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Três vezes maior que Júpiter, planeta descoberto é o novo gigante espacial

Planeta Kepler-88 D e sua localização no sistema estelar Kepler-88 - Observatório W. M. Keck/Adam Makarenko
Planeta Kepler-88 D e sua localização no sistema estelar Kepler-88 Imagem: Observatório W. M. Keck/Adam Makarenko

Daniel Dieb

Colaboração para Tilt

13/05/2020 16h32

Sem tempo, irmão

  • Novo planeta descoberto, Kepler-88 D, tem três vezes o tamanho de Júpiter
  • Ele fica a 1.200 anos-luz da Terra, na constelação de Lira, a Harpa
  • Planeta influencia órbita de vizinhos do sistema que integra, o Kepler-88
  • Descoberta pode esclarecer papel de planetas gigantes na formação de outros menores

Se o maior planeta de nosso sistema solar, Júpiter, já é grande, imagine um com três vezes a massa dele. Trata-se de Kepler-88 D, planeta do sistema estelar Kepler-88 descoberto por astrônomos do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí.

Localizado na constelação de Lira, a Harpa, a 1.200 anos-luz da Terra, Kepler-88 D leva quatro anos para completar uma volta ao redor da Kepler-88, a estrela que dá nome ao sistema do qual faz parte. A órbita dele é elíptica.

Os pesquisadores se basearam em seis anos de dados coletados pelo Observatório W.M. Keck, também no Havaí, para sustentar a descoberta.

Ela pode levar a novos pistas sobre o papel de planetas gigantes na formação de outros planetas, como acredita-se que tenha sido o caso de Júpiter no nosso sistema solar.

A teoria é que eles, massivos e com enorme força gravitacional, tenham contribuído para o desenvolvimento de planetas rochosos, como a Terra, ao direcionar para cá cometas que carregavam água.

O sistema Kepler-88 chamava a atenção de astrônomos desde 2012, quando foram descobertos dois de seus exoplanetas, Kepler-88 C e Kepler-88 B. O primeiro tem massa equivalente à de Júpiter e é vinte vezes maior que o segundo, um planeta gasoso.

Com seu tamanho e força gravitacional, Kepler-88 C influencia a órbita de Kepler-88 B, um pouco menor que Netuno. A dinâmica de influência entre esses dois planetas é chamada de ressonância.

Kepler-88 B completa sua órbita em onze dias, metade dos 22 que leva Kepler-88 C. A cada duas voltas realizadas, Kepler-88 B recebe um "impulso" de Kepler-88 C, de acordo com nota divulgada pelo Observatório W.M. Keck. Isso leva a uma variação no tempo de órbita do Kepler-88 B.

Essa característica é chamada de variações de tempo de trânsito (VTTs) e foi observada pelo telescópio espacial Kepler, que encerrou suas atividades em 2018.

VTTs já foram detectadas em outros planetas e sistemas planetários, mas o Kepler-88 B se destaca por ter uma das maiores variações de tempo. Ele pode terminar sua órbita doze horas mais cedo ou mais tarde.

Com a descoberta de um planeta massivo como o Kepler-88 D, astrônomos têm de lidar com mais uma variável para entender o funcionamento do sistema estelar Kepler-88.

"É provável que Kepler-88 D tem sido mais influente na história do sistema Kepler-88 do que o então chamado 'Rei,' o Kepler-88 C, que tem a massa de Júpiter", disse a doutora Lauren Weiss, líder do grupo de pesquisadores que fez a descoberta. "Então, Kepler-88 D é o novo monarca supremo desse império planetário — uma imperadora", completa.