Datafolha: 87% dos brasileiros são contra rastreamento de conversas em app
Sem tempo, irmão
- Pesquisa indica rejeição popular à medida prevista no artigo 10 do PL das Fake News
- Levantamento também indica apoio à punição de financiadores de boatos nas redes sociais
- WhatsApp foi descrito como principal ferramenta de informação, comunicação e trabalho do país
Quase nove a cada dez brasileiros ouvidos em pesquisa do Datafolha sobre fake news e privacidade nas redes sociais são contra o rastreamento de conversas privadas em aplicativos como o WhatsApp. O estudo foi encomendado pelo Facebook (dono do WhatsApp) e divulgado nesta quinta-feira (6) com exclusividade a Tilt.
Um total de 87% dos entrevistados acredita que as pessoas têm o direito a usar o WhatsApp, Telegram e afins sem que suas mensagens possam ter a origem traçada.
Aprovado no Senado no final de junho, o projeto de lei 2630/2020 (o PL das Fake News) está em discussão na Câmara e prevê, em sua versão atual, que empresas armazenem por três meses os registros de mensagens encaminhadas em massa. Os registros, no caso, seriam metadados como data, hora e remetente do envio, mas não os conteúdos das mensagens.
A ideia é permitir que seja traçado o celular de origem de mensagens que viralizarem no WhatsApp —ou serviço semelhante— permitindo a identificação de quem lançou boatos na plataforma.
O resultado do Datafolha está de acordo com o que defendem partes da sociedade civil e empresas donas de plataformas nos debates sobre o projeto de lei. Na visão deles, este recurso pode prejudicar a privacidade e a liberdade de expressão de pessoas comuns. O próprio WhatsApp o chama de "tornozeleira eletrônica" para usuários do app, por achar que a exigência classificará todos eles como suspeitos.
Já parlamentares como o relator do texto no Senado, Angelo Coronel (PSD-BA), defendem que o rastreamento permite "poder voltar à origem, a quem cometeu o crime" em caso de mensagens de desinformação.
O levantamento do Datafolha foi realizado por telefone entre 16 e 20 de julho e teve abrangência nacional, com 1.533 entrevistados. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais e para menos, enquanto o nível de confiança é de 95%.
Documento para usar apps
Outro ponto controverso do PL é a obrigação de apresentação de documento de identidade (como RG ou CPF) para a criação de uma conta em redes sociais. Isso caiu no texto final aprovado no Senado, mas as empresas ainda podem pedir essa documentação em certos casos:
- Denúncias por desrespeito da possível lei;
- Indícios de contas automatizadas não identificadas como tal;
- Indícios de contas falsas;
- Casos de ordem judicial.
Segundo o Datafolha, 64% dos entrevistados acreditam que não deveriam ser obrigados a fornecer dados de documentos de identidade às plataformas. Do outro lado, 35% são favoráveis às exigências.
Sobre moderação de conteúdo, 68% dos entrevistados afirmaram que as empresas devem continuar removendo rapidamente materiais nocivos como violência explícita, exploração infantil e promoção de suicídio. Por outro lado, 28% apoiam o direito e tempo de defesa antes de eventuais remoções.
Maioria diz ter recebido boatos
A pesquisa também cobriu a importância e familiaridade dos entrevistados com conteúdos que aparentavam desinformar. Dos 1.533 entrevistados, 71% afirmaram ter recebido conteúdo duvidoso, ou falso, de parentes ou amigos.
O tema fake news, por sua vez, divide opiniões. Cerca de 45% dos entrevistados consideram este assunto relevante, enquanto 24% têm opinião contrária. Já a punição a financiadores de desinformação é apontada como importante por 80% dos entrevistados —apenas 7% discordam.
WhatsApp é principal app do cotidiano
Além de opinião sobre trechos do PL das Fake News, a pesquisa mediu o comportamento do brasileiro na internet. Dos 1.533 entrevistados, 94% disseram usar a rede para se informar, se comunicar ou trabalhar. O porcentual corresponde a cerca de 156 milhões de brasileiros.
O WhatsApp lidera os serviços usados para se informar (86% dos entrevistados), comunicar (92%) e trabalhar (64%).
No campo da informação, Google (75%) e YouTube (70%) foram o segundo e terceiro mais citados pelos entrevistados — o Facebook ficou em quarto, com 67%. Quanto à comunicação, email é o segundo mais usado, por 62% dos entrevistados, seguido de Facebook (60%) e Instagram (41%).
Para trabalhar, o email também é o segundo serviço mais usado por 46% dos entrevistados, com o Google ocupando a terceira posição (32%) e o Facebook a quarta (27%).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.