Astronautas da Nasa devem voltar à Terra neste sábado; veja como assistir
Os astronautas norte-americanos Robert Behnken e Douglas Hurley iniciam neste sábado (1º) a viagem de volta à Terra, após dois meses vivendo na Estação Espacial Internacional (ISS).
A partir das 18h15 (horário de Brasília), a Nasa irá transmitir ao vivo a aventura dos dois, desde a despedida da ISS até o desafiador pouso no mar. A desatracação está planejada para as 20h34 de hoje. Tilt também acompanhará o evento ao vivo.
Eles retornarão a bordo da cápsula Crew Dragon "Endeavour", da SpaceX. O pouso no Oceano Atlântico está previsto para as 15h42 de domingo (2). A viagem entre a ISS e a Terra pode levar entre seis e 30 horas, dependendo da trajetória.
Há sete possíveis pontos de pouso na costa da Flórida: Pensacola, Tampa, Tallahassee, Cabo Canaveral, Daytona, Jacksonville e Panamá City. O escolhido dependerá das condições marítimas e meteorológicas (ventos, relâmpagos, chuvas) do momento, principalmente a movimentação do furacão Isaías, que se aproxima dos Estados Unidos.
É a primeira vez que astronautas pousarão no oceano desde 1975, no retorno da missão Apollo-Soyuz, uma parceria entre Estados Unidos e União Soviética.
Já se passaram 63 dias desde que Behnken e Hurley deixaram nosso planeta, no dia 30 de maio, em um lançamento histórico e bem-sucedido. Foi a primeira vez que uma companhia privada —a SpaceX— levou humanos à órbita.
Durante a estadia na estação, os dois realizaram trabalhos científicos e de manutenção, incluindo quatro caminhadas espaciais por fora da ISS, para fazer reparos em equipamentos e sistemas.
Mas o objetivo principal da missão, chamada Demo-2, é demonstrar a capacidade da cápsula Dragon em transportar equipes com segurança entre a Terra e o espaço. É um primeiro passo para viabilizar o plano da Nasa de realizar voos regulares para a estação, incluindo comerciais, experimentos privados e até turísticos.
Riscos da reentrada
O lançamento e atracagem na ISS são procedimentos mais simples do que o caminho inverso. As altíssimas velocidades e temperaturas que o veículo enfrenta ao retornar à nossa atmosfera configuram um dos maiores desafios da missão.
Primeiro, é preciso encontrar o ângulo correto para a trajetória. Se for muito agudo, a força-G (efeitos da gravidade) poderia ser fatal para os astronautas e/ou o atrito com o ar poderia fazer a cápsula explodir. Se for muito raso, ela poderia catastroficamente "quicar" na atmosfera e voltar sem controle ao espaço.
Com pequenas ignições de seus dois motores para corrigir a rota, a Crew Dragon entrará em nossa atmosfera superior a aproximadamente 27.000km/h (7,5 km/s). Isso é mais de vinte vezes a velocidade do som e gera uma enorme onda de choque e calor ao redor dela. Na fase mais extrema da reentrada, a temperatura pode ultrapassar 2.000°C. É por isso que vemos a cápsula incandescente.
Uma espécie de escudo térmico, feito do novo material PICA-X, da SpaceX, conseguiu proteger a Dragon com sucesso em todos os voos de teste. O escudo fica carbonizado, mas a cápsula permanece intacta.
Outro grande risco é a perda de conexão devido a instabilidades elétricas. Com o calor extremo, uma brilhante camada de plasma (uma espécie de nuvem eletrificada) recobre a nave e pode bloquear ou atenuar sinais de rádio. O maior problema não é simplesmente perder a comunicação com os astronautas, mas sim impossibilitar a navegação e controle remoto da cápsula.
As missões Apollo, por exemplo, sofreram com blecautes de comunicação que duraram muito mais que o esperado. No retorno da Crew Dragon, a Nasa estima que será impossível o contato com os astronautas durante seis minutos. Se algo der errado nesse tempo, está completamente nas mãos deles.
Por fim, o último momento tenso é o pouso com auxílio de paraquedas. A cápsula vai lançar cinco deles na etapa final da reentrada (dois aos 5,5 km de altitude e três a 1,8 km), enquanto desce em direção ao Oceano Atlântico, na costa da Flórida. Essa manobra já foi testada 27 vezes pela SpaceX e não deve enfrentar grandes problemas.
Para resgatar a Crew Dragon em alto mar, serão utilizadas duas embarcações. Depois, os astronautas seguem de helicóptero para terra firme, onde passarão por uma bateria de exames médicos.
Crew-1
Os custos da exploração espacial são reduzidos com o uso de foguetes reutilizáveis, como o Falcon 9, e com o "aluguel" de vagas nos lançamentos e de espaço na Estação Espacial Internacional.
Uma nova missão tripulada da Nasa, em parceira com a SpaceX, em breve deve levar mais quatro astronautas à ISS. A Crew-1 vai inaugurar oficialmente o programa comercial da agência, que prevê o pagamento de US$ 2,6 bilhões (R$ 13,56 bilhões) à companhia de Elon Musk por seis lançamentos.
Também há planos de turismo espacial, incluindo voos de gravidade zero, caminhadas em órbita, um hotel de luxo da Estação Espacial e futuras viagens à Lua.
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