Com missão a Marte, Emirados Árabes entram para seleto grupo da astronomia
Os Emirados Árabes Unidos lançaram neste domingo (19) a Al Amal, ou "Hope" (Esperança em inglês), sua primeira missão interplanetária rumo a Marte. Nos últimos seis anos, o país do Oriente Médio trabalhou para construir uma espaçonave para orbitar o planeta vermelho e entrar para um seleto grupo de países a conseguir tal feito.
A Al Amal foi lançada às 6h58 e 14 segundos do horário japonês (18h58, horário de Brasília) a partir do centro espacial japonês de Tanegashima, em cima do foguete H-IIA. Apenas Estados Unidos, Índia e a ex-União Soviética, além da Agência Espacial Europeia, colocaram com sucesso sondas ao redor de Marte.
O projeto é gerido pela agência espacial dos Emirados Árabes Unidos com integração do Centro Espacial Mohammed bin Rashid, de Dubai, em parceria com a Universidade do Colorado em Boulder, Universidade Estadual do Arizona e Universidade da Califórnia em Berkeley, todas dos Estados Unidos.
Com custo estimado em US$ 200 milhões, a Missão Emirates Mars, como foi batizada, deve chegar em Marte em fevereiro de 2021 e irá apenas orbitar o planeta. De acordo com o site do projeto, o objetivo é "estudar a dinâmica da atmosfera marciana em escala global e em escalas de tempo diurnas e sazonais".
Para fazer isso, a espaçonave colherá informações para a melhor compreensão da circulação e do clima na atmosfera baixa e média marciana. A Al Amal foi projetada com três instrumentos para estudar a atmosfera de lá: dois vão analisá-la em luz infravermelha e ultravioleta, e um gerador de imagens fará fotos visíveis em cores.
A missão ainda deve verificar os mecanismos por trás do transporte ascendente de energia e partículas e, em consequência disso, compreender como o planeta perdeu parte de sua atmosfera.
Orbitando Marte
A inserção à órbita de Marte não será uma tarefa simples para a sonda. Quase metade do seu combustível é gasto para atingir a velocidade necessária. A queima de combustível dura cerca de 30 minutos e reduz a velocidade da espaçonave de cerca de 121 mil km/h para aproximadamente 18 mil km/h.
Além disso, os sinais de rádio vindos de Marte levam de 13 a 26 minutos para viajar para a Terra. Assim, a equipe que opera a sonda não poderá intervir na inserção da órbita, ou seja, a operação terá de ser concluída 100% de forma autônoma.
Assim que a inserção for concluída, a Al Amal será eclipsada por Marte, não sendo possível fazer qualquer contato. Apenas após a sonda emergir do lado sombrio do planeta é que a comunicação será reestabelecida e a equipe poderá ter certeza que a manobra foi bem sucedida.
Satélite meteorológico
A maioria das espaçonaves enviadas para Marte tem a tarefa de analisar sua geologia, com imagens em alta resolução da superfície. Apenas alguns satélites como o Trace Gas Orbiter, da Agência Espacial Europeia, ou a sonda Maven, da Nasa, estão equipados para estudar a atmosfera do planeta.
Por isso, a Al Amal poderá ajudar os cientistas a compreenderem como o clima evolui ao longo do tempo. Chamada pelos Emirados Árabes como "o primeiro satélite meteorológico de Marte", a sonda deve monitorar o clima no planeta ao longo do dia por um ano e pode trazer informações sobre seus eventos extremos, como tempestades de poeira globais.
Em 2018, uma enorme tempestade tomou conta de Marte, interrompendo permanentemente a comunicação com o rover Opportunity, da Nasa.
A sonda Al Amal deve seguir um caminho elíptico ao redor do planeta, aproximando-se da superfície a cada 55 horas, o que permitirá que o veículo observe aproximadamente as mesmas partes em diferentes momentos do dia.
"Você é capaz de cobrir todos os horários locais, todas as áreas de Marte, e isso nos dá a consistência necessária para poder vir e dizer que cobrimos o ciclo do dia-a-noite para Marte", afirmou Sarah Verg Yousif Al Amiri, ministra de Estado das Ciências Avançadas dos Emirados Árabes Unidos, ao The Verge.
Após a missão Marte, os Emirados anunciaram que estão abrindo portas para jovens de países árabes participarem de um programa espacial de três anos. "Eles podem vir, ganhar experiência, ser vetores de mudanças para toda a região", afirmou a ministra.
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