Qual é o jeito certo de usar água sanitária para combater o coronavírus?
Sem tempo, irmão
- Água sanitária deve ser diluída em água para ser usada com segurança
- Proporção correta para diluir a substância varia de acordo com a finalidade
- Recomenda-se usar luvas para evitar o ressecamento da pele
- Se houve ingestão da substância, é recomendável procurar ajuda médica
Todo mundo já sabe que água com sabão e álcool têm formado uma dupla dinâmica na prevenção ao novo coronavírus, mas a água sanitária resolve na hora da limpeza pesada ou da higienização de alimentos. Tome cuidado: por se tratar de uma substância muito poderosa, ela deve ser administrada com mais cuidado.
O que a água sanitária faz?
A água sanitária que a gente compra no mercado é a diluição de um sal (NaClO, hipoclorito de sódio) em água —ou seja, apesar de ser chamada de cloro, é, na verdade, hipoclorito, um derivado do cloro.
"Mesmo sendo uma solução diluída, a água sanitária, como é vendida ao consumidor, ainda é muito agressiva e não deve ser usada pura", diz Antonio Florencio, doutor em química pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
O que fazer então? Colocar mais água. Ao contrário do que muitos pensam, ao fazer isso você não está "enfraquecendo" a substância, mas sim mudando algumas características dela.
Diluído em água, o hipoclorito de sódio passa por hidrólise e assim surge o ácido hipocloroso (HClO), uma substância antisséptica.
Por que a água sanitária inutiliza bactérias e vírus?
Em contato com as estruturas tridimensionais dos micro-organismos, o alto fator pH da água sanitária (em torno de 11,5 e 13,5) afeta o funcionamento das proteínas e enzimas que eles usam para sobreviver.
Quando a água sanitária é diluída, temos o surgimento do ácido hipocloroso, um poderoso oxidante. "Aí, ela promove mudanças químicas em componentes de vírus e bactérias o suficiente para destruí-los", acrescenta Laura de Freitas, doutora em biociências e biotecnologia pela Unesp.
Quais são os riscos à saúde?
Antes de mais nada, reiteramos o óbvio: jamais beba ou injete no seu corpo água sanitária ou outro tipo de solução ou produto com a substância. Isso porque na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou problemas quando sugeriu sarcasticamente que as pessoas poderiam tentar a injeção de desinfetantes ou de outros produtos de limpeza para se "curar" do coronavírus. Resultado: mais de 30 americanos receberam atendimento médico por dar ouvidos ao político.
Ao usar em alimentos, use água em abundância. "Primeiro é necessário lavar os vegetais com bastante água corrente. Depois deve-se deixá-los submersos por pelo menos 15 minutos", reforça Álvaro Pulchinelli, toxicologista do Fleury Medicina e Saúde. Depois disso, enxágue os alimentos em água corrente para tirar possíveis resíduos de água sanitária.
Se for usar a água sanitária na limpeza, o recomendado é que, independentemente da concentração, use luvas. A água sanitária provoca o ressecamento da pele, retirando toda a camada de proteção da epiderme e facilitando o desenvolvimento de dermatites e infecções secundárias. "Quanto maior a exposição a esta substância química, em termos de frequência, maior a lesão", afirma Ana Célia Xavier, dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
E mesmo usando luvas, é recomendado lavar bem as mãos e aplicar hidratante após utilizar o produto, garantindo assim que não haja resquícios da substância na pele. Já se houver contato com mucosas, com a boca ou os olhos, o melhor a se fazer é lavar em abundância.
Já no caso de ingestão acidental, o melhor a se fazer é procurar um médico. "Não se deve provocar o vômito. É recomendável procurar assistência médica ou contatar o centro de intoxicações da região", afirma Pulchinelli.
Caso você tenha animais de estimação, é importante mantê-los distantes enquanto se limpa ambientes com água sanitária. Se a limpeza for do chão, por exemplo, só se deve deixar os bichinhos circularem pelo local depois que ele estiver totalmente seco.
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