Missão quase impossível da Nasa desvenda mistério da neblina azul de Plutão
Sem tempo, irmão
- A Nasa usou um telescópio em um Boeing 747 para fazer algo quase impossível
- Detectou um evento raro que só durou 2 minutos; o esforço desvendou o mistério da neblina azul de Plutão
- A descoberta foi do Sofia, o observatório voador, que identificou micropartículas suspensas na atmosfera de Plutão
- Devido ao tamanho bastante reduzido, elas refletem apenas luz azul do espectro solar
- Dados indicam que renovação dos gases atmosféricos é mais rápida do que se pensava
- Isso quer dizer o colapso atmosférico de Plutão pode não ocorrer ou ser mais lento
Mesmo após ser classificado em 2006 como planeta-anão, Plutão continua a instigar cientistas e novos dados estão ajudando a desvendar os mistérios sobre sua atmosfera azulada.
Na última semana, a Nasa revelou que uma missão quase impossível em 2015 trouxe uma nova expectativa sobre o fim de Plutão, dado quase como certo pelos cientistas que estudam planetas-anões.
Essa missão incomum começa com o tipo de ferramenta usada. Os dados foram obtidos pelo Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha (Sofia, na sigla em inglês). Acontece que Sofia é um telescópio de 106 polegadas montado em um avião Boeing 747, iniciativa conjunta entre Nasa e Centro Aeroespacial Alemão. Enquanto o avião voa pelo planeta, o equipamento faz observações dentro do Sistema Solar.
A missão quase impossível da Nasa
Foi em um desses sobrevoos que o Sofia capturou imagens de Plutão, e os cientistas puderam identificar a origem do tom azulado que reveste o planeta.
As informações foram coletadas em junho de 2015, quando uma ocultação - um tipo de eclipse - deixou a sombra de Plutão visível no Oceano Pacífico, próximo à Nova Zelândia, depois de viajar a 85 milhões de quilômetros por hora.
O evento é um fenômeno raro e durou pouco tempo. Ocorreu por aproximadamente 2 minutos. Tudo isso complica a vida de quem quer observá-lo. Sabendo que poderia não haver uma próxima oportunidade, a Nasa agiu rápido.
Primeiro, constatou que o Sofia estava a 300 km do local exato em que a sombra ficaria mais evidente. Depois, pediu de última hora ao controle de tráfego aéreo da Nova Zelândia uma autorização para o plano de voo. Com isso, conseguiu que o observatório móvel chegasse ao local correto exatamente no momento esperado. E o que ele encontrou lá pode mudar nossa compreensão sobre Plutão.
As micropartículas da atmosfera azulada
Os cientistas já sabiam que a atmosfera gasosa de Plutão é formada majoritariamente por gás nitrogênio e quantidades menores de metano e monóxido de carbono após a sublimação do gelo da superfície banhada pela luz solar.
Quando entram na atmosfera, que se estende a mais de 32 Km a partir do solo, formam-se partículas de neblina. Isso ocorre devido à reação do metano e outros gases com a luz solar. Essas micropartículas caem lentamente em direção ao solo, em um processo que pode durar anos enquanto mais neblina é suspensa relativamente rápido, garantindo a manutenção dos gases atmosféricos.
O que as observações do Sofia revelaram é que essas partículas são extremamente pequenas. Têm de 0.06 a 0.10 mícrons. Isso equivale a cerca de um milésimo da espessura de um fio de cabelo humano.
Devido ao tamanho minúsculo, as partículas são capazes de refletir apenas a faixa de frequência correspondente à luz azul do espectro solar. É isso que explica a tonalidade da atmosfera do pequeno planeta.
Essas informações foram captadas duas semanas antes de a sonda New Horizons passar por Plutão em julho de 2015. Com elas, os especialistas conseguiram aprofundar a compreensão sobre as características do planeta-anão.
Enquanto a New Horizons revelou a existência das partículas atmosféricas, o Sofia coletou detalhes sobre o tamanho delas e seu comportamento.
Plutão vai continuar existindo?
Os achados do Sofia em conjunto com as informações coletadas pela New Horizons trouxeram uma nova perspectiva para o que pode ser o futuro de Plutão.
Anteriormente, a expectativa dos especialistas era de que, em algum momento, o planeta sofreria um colapso atmosférico. Isso porque, à medida que os planetas-anões se afastam do Sol, menor é a quantidade de gelo sublimado para a atmosfera, o que diminui o volume de gases.
No entanto, as novas informações mostram que a névoa atmosférica de Plutão se torna mais espessa e desaparece em ciclos de alguns anos. Enquanto isso ocorre, mais neblina está se formando a um ritmo relativamente rápido, o que permite que novas partículas fiquem suspensas.
Para Michael Person, líder do estudo publicado na revista científica Icarus e diretor do Observatório Astrofísico Wallace, o planeta-anão continua sendo um mistério, mas aumentou a esperança de que ele não deixe de existir tão cedo:
"A atmosfera de Plutão pode entrar em colapso mais lentamente do que o previsto anteriormente, ou talvez isso nem mesmo aconteça. Temos que continuar monitorando para descobrir"
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.