Celular dos sonhos? Como o Fold ofuscou (de novo) lançamento da Samsung
Temos um novo celular dos sonhos no mercado. O Galaxy Z Fold 2 dominou o evento da Samsung da última quarta (5), ofuscando os poderosos Galaxy Note 20 e Note 20 Ultra. Só falta saber se, desta vez, o sonho vira uma realidade boa e menos traumática para a empresa sul-coreana.
Não é a primeira vez que um celular dobrável se destaca mais que um lançamento top de linha da Samsung: o mesmo já havia ocorrido com o Galaxy Fold original, em fevereiro do ano passado, mostrado com o Galaxy S10. O celular foi um marco como o primeiro aparelho de uma grande empresa com tela interna flexível no tamanho de um tablet e que se abre como um livro, mas virou uma dor de cabeça para a gigante dos celulares.
Na época, o smartphone aparentou ser lançado de forma acelerada para que a Samsung fosse a primeira a ter a tecnologia. Na semana seguinte, a Huawei trouxe o dobrável Mate X. Mas a correria não fez nada bem para a companhia.
O Fold original tinha data prevista de comercialização para abril, mas unidades enviadas para jornalistas testarem antes da chegada às lojas mostraram-se muito problemáticas. O fiasco fez com que ele fosse adiado para setembro, quando finalmente chegou aos consumidores. No Brasil, foi lançado em janeiro. O sonho virou pesadelo por um tempo.
O review que fiz do Galaxy Fold foi nessa linha: era um celular revolucionário que mudava a maneira como usamos smartphones, mas tinha um jeitão muito grande de protótipo. Mostrava falhas claras de design típicas de celulares feitos às pressas e que não combinavam com o preço de R$ 13 mil.
Passado é passado
Tudo indica que a abordagem da Samsung, agora, foi diferente. Para começar, ela lançou o Z Fold 2 um ano e meio depois do anúncio do primeiro modelo. Não faltou tempo para melhorar o aparelho.
Além disso, a empresa ficou mais experiente em telas dobráveis. No meio-tempo, houve o lançamento em fevereiro do Galaxy Z Flip, celular que já tinha um acabamento muito melhor do que o Fold. A dobradiça era melhor e a leve depressão no centro do produto, onde a tela é flexível, também ficou mais discreta.
Com tudo isso, o Z Fold 2 parece ter corrigido todos os principais defeitos da primeira versão —é, de fato, um dos celulares com mais mudanças entre uma geração e outra nos últimos tempos. As principais melhorias estão nos principais destaques do celular: suas telas.
No primeiro modelo, a tela externa era completamente estranha e até pouco útil: tinha 4,3 polegadas (10,9 cm) e era extremamente estreita, com bordas enormes tanto na parte de baixo quanto na parte de cima da parte frontal.
Já a nova versão vem com uma tela externa de 6,2 polegadas (15,7 cm) quase sem bordas e mais parecida com o que vemos na maioria dos celulares atuais, com apenas um furo na tela para uma câmera no topo. Quando aberto como um livro, a tela interna do celular tem enormes 7,6 polegadas (19,3 cm) —na versão anterior eram 7,3 polegadas (18,5 cm).
O design da tela externa também foi melhorado com uma alteração: sai o enorme entalhe no canto superior direito, que abrigava duas câmeras, e entra um entalhe único no topo do visor direito.
Eu gosto da ideia da Samsung do celular se abrir como um livro, diferente do movimento contrário que o Mate X faz. Isso mantém a tela interna preservada e sem riscos de arranhões ou quebras.
Tudo isso será somado ao que o celular já tinha de bom: ter um smartphone que vira um tablet é realmente, para mim, o que faz as telas flexíveis se justificarem. Você acaba tendo duas experiências com um mesmo produto e, ainda, resolve o problema de como fazer os visores crescerem, grande desejo dos consumidores.
Com o meu uso do Fold original, notei que passei a jogar mais com o celular e a consumir mais conteúdos. Não me importava tanto de ver um streaming no aparelho e não na TV, já que a tela do tamanho de um tablet é muito boa para isso.
Outro ponto que a Samsung diz ter melhorado é o tamanho do Z Fold 2. O original ficava bem "gordinho" no bolso quando estava fechado, chegando a 15,5 mm —praticamente o dobro dos celulares atuais. Na nova versão, foram cortados 1,8 mm e o espaço entre as duas telas também foi diminuído quando ele está fechado. Mais um ponto para o Z Fold 2.
A dobradiça original dele não me incomodou, mas a Samsung afirma ter reconstruído totalmente essa tecnologia para o novo aparelho. Uma das vantagens disso é a dobra parar em qualquer posição, como o Z Flip faz. Com isso, o celular pode virar um apoio para ele próprio. Para um aparelho do tamanho do Fold, parece ser uma boa ideia.
Mistérios causam desconfiança
Todas essas promessas devem ser encaradas com ressalvas e é necessário esperar para ver como o celular será na prática. Afinal, não dá para esquecer tão rápido o que ocorreu com o Fold original.
A Samsung ainda repetiu um mistério na apresentação que causa desconfiança. Ela falou por 14 minutos sobre o lançamento focando nas melhorias do design e nas correções das falhas, mas não entrou em outros detalhes específicos. Não foi um lançamento propriamente.
A empresa marcou para 1º de setembro a data em que dará mais detalhes sobre o smartphone. Isso deve ocorrer em uma conferência virtual antes da feira alemã de tecnologia IFA. Essa também é a data em que a pré-venda do smartphone começará para valer.
Todo esse mistério faz lembrar a primeira apresentação do Galaxy Fold: na época o celular chegou sem unidades à mostra após o evento e com a promessa de lançamento para meses depois.
O site XDA Developers disse ter tido acesso a algumas especificações do smartphone e ele parece ser poderoso: processador Snapdragon 865+ (o mais forte da Qualcomm atualmente), memória RAM de 12 GB, e por aí vai. Já o conjunto de três câmeras traseiras de 12 MP seria inferior aos do Galaxy S20 e Galaxy Note 20.
Resta esperar que o Z Fold 2 transforme a tecnologia de tela dobrável em algo funcional. Mesmo que por enquanto para poucos —não espere um preço muito abaixo de US$ 2 mil—, pode ser algo que finalmente mudará nossa relação com o celular de uma vez.
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