Médicos ressuscitam pulmões humanos "plugando-os" em porcos vivos
Sem tempo, irmão
- Pulmões vieram de vítimas de morte cerebral e iriam para transplante
- Cada pulmão foi conectado a um porco por uma veia no pescoço
- Testes de laboratório confirmaram que pulmões foram ressuscitados
Uma equipe de pesquisadores dos EUA conseguiu restaurar a vida de seis pulmões humanos conectando-os a porcos vivos. Os órgãos vieram de vítimas de morte cerebral, e iriam para pacientes na fila de espera por transplante.
Como os pulmões estavam em condições abaixo das ideais, a maioria dos centros médicos os recusou —a prática é comum; segundo a Associação Americana do Pulmão, cerca de 80% dos pulmões oferecidos para transplante são rejeitados por terem alguma complicação.
Com a recusa, pesquisadores das universidades de Colúmbia e Vanderbilt tentaram um projeto em estudo há oito anos: um sistema para restaurar pulmões avariados.
Cada pulmão foi colocado em uma caixa plástica conectada a um respirador, e cada respirador conectado a uma veia no pescoço de um porco. A ideia era que o sangue do animal fluísse pelos vasos pulmonares do órgão humano.
Os resultados, publicados na última segunda-feira (13) na revista Nature Medicine, são bastante favoráveis: 24 horas após o procedimento, testes de laboratório confirmaram que os pulmões foram ressuscitados e pareciam viáveis para transplante.
Por enquanto, não há planos de usar os pulmões deste estudo em humanos. O motivo é que leucócitos (células brancas que cuidam da defesa do organismo) dos suínos penetraram nos pulmões ressuscitados. A presença de leucócitos suínos poderia causar reações imprevistas nos organismos de humanos que recebessem o órgão.
Se o experimento puder ser reproduzido com os mesmos resultados, é sinal de que é válido. A partir disso, outras pesquisas serão feitas para testar a viabilidade do tal procedimento em humanos.
Hoje, profissionais de saúde usam um sistema mais complexo, chamado perfusão pulmonar ex vivo — técnica que recria um ambiente fisiológico que dá os nutrientes necessários para as células do pulmão—, com resultados pouco satisfatórios. Por isso, o experimento com suínos é razão para otimismo.
Idealmente, no futuro, os próprios pacientes na fila do transplante poderiam dar vida a seus pulmões, que seriam conectados a eles (os pacientes humanos) por meio de um cateter no pescoço.
Se funcionar, a fila de transplantes e o número de pessoas que morre à espera de um órgão viável pode diminuir. Em tempo: segundo os pesquisadores, os porcos passam bem.
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