Ampliação de rodízio frustra motoristas de app, afetados por baixa demanda
A ampliação do rodízio em São Paulo não agradou os motoristas de aplicativo. Pegando menos corridas por causa das medidas de isolamento social, a categoria lamenta ter sido incluída na medida que, a partir de segunda-feira (11), fará com que carros circulem dia sim, dia não, pela capital paulista, de acordo com o número do final da placa.
Assim como as pessoas donas de carros comuns, quem trabalha como motorista particular de Uber, 99, Cabify e afins terá que seguir a determinação da prefeitura. Isentos do rodízio normal, táxis estão liberados para circular todos os dias da semana.
"O prefeito tomou essa medida que prejudica aqueles que já são bem prejudicados", lamentou Eduardo Lima de Souza, presidente da Amasp (Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo).
Segundo Souza, há mobilização da categoria para reverter a situação, sob o argumento de que o serviço prestado por eles é considerado essencial.
Ele também diz que uma parcela significativa da demanda atual corresponde a levar pacientes, médicos e funcionários do ramo da saúde aos hospitais.
"Essa situação vai prejudicar tanto os motoristas de aplicativo quanto os agendes de saúde e médicos. Uma chamada que leva cinco minutos para o veículo estar na porta vai demorar de dez a 15 minutos", analisou.
Souza considera a iniciativa da prefeitura "importante" e não é necessariamente contrário à ideia da ampliação do rodízio, mas defendeu que motoristas recebam isenção para realizar seu trabalho.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) justificou a medida como necessária para que a prefeitura "evite ter que decretar um lockdown" na cidade.
A Amasp enviou na noite nesta quinta-feira (7) uma carta a Covas formalizando o pedido de mudança.
"Estamos atuando com todo cuidado recomendado pela Prefeitura, (...) na disposição de ajudar ao combate ao mesmo tempo em que transportamos os profissionais dos serviços essenciais e as pessoas que necessitam atendimento médico ou hospitalar, ou que estejam entrando e saindo dos hospitais com alta médica", diz o texto, que conclui solicitando a "redefinição das restrições" aos motoristas.
Apps orientarão motoristas
Atentos à decisão da prefeitura, os aplicativos 99 e Cabify disseram que buscarão orientar motoristas sobre como seguir as novas regras.
A Cabify informou que, após saber da ordem, "está desenvolvendo projetos com parceiros que visam a segurança financeira e proteção dos condutores". A empresa também lançou um serviço de entregas de objetos, no qual não há contato físico e são tomadas precauções sanitárias.
A 99 afirmou que "a saúde e segurança dos motoristas parceiros e passageiros é prioridade para a empresa" e que tem adotado medidas como a doação de 60 mil corridas para o transporte de profissionais municipais de saúde em São Paulo. O valor destas corridas é integralmente destinado aos motoristas.
Tilt entrou em contato com Uber e a Prefeitura de São Paulo, mas não obteve resposta até a publicação desta notícia.
Demanda reduzida no mundo todo
Assim como outros setores, motoristas de aplicativo do mundo todo têm sofrido com a queda de demanda provocada pelas medidas adotadas para reduzir o contágio do novo coronavírus. No fim de março, o executivo-chefe da Uber, Dara Khosrowshahi, afirmou a investidores que a empresa notou uma queda de demanda de 60 a 70% nas cidades mais afetadas pela covid-19 nos Estados Unidos.
Aqui no Brasil, não se sabe de estudos concretos sobre este impacto, mas motoristas relataram uma queda acentuada no movimento. Em depoimento a Tilt, o condutor Yan Brauer, que atua em São Paulo, estimou que sua demanda de corridas diminuiu cerca de 90%.
Motoristas estão no grupo que pode solicitar o Auxílio Emergencial de R$ 600 do governo federal, mas Souza relatou que não foram todos que conseguiram receber o benefício. Diante deste cenário, a categoria olha com otimismo para um projeto de lei protocolado na noite da última terça-feira (5) na Câmara dos Vereadores de São Paulo.
Trata-se de um Auxílio Emergencial para os motoristas de apps e condutores de transporte escolar, que pagaria R$ 1.000 por três meses a taxistas e motoristas de aplicativo. O valor seria financiado por leilões dos créditos de quilômetros para o uso do viário urbano.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.