Astronautas da Nasa já voltaram à Terra; veja como foi a chegada
Os astronautas norte-americanos Robert Behnken e Douglas Hurley estão de volta à Terra, após dois meses vivendo na ISS (Estação Espacial Internacional).
A cápsula Crew Dragon "Endeavour", da SpaceX, pousou às 15h48 (horário de Brasília) com sucesso no Oceano Atlântico, no Golfo do México, costa da Flórida. Os astronautas foram resgatados em alto-mar por barcos e levados de helicóptero para terra firme.
Esta foi a primeira vez que astronautas pousaram no mar desde 1975, no retorno da missão Apollo-Soyuz, uma parceria entre Estados Unidos e União Soviética.
Agora, Behnken e Hurley terão de se reacostumar com a vida em Terra firme: enjoos e náuseas são alguns dos sintomas após muito tempo vivendo "sem peso", na microgravidade da órbita terrestre.
Os dois saíram do nosso planeta há 64 dias, no dia 30 de maio, em um lançamento histórico, com o foguete Falcon 9, também da SpaceX.
Foi a primeira vez que uma companhia privada levou humanos para o espaço— e os trouxe de volta em segurança. E a primeira vez em nove anos (desde a aposentadoria do Ônibus Espacial) que astronautas partiram de solo norte-americano.
Com este feito, a Nasa agora pode iniciar seu projeto comercial na ISS, incluindo voos regulares para experimentos privados e até para turismo. Era esse o objetivo principal da missão, chamada Demo-2: demonstrar a capacidade da cápsula Dragon em transportar equipes com segurança entre a Terra e o espaço.
Durante a estadia na estação, Behnken e Hurley realizaram trabalhos científicos e de manutenção, incluindo quatro "spacewalks"— caminhadas espaciais por fora da ISS, para fazer reparos em equipamentos e sistemas.
Riscos da reentrada
A reentrada na atmosfera terrestre era o ponto mais crítico da missão. A Crew Dragon enfrentou altíssimas velocidades, temperaturas, forças e oscilações elétricas ao retornar para a Terra.
Primeiro, foi preciso encontrar o ângulo correto para a trajetória. Se fosse muito agudo, a força-G poderia ser fatal para os astronautas e/ou o atrito com o ar poderia fazer a cápsula explodir. Se fosse muito raso, ela poderia catastroficamente "quicar" na atmosfera e voltar sem controle ao espaço.
Com pequenas ignições de seus dois motores para corrigir a rota, a Crew Dragon entrou em nossa atmosfera superior a aproximadamente 27.000km/h (7,5 km/s). Isso é mais de vinte vezes a velocidade do som e gerou uma enorme onda de choque e calor ao redor dela.
Na fase mais extrema da reentrada, a temperatura ultrapassou 2.000°C. É por isso que vimos a cápsula incandescente. Uma espécie de escudo térmico, feito do novo material PICA-X, da SpaceX, protegeu a Dragon - o escudo em si ficou carbonizado.
Outro grande risco era a perda de conexão devido a instabilidades elétricas. Com o calor extremo, uma brilhante camada de plasma (uma espécie de nuvem eletrificada) recobriu a nave, podendo bloquear ou atenuar sinais de rádio. O maior problema não era simplesmente perder a comunicação com os astronautas, mas sim impossibilitar a navegação e controle remoto da cápsula.
Por alguns minutos, um pequeno e esperado blackout tornou impossível o contato com Behnken e Hurley— se algo desse errado nesse tempo, estava completamente nas mãos deles.
Por fim, o último momento do pouso foi na hora da abertura dos paraquedas enquanto descia em direção ao mar, no Golfo do México.
Crew-1
Os custos da exploração espacial são reduzidos com o uso de foguetes reutilizáveis, como o Falcon 9, e com o "aluguel" de vagas nos lançamentos e de espaço na Estação Espacial Internacional para experimentos privados.
Uma nova missão tripulada da Nasa, em parceira com a SpaceX, deve levar mais quatro astronautas à ISS em setembro: Michael Hopkins, Victor Glover e Shannon Walker, dos Estados Unidos, e Soichi Noguchi, do Japão.
A Crew-1 vai inaugurar oficialmente o programa comercial da agência, que prevê o pagamento de US$ 2,6 bilhões (R$ 13,56 bilhões) à companhia de Elon Musk, por no mínimo seis lançamentos.
Também há planos de turismo espacial, incluindo voos de gravidade zero, caminhadas espaciais, um hotel de luxo na ISS e futuras viagens à Lua.
*Colaborou Bruna Souza Cruz
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