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Homem-Pateta: perfis no Facebook assustam e induzem crianças ao perigo

Naiara Araújo

Colaboração para Tilt

25/06/2020 14h35

Sem tempo, irmão

  • Homem com fantasia de Pateta atrai crianças para conversas privadas em rede social
  • Perfis já eram conhecidos em espanhol, mas foram identificados em português recentemente
  • Responsáveis pelas páginas falsas enviam mensagens que causam medo e podem levar ao suicídio
  • Polícia Civil de SC alerta adultos sobre perigos da internet para crianças e adolescentes

Um alerta da Polícia Civil de Santa Catarina, emitido na semana passada, está chamando a atenção para conteúdo viral misterioso e apontado como perigoso, como os da Baleia Azul e da boneca Momo. Foram descobertos novos perfis falsos com o nome de Jonathan Galindo, também chamado "Homem-Pateta", para supostamente atrair crianças e adolescentes no Facebook.

O objetivo das páginas, segundo a polícia, é atrair menores para conversas privadas. Sendo assim, eles enviam mensagens assustadoras e fazem desafios, alguns deles com incentivo ao suicídio.

Os perfis usam como foto principal a imagem de um homem com uma máscara que imita o focinho do personagem Pateta, dos desenhos da Disney. Até a data de publicação desta notícia, os perfis continuavam funcionando na rede social, criados em locais diferentes, como Nova York, Monterrey e Jacarta.

As mensagens das páginas variam entre o português e o espanhol, o que pode indicar que o criador —ou criadores— dos perfis não sejam do Brasil. Em um vídeo encontrado, o homem fala em inglês "Sou eu, Larry". No final do vídeo, muda-se a imagem e o som para dar um susto. Em outros, está sentado no sofá e outro homem adulto senta em seu colo.

O alerta foi divulgado para informar pais, responsáveis e professores sobre o caso. A delegada Patrícia Zimmermann D'Ávila, que coordena a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de Santa Catarina, informa que até o momento o Estado onde atua não recebeu nenhuma denúncia, mas soube que em outros Estados já foram registrados boletins de ocorrência.

"Uma criança sozinha no meio da rua de madrugada é vulnerável e está sujeita a todo e qualquer risco. Na internet é a mesma situação. Infelizmente, existem pessoas que sentem prazer em causar dor e sofrimento nos outros", diz a delegada em entrevista a Tilt.

Segundo informações do Tribunal de Justiça e Polícia Civil de Santa Catarina, esses perfis já eram conhecidos em língua espanhola desde 2017, principalmente no México. O alerta veio na última semana porque, no Brasil, as páginas foram identificadas recentemente. Tudo indica que as pessoas por trás desses perfis estão imitando os que já existiam para compartilhar o conteúdo em português.

Dependendo do teor das mensagens, o caso deve ser enquadrado em um tipo penal específico, que pode variar entre crime de ameaça, perturbação da tranquilidade e até instigação e auxílio ao suicídio.

No geral, são perfis com pouca informação e com convites para um contato privado. Ivan de Souza Castilho, agente da Polícia Civil, explica que, geralmente, eles respondem com vídeos, áudios, mensagens ou videochamada.

"O conteúdo da resposta tem a intenção de causar desconforto, medo e, em alguns casos, tenta provocar o suicídio", conta o agente que integra o Núcleo de Inteligência e Segurança Institucional (NIS) do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).

Para a delegada D'Ávila, uma criança se torna alvo fácil de chantagem em uma conversa privada. Os criminosos podem convencer os menores a tirar fotos nuas ou perder a vida nos casos mais graves. Por isso, ela recomenda que os pais e responsáveis monitorem a atividade dos filhos na internet.

Em resposta a Tilt, o Facebook informou que está investigando o caso e os conteúdos das páginas. Como foram identificados diferentes perfis com o nome Jonathan Galindo, a plataforma presume que trata-se de contas falsas, o que já configura violação das políticas da plataforma. Da mesma forma, promover automutilação e/ou suicídio são condutas não permitidas no Facebook.

A plataforma ainda informou que conta com uma Central de Segurança com orientações de privacidade e segurança, assim como um Portal dos Pais com dicas de especialistas. Vale lembrar que a idade mínima para abrir uma conta na rede social é 13 anos.