Ubers e caminhões autônomos não tiram emprego de motorista, defende Waymo
Sem tempo, irmão
- Carros autônomos já estão nas ruas de algumas cidades do Arizona (EUA)
- Serviço funciona como outros aplicativos de viagem, mas sem motorista
- Sobre tirar emprego de motoristas, empresa diz que tem espaço para todos
- Waymo também promete direção mais segura que a humana
Uma tecnologia que substitui completamente o ser humano na direção de um carro já não é mais ficção científica desde 2018 no estado do Arizona, nos EUA. É lá que a Waymo, unidade de veículos autônomos da Alphabet, empresa dona do Google, já faz testes com passageiros ao estilo Uber. Bom, é o fim do motorista humano? A empresa jura que não.
"Nossa missão é segurança e não acabar com empregos ou retirar pessoas dos seus negócios", disse a gerente de produto da Waymo, Sugandha Sangal, em um webinar do Innovalab — evento online apoiado por Tilt que traz principais líderes na área de tecnologia, ciência e inovação. Ela, no entanto, não citou como isso se daria no ramo dos motoristas profissionais.
Outras empresas como a Tesla e a própria Uber também já pesquisam e fazem testes com suas tecnologias próprias de carros autônomos.
A Waymo já até fornece este serviço no modelo de negócio dos aplicativos como Uber, 99, Cabify e outros. Os usuários do Arizona podem criar um cadastro no app Waymo One no smartphone, com seus dados e um cartão de crédito para a cobrança. Para solicitar a corrida, basta colocar a localização atual e o destino final. O app calcula o tempo de chegada do carro ao local e do trajeto. A única diferença é que não tem motorista.
A empresa opera centenas de minivans autônomas nos subúrbios de Phoenix, no Arizona, e tem uma base de cerca de mil clientes. E para quem estranharia estar em um carro sem um humano atrás do volante, Sangal insiste na tecla da segurança como um pilar da Waymo.
"Nossa missão é construir o motorista mais seguro do mundo e a missão desse 'motorista' é trazer pessoas de um ponto a outro de um jeito mais muito mais seguro [do que o atual feito por humanos]. Segurança é o principal objetivo da companhia", diz.
Até caminhões?
A conversa não para no transporte de passageiros. A executiva defendeu a existência de uma crescente demanda da sociedade por serviços de transporte e logística.
Ao mencionar outro produto da empresa, o Waymo Via, Sugandha Sangal afirmou que há muitas vagas no mundo inteiro para caminhoneiros porque a indústria de logística tem sofrido ao longo dos anos uma redução na oferta de "humanos que desejam trabalhar nesse setor".
"Nós não temos humanos o bastante que desejam fazer esse tipo de trabalho. Já existe uma lacuna entre a necessidade do transporte de mercadorias e a falta de humanos que querem trabalhar no setor. (...) Nós precisamos fazer algo para aumentar a oferta de transporte de mercadorias", explicou, sem detalhar a fonte dessa informação.
Pelo menos no Brasil, a profissão de caminhoneiro é a quinta com mais chances de ser afetada pela evolução da automação segundo levantamento do Laboratório do Futuro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do final do ano passado.
Carro à prova de acidentes?
A empresa afirma que a sua principal missão é aumentar a segurança nas ruas, prevenindo acidentes e fatalidades. A gerente de produto da Waymo defendeu que seus carros autônomos dirigem melhor que o humano.
Os motivos? Porque não se distraem, não ficam cansados, não "ingerem" bebida alcoólica antes de iniciar uma corrida, nem ficam tentados a ultrapassar os limites de velocidade, o que, segundo ela, são as principais causas de acidentes nos EUA.
Sugandha Sangal explicou ainda que os carros autônomos possuem três sistemas (Vision, Lidar e Radar) que permitem aos automóveis "enxergarem e perceberam" outros veículos, transeuntes, semáforos, objetos e intersecções ao redor dele.
- O primeiro funciona como uma câmera que oferece informações similares ao que o olho humano vê quando está atrás do volante;
- O segundo mede a distância dos demais elementos ao redor do carro autônomo --algo importante principalmente quando existe pouca luz e as câmeras não conseguem captar esses objetos e pessoas;
- O terceiro, por sua vez, entende como os elementos externos ao carro se movem e a que velocidade.
Fazendo uso da inteligência artificial, o carro usa uma base de dados coletadas em viagens de campo e simulações. Com as informações captadas pelos sensores, consegue prever os movimentos desses elementos externos, fazer escolhas e, segundo a empresa, evitar acidentes.
No entanto, no começo deste ano uma das minivans autônomas da Waymo se envolveu em um acidente em Tempe, no Arizona. Um ex-funcionário da empresa acabou sendo preso um mês depois de ser acusado de forçar o veículo a bater.
Segundo a imprensa local, o homem de 31 anos dirigia um Mazda de forma imprudente ao redor da minivan, desviando-se eventualmente da frente do carro e acionando os freios, o que fez com que o carro acabasse batendo.
Em 2018, um dos carros da empresa também se envolveu em um acidente em Chandler, também no Arizona. Imagens do veículo mostraram à época que ele não havia sido responsável pelo acidente, e sim o motorista de um Honda que ultrapassou um sinal vermelho. A baixa velocidade com que carro da Waymo era conduzido teria evitado que o acidente tivesse consequências mais graves. Em ambos os casos houve apenas ferimentos leves.
Ao ser questionada sobre como a tecnologia reagiria a emergências fundamentalmente humanas, como ter uma passageira em trabalho de parto, Sugandha Sangal afirmou que apesar de os veículos têm um botão para entrar em contato com os serviços de emergência, a falta do fator humano nesse tipo de situação ainda é um problema sem solução. "É algo que nós devemos pensar sobre", diz.
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