Inspirado em casco de camelo, pneu inovador será usado em viagens à Lua
Se os planos da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) derem certo, daqui a nove anos haverá um grupo de astronautas japoneses na superfície da Lua. Se não houver nenhuma missão tripulada ao nosso satélite até lá, a visita seria a primeira desde a missão Apollo 17, realizada em 1972 e a última a levar humanos até solo lunar.
É claro que ir à Lua não é um passeio no parque: uma missão do tipo requer uma boa dose de preparação. E uma estrela desse "rolê" é um veículo espacial pressurizado, capaz de levar até quatro astronautas e que, segundo previsões, deverá rodar por mais de 9,6 mil km pela superfície lunar. A distância é muito maior do que os 35 km que os astronautas da Apollo 17 percorreram a pé na década de 1970.
E isso só será possível devido a pneus especiais que, entre outras tecnologias, emulam cascos de camelo.
A empresa responsável por desenvolver esses pneus é a japonesa Bridgestone, que usou um conceito chamado biomimética. A técnica consiste em projetar objetos tendo como inspiração entidades biológicas.
No caso do pneu do carro lunar, a empresa estudou a forma como os cascos de camelos interagem com a areia do deserto, obtendo tração para se movimentar.
Isso resultou em rodas com formato de "V", como se fossem dois pneus colados lado a lado. Já a sua superfície tem ranhuras que lembram as de um novelo de lã enrolado com fios de aço, o que permite afundar levemente na poeira fina da superfície lunar e, a partir daí, otimizar a tração.
No interior, haverá uma espécie de rede de placas de metal, que acabam agindo como molas e servem para dissipar impactos e dar uma dose de flexibilidade à estrutura.
Apesar de já ter um formato definido, ainda falta sabermos muitos detalhes e especificações, como quais materiais exatamente serão usados, o tamanho e o peso de cada pneu. Entretanto, a Bridgestone afirma, de forma preliminar, que provavelmente cada pneu será bem pesado.
O que acontece se um pneu furar?
Na verdade, nada. Isso porque os pneus do veículo lunar foram projetados não para ser inflados, mas para se manter em uso devido a uma série de estruturas metálicas que ajudam a preservar sua forma o máximo possível.
E se houver outros tipos de danos aos pneus?
De acordo com a Bridgestone, esse seria o pior cenário possível. Devido ao provável peso da peça, não será levado nenhum item sobressalente. A empresa afirma trabalhar com um cenário no qual o pneu seja durável o suficiente para não apresentar nenhuma falha na superfície lunar.
Quais as principais ameaças a essas peças?
O solo lunar, composto de poeira e pedras, por si só representa um desafio à durabilidade dos pneus. Ele, porém, não está sozinho: a temperatura na Lua pode variar dos -184º C da noite aos 214º C do dia. Além disso, há a radiação do espaço, que pode acelerar a degradação de determinados tipos de materiais.
Os pneus terão rodas específicas?
Na verdade, o projeto envolve construir pneus e rodas como uma peça única, integrada. É um conceito bastante diferente do que vemos, por exemplo, em automóveis.
Quais tecnologias desse pneu poderiam ser usadas aqui na Terra?
De acordo com a Bridgestone, a inovação mais importante é a criação de um pneu funcional que não precise ser inflado por ar, e esse conceito pode ser usado em automóveis, bicicletas e outros veículos.
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