Ficção? Cientistas alteram genes e criam planta que brilha no escuro
Sem tempo, irmão
- Cientistas criaram plantas geneticamente modificadas que emitem brilho
- Brilho é 10 vezes maior do que de estudos anteriores e ocorre em todo ciclo de vida
- Pesquisadores usaram quatro genes de um cogumelo para ativar brilho nas plantas
- Plantas bioluminiscentes podem ser usadas em pesquisas para entender melhor os seres
- No futuro, fala-se em iluminação de vias públicas e plantas ornamentais brilhantes em casa
A ficção científica já imaginou florestas com plantas que brilham no escuro e essa ideia acaba de ficar mais real, graças a um grupo de cientistas russos. Os pesquisadores alteraram genes para criar organismos que brilham mesmo no escuro por todo seu ciclo de vida.
O estudo, publicado na revista Nature Biotechnology nesta semana, mostra uma abordagem diferente para criar plantas que brilham no escuro. Antes, já foram usados genes bioluminescentes de bactérias ou então nanopartículas que gerassem luz. Essas plantas, contudo, não tinham um forte brilho e sofriam de toxicidade, o que foi superado no estudo atual.
A pesquisa foi liderada pelos pesquisadores russos Karen Sarkisyan e Ilia Yampolsky, da Academia Russa de Ciências em parceria com a startup russa Planta. O estudo contou com colaboração de institutos científicos do Reino Unido e da Áustria.
No trabalho, eles utilizaram uma técnica em que o DNA de cogumelos bioluminescentes foram usados para criar plantas que brilham até 10 vezes mais do que as do estudo com genes de bactérias. A planta usada na pesquisa russa é o tabaco.
Por meio da pesquisa, eles fizeram com que plantas emanassem uma luz verde por todo o seu ciclo de vida. A ideia do estudo era utilizar a bioluminescência comum a diversos organismos vivos - o exemplo mais simples é o dos vaga-lumes.
Apesar de ser comum para alguns seres vivos, essa bioluminescência, pela qual uma enzima age sobre alguns químicos chamados luciferina no organismo e libera energia em forma de luz, não é natural em plantas,
Nesse estudo, cientistas se aproveitaram do processo descoberto recentemente pelo qual fungos emitem luz. Isso foi importante, já que o alvo foi um composto químico que é naturalmente produzido por todas as plantas, o ácido cafeico.
Os cientistas introduziram quatro genes de um cogumelo chamado Neonothopanus nambi no DNA das plantas de tabaco. Os genes são os responsáveis por transformar o ácido cafeico na luciferina que emite energia na forma de luz, antes de transformar a substância resultante novamente em ácido caféico.
"Nós mostramos que dá para transferir quatro genes desses cogumelos que brilham no escuro para plantas e aí acoplá-los dentro do metabolismo delas. Assim, a planta começa a brilhar no escuro", afirmou à emissora norte-americana CNN Karen Sarkisyan, CEO da Planta, a startup que liderou a pesquisa.
Segundo os pesquisadores, o resultado são plantas que brilham a olho nu tanto no escuro quanto durante o dia. A pesquisa apontou que as flores são as áreas mais brilhantes e que a luminosidade variava: ela diminui em folhas mais velhas e aumentava em machucados das folhas.
Os pesquisadores apontam que a técnica pode ser usada por cientistas para entender ainda mais processos naturais desses organismos.
"No futuro essa tecnologia pode ser usada para visualizar atividades de diferentes hormônios dentro das plantas durante seu ciclo de vida, de forma não-invasiva. Pode também ser usado para monitorar a resposta das plantas a estresses ou mudanças no ambiente", aponta Sarkisyan ao The Guardian.
A pesquisa ainda afirma que outras plantas.- como petúnias e rosas - podem se adaptar para emitirem o brilho. No futuro, as plantas podem ser adaptadas para mudar sua cor, brilho ou até responder ao ambiente externo em que está.
Muito se fala ainda de que plantas do tipo no futuro podem virar parte da iluminação pública de cidades. Além disso, elas podem se tornar um novo ornamento de casas - já imaginou uma árvore de Natal sem precisar de pisca-pisca?
Cientistas, contudo, ressaltam que, a princípio, o estudo servirá mais para revolucionar a pesquisa em plantas.
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