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Como o Google quer fazer você esquecer do Zoom para videoconferências

Tela do Google Meet, a plataforma de chamadas de vídeo e voz do Google - Divulgação/Google
Tela do Google Meet, a plataforma de chamadas de vídeo e voz do Google Imagem: Divulgação/Google

Helton Simões Gomes

De Tilt, em São Paulo

29/04/2020 07h00

Sem tempo, irmão

  • Ilustre desconhecido até o início da pandemia, Zoom ganhou muitos usuários
  • Plataforma era usada por 10 milhões de pessoas; agora, são 300 milhões
  • Tanto sucesso chamou a atenção de hackers e trouxe problemas de segurança
  • O rival agora é uma ameaça maior para os negócios: o Google
  • A empresa libera o Meet, seu serviço de videoconferência pago

Até a pandemia de coronavírus começar, você mal sabia o que era Zoom. Mas com a quarentena, a plataforma de videoconferências explodiu em usuários e revelou problemas de segurança. Agora, a empresa chamou a atenção de um rival de peso: o Google, que nesta quarta-feira (29) liberou de graça o Meet, sua ferramenta paga para chamadas de vídeo e voz. Como a liberação deve ser gradual, não se assuste se você não conseguir acessar a ferramenta imediatamente.

Criado em 2011 por um imigrante chinês, o Zoom foi um dos maiores beneficiados pelo isolamento social. Com tanta gente em casa, a plataforma foi adotada para trabalho remoto, ensino à distância e até para aniversários online. Pulou de 10 milhões de usuários em dezembro de 2019 para 300 milhões em abril deste ano.

Já o Google não é nenhum estreante, mas surfou esta onda de forma mais tímida. Lançou o Hangouts em 2010 e o Meet em 2018. Essa última plataforma, mesmo restrita a pagantes, ganhou 3 milhões de novos usuários por dia nesta pandemia.

Apesar de não dizer com todas as palavras, o Google quer virar esse jogo. "Eu não acho que pensamos muito sobre derrotar [o Zoom], mas pensamos no valor que estamos trazendo para os usuários", afirma Smita Hashim, diretora de produto do Meet, em entrevista a Tilt.

"Vamos continuar a ver os usuários fazendo sua escolha, seja pelo Zoom, o Meet, [Microsoft] Teams, Messenger do Facebook ou WhatsApp. Mas, do nosso ponto de vista, nós queríamos ter certeza que aceleramos e ampliamos o alcance do nosso mais novo produto a um passo rápido para todos os usuários", explica Hashim.

Até agora, o Meet era um dos produtos que vinha dentro do G Suite, o pacote de produtividade do Google. Os preços variam de R$ 24,3 (plano Basic) a R$ 112 (plano Enterprise). Entre as vantagens para assinantes estão o acesso a conta comerciai do Gmail e maior capacidade de armazenamento. Os não-assinantes do G Suite até podiam participar de reuniões feitas pelo Meet, mas não iniciar uma.

Com a mudança, qualquer usuário poderá iniciar videoconferências pelo Meet, ainda que não possuam conta no Google. Os encontros poderão reunir até 100 pessoas, mesma quantidade da versão gratuita do Zoom, que permite até 500 no plano pago.

Normalmente, as reuniões têm duração de uma hora. Mas no período em que a promoção vigorar, poderão durar até 24 horas. No Zoom, esse limite é de 40 minutos na versão gratuita.

O Meet possui ainda outras funções, como ajuste automático da luz em videoconferências e o cancelamento de ruídos para evitar que vaze o som de portas batendo ou de cachorros latindo. Essas ferramentas foram adicionadas na semana passada, como um preparativo para abrir a plataforma para uma plateia mais ampla.

Com essas novidades, foi adicionada também a possibilidade de ver os vídeos dos participantes em uma grade com até 16 telas, característica a que usuários do Zoom estão acostumados.

Segurança

Para Hashim, uma das grandes vantagens do Meet é a segurança. É o moderador quem controla a entrada na reunião de participantes não convidados previamente. Além disso, as conversas são criptografadas enquanto ocorrem e caso sejam gravadas e guardadas no Drive.

Esse é um tópico sensível para o Zoom. A empresa repassou dados para o Facebook e tinha modelos frágeis de controle para a entrada de pessoas em videoconferências. Todas essas brechas foram corrigidas, mas geraram uma aura de desconfiança na plataforma.

O Meet poderá ser usado gratuitamente até 30 de setembro. Segundo Hashim, o prazo foi fixado nesta data porque é quando a quarentena deve acabar em alguns países. Isso pode mudar conforme governos ampliarem o isolamento social.