Júpiter ficará em oposição ao Sol nesta terça: veja como olhar no céu
A oposição de Júpiter, um dos eventos astronômicos mais interessantes do ano, acontece nesta terça-feira (14). O planeta gigante gasoso estará perfeitamente alinhado com a Terra e ao lado oposto do Sol, fazendo com que seja o melhor momento para observá-lo no céu.
O maior planeta do Sistema Solar estará em seu ponto mais próximo da Terra e com seu brilho máximo. Astrônomos profissionais e amadores, com telescópios e lunetas, conseguirão ver até as faixas e padrões de sua atmosfera —como a Grande Mancha Vermelha (GMV), que é um enorme furacão— e suas maiores luas, como Io, Ganimedes, Europa e Calisto.
A olho nu também será um belo espetáculo. Júpiter vai nascer em nosso céu com o pôr do sol e ficará visível por toda a madrugada, até o amanhecer.
Como ver?
Logo no início da noite, olhe para leste —o lado oposto ao que o Sol estiver se pondo. Lá estará um ponto bem brilhante, de luz fixa (estrelas cintilam, enquanto planetas cintilam bem menos). Júpiter estará visível na constelação de Sagitário, perto da de Escorpião (uma das mais evidentes no céu de inverno). Para achar a constelação certa no céu, vale usar um app de astronomia como o SkyView.
Por volta da meia-noite, ele chega a seu ponto mais alto, bem no meio do céu, atingindo um brilho de -2.7 magnitudes. Só será desbancado por volta das 5h, quando Vênus, a "Estrela D'Alva", nascerá ainda mais brilhante que ele, com -3.9 magnitudes (quando mais negativo esse número, mais brilhante o astro).
Júpiter é o quarto objeto mais brilhante do nosso céu, atrás do Sol, da Lua e de Vênus. A olho nu, não será possível perceber alguma grande mudança no seu brilho esta noite. Mas para quem estuda o planeta, a oposição é uma data muito importante.
"Quem tem pelo menos um binóculo astronômico vai poder ver alguns pontinhos próximo a Júpiter; são as luas galileanas [satélites naturais do planeta]. Já com um telescópio de 150 mm, seria possível observar alguns detalhes no seu disco", diz Julio Lobo, astrônomo do Observatório de Campinas (SP).
Observado por um telescópio, Júpiter é um globo claro com alguns riscos paralelos escuros, que são as faixas da sua atmosfera. Algumas "estrelas" alinhadas ao seu redor são suas luas —há 69 já conhecidas, de diversos tamanhos. As quatro maiores foram descobertas por Galileu Galilei e, por isso, são chamadas galileanas.
Nesta oposição, o planeta estará a cerca de 620 milhões de quilômetros da Terra —bem perto em parâmetros espaciais. Sua rotação rápida, de menos de dez horas, faz com que em apenas uma noite diversas regiões dele possam ser vistas.
Um astrônomo amador, recentemente, descobriu uma nova mancha em Júpiter. "Mesmo em tempos de sondas espaciais exploratórias, a observação terrestre dos planetas ainda é muito importante", ressalta Lobo. Nas próximas semanas, o planeta seguirá bem brilhante durante toda noite, com ótimas condições de observação.
Com o isolamento social devido à pandemia de covid-19, atividades nos observatórios do país estão suspensas.
O que é oposição?
O arranjo astronômico chamado oposição representa o alinhamento entre o Sol, a Terra e um objeto celeste, nesta ordem, com nosso planeta no centro dessa linha reta. Para nós, o outro planeta está totalmente oposto ao Sol: nasce na hora que o astro se põe, fica visível durante toda a noite e se põe ao amanhecer.
Um planeta superior (que está depois da Terra, desde o Sol), como Júpiter, vive uma oposição e uma conjunção a cada ciclo. A conjunção também é um alinhamento, mas no arranjo Terra - Sol - outro objeto (quem fica no centro é o Sol, e o outro planeta está o mais longe possível).
Já os planetas inferiores que estão entre o Sol e a Terra —ou seja, Mercúrio e Vênus— passam por duas conjunções a cada ciclo: uma na ordem planeta - Sol - Terra, e a outra, Sol - planeta - Terra. Eles nunca vivem uma oposição com a Terra, já que é impossível que a Terra fique no meio.
Veja os detalhes das próximas oposições de Júpiter:
Júpiter tem cerca de 140 mil quilômetros de diâmetro (a largura de 11 Terras lado a lado e 320 vezes a massa do nosso planeta). Mesmo assim, sua densidade é menor que a da Terra: trata-se de um gigante gasoso, formado por hidrogênio e hélio. Desde 1973, ele já foi pesquisado por oito sondas da Nasa. Atualmente, a Juno está orbitando o planeta, coletando informações e belas imagens.
Ainda este mês, há outros eventos astronômicos interessantes, como a oposição de Saturno, no dia 20 de julho, e o ápice da chuva de meteoros Delta Aquáridas do Sul, nos dias 28 e 29.
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