Aos 92 anos, estudante de arquitetura abraça a tecnologia para se formar
Em tempos de pandemia, o que mais se ouve é que é preciso se adaptar ao novo momento. E é isso que tem feito o estudante universitário Carlos Augusto Manço. Aos 92 anos, cursa o terceiro ano da faculdade de arquitetura e está se desdobrando para usar o computador para assistir às aulas online.
A dificuldade para digitar, os problemas de audição e a pouca familiaridade com o computador não abalam a vontade de Carlos em se tornar arquiteto. O morador de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, não conseguiu cursar o ensino superior quando era mais jovem.
Segundo ele, naquela época só havia curso profissionalizante na cidade. Quem queria cursar uma faculdade tinha que se mudar. "Eu não tinha condições financeiras naquela época para morar fora e estudar, então fiz o técnico para começar a trabalhar", diz.
Fez um curso técnico e durante 50 anos trabalhou com desenho urbano e ajudou a projetar obras. Mas foi deixando o desejo de cursar a universidade de lado para cuidar de outros afazeres. "Até que meu neto mais novo ingressou na faculdade e fiquei com vontade. Depois de um tempo minha esposa ficou doente e veio a falecer, e resolvi começar a faculdade aos 90 anos", diz.
Devido a pandemia de covid-19, as aulas presenciais da faculdade estão suspensas. Há mais de 90 dias o contato é só virtual.
O idoso está cumprindo quarentena na casa da filha, na Serra da Canastra, em Minas Gerais. A neta Isabella Bucci é quem o orienta com a tecnologia. "Ela me ajuda a entrar no sistema da faculdade. Estou aprendendo, mas ela já tem a prática e me auxilia", diz.
Quando precisa se aprofundar nas matérias, Carlos mantém sua independência estudando com livros e vídeos do YouTube. "Se precisar, consigo voltar, pois as aulas ficam gravadas", afirma.
Assim como nas aulas presenciais, é um aluno dedicado e faz questão de participar das atividades online. A rotina segue regrada durante o período de isolamento social. "Minha rotina não alterou em relação aos horários: acordo cedo todos os dias, assisto às aulas e alguns vídeos no YouTube. À tarde aproveito para estudar e fazer os trabalhos da faculdade. Minha dedicação é exclusivamente aos estudos".
O idoso, no entanto, lamenta a ausência de convívio social.
Sinto falta de encontrar os meus colegas de sala, os professores, ir para a faculdade. Também sinto falta de nos encontrarmos para fazer os trabalhos e realizar as visitas técnicas
Atento à situação provocada pela pandemia de covid-19, Carlos finaliza com um conselho: "Temos que manter a mente funcionando e lembrar que isso vai passar".
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