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Rajadas de rádio: cientistas descobrem novas pistas sobre mistério espacial

Ilustração com sugestão de uma rápida rajada de rádio atingindo a Terra, com cores significando diferentes comprimentos de onda - Jingchuan Yu, Planetário de Pequim
Ilustração com sugestão de uma rápida rajada de rádio atingindo a Terra, com cores significando diferentes comprimentos de onda Imagem: Jingchuan Yu, Planetário de Pequim

Naiara Araújo

Colaboração para Tilt

11/06/2020 12h09

Sem tempo, irmão

  • Rajada rápida de rádio libera em um milissegundo mais energia que o Sol em 80 anos
  • Origem das explosões ainda é desconhecida entre astrônomos
  • Primeira vez que identificaram uma rajada rápida de rádio foi em 2007
  • Em janeiro deste ano, um grupo de astrônomos descobriu um FRB com ciclo de 16 dias

Uma recente descoberta sobre clarões observados no espaço profundo pode esclarecer um misterioso fenômeno astrofísico que tem sido estudado há 13 anos. Trata-se da rajada rápida de rádio —em inglês, Fast Radio Burst (FRB).

A novidade, divulgada nesta segunda-feira (8) na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, é que um grupo de astrônomos da Inglaterra conseguiu identificar que algumas dessas explosões são cíclicas. No caso mais recente, elas se repetem a cada 157 dias.

O que são rajadas rápidas de rádio?

As rajadas rápidas de rádio, popularmente chamadas de clarões, são explosões que podem liberar, em um milissegundo, a mesma energia que o Sol emite em quase um século. Ou seja, um fenômeno de alta energia que ainda é um mistério para a comunidade científica.

A primeira vez que um FRB chamou a atenção dos cientistas foi em 2007. Desde então, eles conseguiram observar que nem todas as rajadas se repetem e que o curto período de tempo da atividade dificulta os estudos.

Sendo assim, qualquer nova pista é bem recebida pela comunidade e pode trazer esclarecimentos sobre esse fenômeno. Isso porque, mesmo depois de tantos anos, a origem dessas rajadas ainda é desconhecida.

Novas informações

Um grupo de astrônomos monitora há cinco anos o FRB 121102 com o Telescópio Lovell, do Jodrell Bank Observatory, na Inglaterra. Foi a partir desse trabalho de estudo e monitoramento que eles identificaram o ciclo de atividade de 157 dias.

Com base nos estudos, tudo indica que o FRB 121102 dispara rajadas por 90 dias e depois fica sem atividade por outros 67 dias. De acordo com os cientistas, ainda não está claro o que está por trás da periodicidade das explosões. Mesmo assim, eles têm alguns palpites.

O grupo de astrônomos envolvido nos estudos das rajadas rápidas de rádio acredita que os ciclos aconteçam pela oscilação no eixo rotacional de uma estrela de nêutrons altamente magnetizada. Ou ainda pelos movimentos orbitais de uma estrela de nêutrons em um sistema binário.

"Esta emocionante descoberta destaca o quão pouco sabemos sobre a origem dos FRBs", afirmou Duncan Lorimer, reitor associado de pesquisa da Universidade de West Virginia e coautor do estudo. "Serão necessárias mais observações de um número maior de FRBs, para obter uma imagem mais clara sobre essas fontes periódicas e elucidar sua origem."

De acordo com especialistas, até o momento, mais de 100 rajadas rápidas de rádio foram observadas no espaço profundo. Em janeiro deste ano, os cientistas descobriram o FRB 180916.J0158+65, que tem um ciclo de atividade de 16 dias. Segundo os astrônomos, ele dispara rajadas por um período de quatro dias e depois de uma pausa de 12 dias retoma a atividade.