretado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), cientistas chineses já haviam identificado pelo menos duas cepas do coronavírus.
A multiplicação de diferentes cepas pode explicar porque alguns casos de covid-19 são mais agressivos. Além disso, também fica mais difícil combater a infecção.
A pesquisa de Li mostra que a versão do coronavírus que se espalhou pela Europa e Nova York era muito mais potente do que aquela que atingiu outras partes dos Estados Unidos, como Washington.
Aqui no Brasil, o genoma do vírus já foi sequenciado algumas vezes. Na primeira vez, o procedimento foi feito para entender qual era sua carga genética.
Outro desses processos, o primeiro feito na Amazônia, revelou que o coronavírus já tem 11 mutações em relação ao que foi sequenciado em São Paulo, em fevereiro deste ano. Isso aponta para a circulação de linhagens diferentes do vírus no país. A amostra do vírus foi feita no dia 16 de março com material colhido de um paciente infectado na Espanha.
A diferença encontrada entre os vírus dentro do nosso país é maior do que as do vírus original de Wuhan, na China, onde foram registrados os primeiros casos da covid-19. Ao todo, foram nove mutações diferentes achadas no coronavírus da Amazônia em comparação ao chinês.
A pesquisa foi feita na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia, em Manaus, e coordenada pelo cientista na área de virologia e biologia molecular, Felipe Naveca.
A gente não tem ainda como saber se essas mutações da China para cá já são alguma coisa que terá impacto do ponto de vista clínico. A priori não tem nada que a gente possa dizer que a mutação aqui está relacionada a um aumento de virulência desse vírus
Felipe Naveca
O sequenciamento deixa claro que o vírus está em evolução. Isso, no entanto, não quer dizer que o coronavírus esteja causando problemas mais graves no ser humano.
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